Desde o nascimento, somos levados a nos comunicar com os outros através de gestos, olhares e, principalmente, através da fala. No entanto, o que é banal para alguns pode ser uma tarefa mais complicada para outros. Crianças, jovens e adultos são expostos a vários momentos em que se faz necessário a fala em público, é preciso ser encorajado e todos os momentos valorizados, a comunicação deve ser vista como uma conquista e um treino, que ocorre desde cedo. Muitos que são vistos na infância como extremamente tímidos ou inibidos podem levar até a vida adulta toda essa dificuldade, e quando inseridos no mercado de trabalho, a situação se agrava, pois, qualquer relação de trabalho depende para o sucesso uma comunicação efetiva. E sobre esse assunto, a oratória, uma boa dicção e as atribuições para um bom orador falarei hoje neste post.
Uma boa oratória serve para inspirar, motivar ou até mesmo influenciar e convencer a quem o discurso se destina. E engana-se quem pensa que as técnicas de oratória são úteis apenas em eventos protocolares, como palestras e conferências. Elas ajudam em diferentes circunstâncias da vida, especialmente no mercado de trabalho. Podemos não perceber, mas utilizamos a oratória todos os dias, em qualquer situação. Seja com nossos amigos, familiares, no trabalho…
A comunicação é uma ferramenta que anda lado a lado com a nossa vida em sociedade, logo, o desempenho de uma boa fala é essencial no mundo dos negócios e nas relações interpessoais. Falar de forma adequada e eficaz requer clareza e objetividade. Externar uma mensagem que seja entendida pelo ouvinte. Um elemento chave deste processo é a voz.O orador que se utiliza adequadamente de seu instrumento (voz), dá existência e expressividade à comunicação. A forma como articula as palavras pode ser o fator que influenciará a audiência. Além disso, é por meio da dicção que o orador se revela.
>> A importância da boa dicção
A dicção é a pronúncia do som das palavras, das sílabas e das letras na fala. A fala de qualidade contempla uma dicção clara e precisa. A dicção deve ser educada, corrigida, tratada e aperfeiçoada.
Melhorar a dicção requer vontade, disciplina e trabalho. A boa dicção é um hábito, que se adquire com preparo e treino.
Três fatores estão envolvidos na dicção: respiração adequada, aquecimento dos músculos faciais e aquecimento da língua. É preciso aprender a relaxar, respirar corretamente e articular adequadamente as palavras.
Existem alguns exercícios para fortalecer e aprimorar a sonoridade da voz, que atribuem fluidez ao discurso do orador. Nestes treinos, estão envolvidos métodos de respiração adequada, aquecimento da língua e dos músculos faciais. Todas as técnicas devem ser sempre aliadas ao relaxamento diante do discurso e articulação pausada de cada palavra.
Conheça agora 5 dicas recomendadas por profissionais da fonoaudiologia que irão potencializar sua capacidade oratória e atribuirão muito mais credibilidade aos seus discursos:
1- Relaxamento de voz
Para que se faça um discurso bem claro e articulado, a primeira lição é trabalhar no relaxamento da voz. Uma voz relaxada afasta o tom de pressa da oratória, atribuindo credibilidade e segurança às informações proferidas. Imite o ‘som da abelha’ (o som ‘hummmm’) com a boca fechada, ao longo de um minuto. Sinta a vibração constante no nariz e na boca, responsável pelo relaxamento.
2 – Atividades com trava-línguas
A ideia do exercício é trabalhar a articulação da língua e dos músculos bucais para conseguir pronunciar palavra por palavra de maneira clara, sem inverter sílabas e nem emendar o fim de uma palavra ao começo da seguinte. Experimente ler em voz alta as seguintes frases, sempre se desafiando a aumentar o ritmo:
– Os gêmeos do general Gilberto, gênios em geologia, gesticulavam geralmente junto da gente.- Joana, a joaninha, enjoada de jantar jiló, jaca e berinjela; resolveu dar um jeito, foi falar com Juca e pediu sua sugestão. Juca, muito jeitoso, sugeriu ligeirinho: que tal jambo e jabá?- Cabelos cobriam corpos cálidos, caídos em catadupas candentes.
