O mercado de trabalho sofreu mudanças sociais e econômicas, com a pandemia do coronavírus. Diante da situação, tem sido necessário se reinventar e buscar novas alternativas para manter a produtividade nos negócios e enfrentar os reflexos da crise. Para fazer a ‘máquina’ voltar a girar, as empresas são obrigadas a adotar novas alternativas de trabalho com o propósito de reduzir os custos, sem perder a essência dos serviços.
Doutora em Desenvolvimento Regional, a diretora de ensino de graduação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Giana Diesel Sebastiany, destaca as principais mudanças que ocorreram nos últimos meses, com aceleração do uso da tecnologia, os impactos causados pela crise no mercado de trabalho e as soluções para as empresas se manterem produtivas nesta nova realidade.
Folha do Mate: Quais as principais mudanças no mercado de trabalho que ocorreram durante a pandemia?
Giana Diesel Sebastiany: A maior mudança ocorrida, no meu entender, foi a aceleração do uso de tecnologias para desenvolver atividades no (do) trabalho. O exemplo de home office, vendas delivery e tele-entrega, entre outros, exigiu uma rápida adaptação de empresas e pessoas quanto ao uso de softwares, hardwares, bem como criatividade no emprego de redes sociais e outras formas de mídia com a finalidade produtiva.
Quais os reflexos disso? Como esses novos modelos de trabalho vão impactar o futuro?
Acredito que o maior reflexo é, de fato, a imediata incorporação das ferramentas tecnológicas no cotidiano e a sua transformação exponencial, alavancada pela necessidade de soluções rápidas para um contexto com transformações também muito rápidas e de impacto global. Das muitas lições que podemos tirar dessa situação, a percepção da criatividade, da solidariedade, do trabalho em equipe, da interdisciplinaridade na análise de problemas são aquelas que considero positivas. Definitivamente, rompemos com a forma cartesiana, previsível e unidimensional de encarar o mundo.
Em meio à crise, destacaram-se muitos exemplos positivos, inclusive, com trabalho voluntário. Qual a importância das parcerias neste momento?
O fato da crise ter unido pessoas, demonstrado ações e trabalhos voluntários nos mostra a esperança de que podemos, juntos, enfrentar grandes problemas. Somos naturalmente seres sociais, temos o compromisso solidário com a preservação da vida no planeta, quando nos vemos ameaçados, nossa capacidade de encontrar respostas se multiplica e tendemos a nos conectar com aqueles que podem pensar e agir conosco.
Com o passar dos anos, muitas profissões vão se reinventando. Ao que o profissional e o empreendedor precisam estar atentos para conseguir se adaptar e permanecer no mercado?
Algumas profissões vão naturalmente desaparecendo, com a evolução tecnológica. Nem todas as áreas tem a possibilidade de se manter, mas a reinvenção das pessoas e suas possibilidades de atuação em diferentes setores do mercado sempre é possível. Gosto muito de uma frase do Mario Quintana sobre indagações, que me parece perfeita para esse cenário: “A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas”.
O profissional que souber perguntar e se dedicar a encontrar respostas, não se contentando com o óbvio, é aquele que certamente tem um grande futuro. É essencial que reconheçamos a inexistência de uma única resposta. Momentos complexos também exigem um pensamento complexo, somente possível através da capacidade de formularmos perguntas.
Qual dica você daria para os empreendedores neste momento de crise e dificuldade econômica?
Pense, estude, crie, tenha ideias, descarte aquelas que não são viáveis, sobretudo, mantenha-se em movimento. A crise pode se tornar uma oportunidade se a pessoa conseguir se manter em movimento, o que não necessariamente é fácil.
“O profissional que souber perguntar e se dedicar a encontrar respostas, não se contentando com o óbvio, é aquele que certamente tem um grande futuro.”
GIANA DIESEL SEBASTIANY – Doutora em Desenvolvimento Regional