Foto: Divulgação / Tudo & TodasReper Karol Conka durante a Marcha do Orgulho Crespo
Rapper Karol Conka durante a Marcha do Orgulho Crespo

No dia 26 de julho ocorreu, em São Paulo, a 1ª Marcha do Orgulho Crespo, organizada pela Hot Pente, Blog das Cabeludas- cabelo crespo, Afro Hair, Black Power e Casa Amarela. A ação foi em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, que é celebrado (com muita luta) em 25 de julho. Segundo uma pesquisa feita em 2012 pela Kantar WorldPanel, para a Unilever…

51,4% das brasileiras são crespas e cacheadas e 30% destas assumem seus cabelos naturais.

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Foto: Arquivo Pessoal / Tudo & Todasd
Nos tornamos mais fortes quando nos aceitamos

O cabelo crespo está ditando moda. é tendência assumir os cachos. Entretanto, isso não muda o fato de que o racismo usa de muitas estratégias para nos abalar e nos humilhar. Uma estratégia muito recorrente é inferiorizar a beleza natural da mulher negra.

Desde crianças ouvimos coisas hostis sobre a cor da nossa pele e sobre o nosso cabelo. Já ouvi de cabeleireiras que o meu cabelo era seco, mal cuidado e que a única coisa que resolveria era um alisamento. Estar feliz com meu cabelo, expressar o meu poder através do meu Black ou das minhas tranças me torna mais confiante, me sinto mais bela e com certeza muito mais empoderada para lutar contra o racismo.

Vejo que a estética negra tem feito muito barulho e incomodado pessoas brancas, mas também algumas pessoas do movimento negro. Incomoda pessoas brancas que acham que marchar pelo orgulho crespo é perder tempo e que é algo que nos coloca numa posição ‘inferior’. Já, para algumas pessoas negras, marchar pelo orgulho crespo pode tirar o foco de lutas ‘mais importantes’ dentro do racismo.

Mas acredito que, quando nos aceitamos e afirmamos aquilo que somos, nos tornamos ainda mais fortes pra lutar e forjamos uma geração que está vindo depois de nós a não baixar a cabeça pra ninguém que ouse dizer que o nosso cabelo ou a nossa pele é ruim, é Bombril, é carvão, é feio.

Representatividade importa. Sempre! Precisamos nos ver em capas de revista de moda, em catálogos, em desfiles, na TV, no jornal, em tudo. E se a crespa quer se empoderar através do cabelo, deixa ela. Ela só vai conseguir lutar pelo seu povo quando se reconhecer nele e se orgulhar de tudo que ela é.

Vamos assumir os crespos e dar as mãos pra lutar. Vamos mudar de vez os padrões de beleza. Vamos usar o Black lá no teto e incomodar o racista até que ele recue. Mas que nós avancemos! Que sigamos sempre em frente e viremos referência em tudo.

O nosso cabelo é resistência, ele é ancestralidade. O nosso cabelo cresce pro alto e desafia a gravidade. O que pode ser mais representativo que isso?!

 Preta, você é linda! Com seu Black, sua trança, seu turbante, seus dreads. Como você se sentir bem. A sua raiz é a sua força!

E não esqueça: em terra de chapinha quem tem cachos (e crespos) é rainha!