Como jornalista sempre achei chatice as teorias que criticam excessivamente a cultura de massa, o caos televisivo ou todo aquele papo de conspiração da Rede Globo. Bobagem. Sempre consumi novelas, Big Brother e telejornais da TV aberta, mesmo sendo cliente de TV por assinatura. Me considero esclarecida apesar do meu gosto por sertanejo. E, para mim, gente com discurso intelectual para tudo é muito chata.
Mas o assunto é outro, pois, nas últimas semanas, minha rotina de deitar cedo na cama com o meu filho e assistir televisão até pegar no sono tem particularmente me incomodado. Me considero moderna, até liberal, mas confesso que não estou conseguindo lidar com a tal ‘banalização da violência’, da homossexualidade, da transexualidade e tudo mais que assistimos depois das 21h.
Primeiro eu congelo, depois puxo assunto com o João para desviar o foco, mudo de posição, vou buscar uma água e já cheguei até mesmo a desligar a televisão do nada, no meio de uma cena onde o irmão transa com a mulher do seu irmão que, por sua vez, já tem outra namorada. Aff, que sufoco!
Como lidar com isso sem parecer uma louca na frente do seu filho? O João Victor, com seis anos, não quer mais assistir Peppa Pig. Já falei dos amiguinhos mais velhos do condomínio, né? Pois é, eles escutam funk no Youtube e o João sabe todas as letras. (É de chorar).
Tenho adotado o caminho de explicar quaaaaase tudo o que ele me pergunta e ignorado o restante, fingindo naturalidade. Só que ele comenta tudo, pega as coisas no ar e fala na minha cara como se soubesse que aquilo me traz uma tremenda saia justa.
Eu sei, eu sei que as mães intelectuais leem para seus filhos histórias especialmente construídas para estimulá-los, que essas crianças dormem em suas próprias camas e não veem novela. Mas eu estou falando com mães como eu, tá? Dá licença!
Será que essa quantidade de conteúdo adulto pode estimular alguma precocidade sexual?
Sei que ele não tem nem a experiência de vida e nem o desenvolvimento cerebral para diferenciar a realidade da ficção, mas aprisionar numa redoma seria o ideal? Tirar tudo da frente das crianças e permitir apenas os contos de fadas com príncipes e princesas?
Hoje não vou dar minha opinião sobre isso…
Como eu disse lá em cima, ainda estou incomodada com a situação e sem forças para uma mudança de atitude. Então, sigo rezando para ele dormir antes de ‘Os Dias Eram Assim’.