Outra boa ideia é treinar a pronúncia destas frases segurando um pequeno objeto (um lápis é uma boa opção) com a boca, para exercitar ainda mais a desenvoltura dos movimentos da fala.
Faça a experiência de falar em ritmos, propósitos e emoções diferentes. Quanto mais opções testar, mais conhecimento terá da sua voz e dos pontos a melhorar.
3 – Faça movimentos faciais
Os movimentos faciais que desempenhamos durante a fala são completamente automáticos, o que contribui para alimentar vícios de pronúncia que podem comprometer a qualidade de nossa oratória. O exercício de exagerar nos movimentos da fala tem o propósito de nos fazer prestar atenção aos parâmetros (tamanho da abertura da boca, inclinação, posicionamento da língua) mais adequados para uma fala sem ruídos. Além disso, os movimentos exagerados contribuem para a tonificação da musculatura bucal e facial, facilitando a clareza da pronúncia. Separe meia hora do seu dia para realizar leituras articulando os músculos da face com força e, em seus próximos discursos, notará que sua boca estará mais móvel e, sua oratória, mais fluída.
4 – Exercite a pronúncia das sílabas isoladas
Uma das características mais marcantes de um discurso inseguro é a pronúncia abreviada das sílabas. Quando se tem pressa para terminar um diálogo ou uma palestra, as sílabas inevitavelmente saem sobrepostas umas às outras e isso transmite insegurança e falta de domínio do conteúdo para os ouvintes. Para que os interlocutores sintam credibilidade naquilo que você fala, é essencial que cada sílaba seja articulada corretamente.
5 – Exercite a respiração correta
Se a respiração permanecer no ritmo errado e pelas vias erradas, de nada adianta treinar a pronúncia perfeita de cada um dos fonemas. A fala nada mais é do que a passagem de ar pelas cordas vocais, logo, a respiração influencia diretamente no seu desempenho e qualidade. Aulas de canto e oratória ensinam alguns exercícios simples para fazer da respiração uma aliada da boa dicção: Para exercitar a respiração diafragmática, deite-se com os pés levemente afastados, uma das mãos sobre o peito e outra logo abaixo das costelas. Inspire e expire profundamente, concentrando-se em fazer com que a mão posicionada abaixo da costela seja elevada mais do que a mão de cima durante a respiração. Esta elevação indica uma movimentação completa do diafragma;
Coloque-se de pé, com as pernas alinhadas aos ombros, e inspire profundamente, de modo a inflar ao máximo a região do diafragma. Ao expirar este ar, emita o som da letra “F”, de maneira lenta e contínua.
Outra dica valiosa é observar os bons oradores, perceber o que mais chama a atenção, ou até mesmo o que não deve chamar a atenção quando se quer que o público fique atento ao conteúdo e não a você – sua roupa, o excesso de movimentos corporais ou até mesmo um brinco exagerado pode sabotar um potencial orador! De que adianta estar com o discurso na ponta da língua e ninguém prestar a atenção no que quer dizer!
Saber construir bem seus pensamentos e trabalhar seus argumentos de forma clara pode parecer, para muitos, um dom. Mas, na verdade, a boa dicção e a oratória são frutos de exercícios diários e de hábitos desenvolvidos ao longo da vida. Ler em voz alta, por exemplo, é um hábito que, além de expandir sua criatividade, também te ajuda a articular melhor suas frases e transformar seus pensamentos em argumentos fáceis de compreender.
Gosto muito dessa citação de Daniel Webster e divido com vocês:
“Se uma providência inescrutável tivesse de me tomar todos os meus talentos e capacidades, restando-me a escolha de conservar apenas um, eu pediria, sem hesitar, que me fosse concedido conservar o ‘Poder da Fala’, pois através dele eu rapidamente recuperaria todo o resto”
Então pessoal, vamos treinar?!