Dois corações que batem em mim agora e em breve dois corações do lado de fora do peito: A Melissa e o Matheus.
Quem convive conosco sabe que o segundo filho era uma possibilidade incerta, já que o Régis passou por um processo quimioterápico em 2015. Mas para nossa surpresa, no início desse ano fomos abençoados com essa novidade.
A Melissa ficou animadíssima, afinal, já vinha nos ‘pedindo’ um maninho. Não sei se animada por ter um bebê de verdade para embalar como as bonecas ou por ter um igual como ela para dividir as alegrias de ser uma criança. Independente do que a tenha entusiasmado a verdade é que ela vem assumindo a cada dia o lugar de irmã mais velha, mesmo que não aceite que eu a denomine como tal, pois ela mesmo me diz, com a testa franzida: “Eu sou nova ainda”, rsrsrs.
Ao mesmo tempo percebo que ela vem se sentindo insegura, me querendo cada vez mais perto, pedindo que eu dê o banho, que eu deite com ela no quarto para dormir, que eu a leve para a escola, etc, tarefas que sempre foram divididas com o Régis e minha mãe, conforme nossos horários de trabalho.
Na segunda gravidez eu me sinto mais cansada, talvez pelo ritmo de trabalho e pelo fato de já ter uma filha. O apoio da minha família, do Régis e da minha mãe tem sido muito importantes para que eu tenha com quem dividir algumas tarefas e encontrar um tempo para descansar.
O fato é que poder ter um igual na família, alguém com quem dividir as angústias de filho, as broncas de mãe, os segredos da vida, é uma experiência fascinante. Nada irá nos garantir como as coisas serão no futuro, até mesmo porque laços de sangue não garantem laços de amor. Porém acredito que eles terão uma oportunidade facilitada, e a consequência será o que farão com isso.
Eu tive na vida a oportunidade de ter dois tipos de irmãos: um de sangue, o Ricardo, que mora longe mas está sempre perto do coração; duas do coração, a Gabriela e a Carolina, que moram perto e compartilham comigo a vida, laços de afeto que cresceram sem laços de sangue. Espero que a Melissa e o Matheus criem laços de afeto, para que vivam essa oportunidade da forma mais plena e linda possível.
Quando a Melissa conversa com ele na minha barriga e ele se mexe, ou quando ela dá uns assoprões para ele acordar, já vejo sendo construído os primeiros fiozinhos condutores dessa relação de afeto. Ela sempre diz que deixou um pirulito na minha barriga para ele, e ás vezes se desenha dentro da minha barriga para me dizer que esse lugar também é dela. Na verdade, mal sabe ela que o amor de uma mãe nunca se divide, mas sim se multiplica milhares de vezes pelos filhos.