Nesta semana, uma polêmica surgiu na internet acerca da Universidade de São Paulo (USP).

Após o professor de química aposentado da mesma, Gilberto Chierice, que coordenou pesquisas com a fosfoetanolamina sintética, divulgar e distribuir a susbtância como uma suposta cura para o câncer há algum tempo, a Universidade se viu sob pressão pela Justiça; que, através de liminares judiciais e de muita indecisão, obrigou, na última sexta-feira, 9, a instituição a fornecer o produto para todos que o solicitarem; e divulgou um comunicado esclarecendo algumas coisas.

Foto: Divulgação / Tudo & TodasCápsulas distribuídas pela USP
Cápsulas distribuídas pela USP

Na nota, a Universidade diz que “essa substância não é remédio”, e que “foi estudada na USP como produto químico”, não tendo sido desenvolvidos “estudos sobre a ação do produto nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados em humanos”. Além disso, a USP deixa claro: “Não há registro e autorização de uso dessa substância pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e, portanto, ela não pode ser classificada como medicamento, tanto que não tem bula.”

Tudo isso ganhou imensa atenção e tomou grandes proporções porque a substância, a fosfoetanolamina, estava sendo distribuída de forma gratuita por funcionários do campus da universidade em São Carlos, SP, até que uma das portarias do Instituto de Química restringiu a distribuição. Desde então, surgiu uma disputa judicial pela liberação da substância, tendo resultado na última semana, e inúmeras pessoas têm formado filas para retirar o produto gratuitamente no campus da cidade, indo contra as recomendações de médicos especializados na área.

Por isso, pela grande procura do “medicamento” na Universidade, a USP acrescentou ao comunicado que “não é uma indústria química ou farmacêutica” e que “não tem condições de produzir a substância em larga escala para atender às centenas de liminares judiciais que recebeu nas últimas semanas”. Ainda, a Universidade ressaltou que “a substância fosfoetanolamina está disponível no mercado, produzida por indústrias químicas, e pode ser adquirida em grandes quantidades pelas autoridades públicas”, não havendo “nenhuma justificativa para obrigar a USP a produzi-la sem garantia de qualidade”.

Por fim, a USP declarou que, conforme pode, irá cumprir as decisões judiciais, e que está investigando o suposto envolvimento de professores e funcionários da Universidade na divulgação de “informações incorretas” a respeito da susbtância. 

Vale lembrar que, para um novo remédio ser aprovado, é preciso passar por, pelo menos, três fases de estudos em humanos, para avaliar se funciona, se é seguro e quais são os efeitos colaterais. E a fosfoetanolamina só passou por estudos iniciais em células e animais.