Mais uma vez, o racismo volta a ser pauta no Brasil. Agora, em pleno programa, ao vivo, da Rede Record.

No último dia 9 de janeiro, segunda-feira, o apresentador do programa ‘Balanço Geral’ de Brasília, Paulo Ribeiro de Moraes, o Marcão do Povo, ao divulgar uma notícia sobre a cantora Ludmilla, na qual supostamente ela não estaria atendendo seus fãs, a chamou de ‘macaca’:

“Não dá para entender. Era pobre e macaca, pobre, mas pobre mesmo.”

Após o ocorrido, a Rede Record manifestou-se no Twitter, defendendo o apresentador:

Referente ao caso que está sendo divulgado nas redes sociais e em alguns veículos, a RecordTV Brasília e o Balanço Geral informam que não…

— Balanço Geral DF (@BalancoGeralDF) 17 de janeiro de 2017

…apoiam quaisquer tipo de preconceito, independente de qual seja. Temos a plena certeza de que o apresentador @MarcaoTV apenas utilizou…

— Balanço Geral DF (@BalancoGeralDF) 17 de janeiro de 2017

…uma expressão regional para se manifestar, sem o intuito de ofender a cantora Ludmilla ou qualquer outra pessoa.

— Balanço Geral DF (@BalancoGeralDF) 17 de janeiro de 2017

A expressão popular a que se referem é ‘macaco velho’, utilizada para descrever alguém com muita experiência em alguma área, por exemplo: “Maria é macaca velha na área da pedagogia, são mais de 30 anos na educação.” 

No entanto, no vídeo em que Marcão do Povo aparece referindo-se à Ludmilla, fica claro que não há nenhuma ligação com o termo ‘experiência’, o que leva à conclusão de que, na verdade, o termo utilizado foi de cunho racista. 

Após ver o que tinha acontecido, a cantora se manifestou no Instagram, dizendo que “infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime” e que não vai deixar a situação passar despercebida:

“[…] alguns ainda usam o espaço na mídia para noticiar mentiras a meu respeito, ofender, menosprezar e propagar todo o seu ódio. Não deixaremos impune tais atos, trata-se de um desrespeito absurdo, vergonhoso. Fica evidente que esse cidadão @marcaoapresentadortv não possui nenhum pudor ou constrangimento em ofender alguém em rede nacional. Como já foi dito por Paulo Autran: “todo preconceito é feito da ignorância”, visto que os racistas não possuem um conhecimento de moralidade, tratando sua própria cor de pele como superior e única. Isso tem que ser combatido e farei a minha parte, quantas vezes for necessário.”

Em entrevistas para outros veículos de comunicação, o empresário de Lud contou que ela vai entrar com um pedido de prisão de Marcão. O acontecimento causou revolta entre os brasileiros, que subiram a hashtag #ProcessaLudmilla no Twitter:

Só tenho uma coisa a dizer: #ProcessaLudmilla

— ✌ Vinícius Augusto ☮ (@ViniciusAugust7) 18 de janeiro de 2017

“O racismo não é um problema dos negros, mas da sociedade brasileira”#ProcessaLudmilla

— L e o n a (@LeonaDivaa) 18 de janeiro de 2017

E esses racistas que não aprendem …O mundo tem várias cores irmão ,e todas são lindas ..😡👊#ProcessaLudmilla

— douglasoliver (@douglasoliver99) 18 de janeiro de 2017

Ser negro não é um problema, o teu preconceito sim!Respeito é necessário na sociedade atual, entenda#ProcessaLudmilla

— Victor Oliveira (@Vitu_Oliiveira) 18 de janeiro de 2017

 

Desde 1989, atos de discriminação por raça e cor são considerados crimes no Brasil, prevendo penas que variam de um a cinco anos de prisão para crimes de racismo (quando dirigidos a uma coletividade) e para injúria racial (artigo 140 do Código Penal), o ato de ofender a honra de alguém específico por causa de sua raça, cor, etnia, religião ou origem. 

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