Desde a infância, ela convive no meio da educação. A vocação para ser professora está no sangue de Adriana Dornelles Jantsch Kroth, 49 anos. Sua mãe e suas quatro irmãs também atuam como docentes. Atualmente, a professora está se aposentando do cargo no Município, mas segue atuando na Escola Estadual de Ensino Médio Adelina Isabela Konzen, pelo Estado.
Ela conta que já frequentava a escola quando sua mãe ia dar aulas e se alfabetizou cedo, aos 5 anos. “No final do ano tinha uma prova, na qual eu tirei o primeiro lugar e ganhei o diploma ‘Eu já sei ler’”, relembra. Quando criança estudou nas escolas São Sebastião e Rural de Estância Mariante, ambas não existem mais, também frequentou a Escola Cônego Albino Juchem e depois fez o Magistério, no antigo Colégio Aparecida.
Durante o estágio do Magistério, como ainda não havia se formado, por via judicial, Adriana conseguiu ingressar na faculdade de Pedagogia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Comecei a faculdade e fiz estágio pelo magistério. Minha primeira experiência como professora foi aos 17 anos, na Escola Professora Rosina Schauenberg, em Rincão de Souza. Eu tinha como titular minha irmã Gladis.”
Conforme Adriana, sua atuação na rede municipal começou antes de terminar a graduação, em agosto 1989, quando ela foi chamada para assumir o concurso de magistério do município. No dia 11, do mesmo mês começou a trabalhar na Escola Tiradentes, em Picada Mariante, que hoje já cessou. Posteriormente, passou por outras escolas da rede municipal. Dentre toda as instituições educacionais que Adriana trabalhou, ela destaca a Dois Irmãos, escola em que foi vice-diretora, a qual foi a última que atuou, pois em maio do próximo ano assina a aposentadoria pelo Município.
Na Escola Dois Irmãos ela viveu uma experiência diferente: trabalhou com Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Foi muito gratificante pois a maioria alunos está ali realmente por vontade de aprender, porque não tiveram oportunidade antes. São pessoas especiais e, também alguns adolescentes requerem diálogo constante a fim de que aproveitem a oportunidade que a escola oferece. É uma conversa transparente, pontual e de boa relação.”
A Escola Tenente Coutinho, em Linha Mangueirão, foi a primeira experiência da professora quando, em 1995, foi aprovada no concurso do Estado. Um ano depois, foi transferida para a escola Adelina Isabela Konzen, onde no momento exerce a função de diretora. Sobre a escola Adelina, ela comenta que é um lugar que todos os professores, alunos e funcionários são empenhados, trabalham com o mesmo objetivo. “Temos uma comunidade muito presente na escola, o CPM, o Conselho Escolar, o Grêmio Estudantil e Cipave são muito participativos”, salienta. A professora também destaca que atualmente as crianças estão precisando de mais atenção. “Sempre coloco nas reuniões com os docentes que é muito importante ter empatia com o aluno e procurar ajudá-lo, no contexto cognitivo e emocional de cada um. Complementamos os princípios, virtudes e valores que trazem da sua base familiar”, comenta.
Entre tantas histórias que marcam a profissional, ela destaca uma que envolve um menino que foi transferido da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) para a escola Bento Gonçalves. Ela dava aula para o 2º ano. O aluno tinha atraso cognitivo significativo e, segundo Adriana, todos diziam que ela teria muita dificuldade para alfabetizá-lo. A professora diz que foi um desafio, mas que conseguiu fazer o seu trabalho. “O menino entrou dia 2 de abril e em outubro já sabia ler. Foi uma imensa felicidade poder ajudar, ensinar e aprender com ele. Eu recebi muito reconhecimento de minhas colegas e dos pais. Neste ano, ele se forma na escola, eu acompanhei a trajetória dele com muito carinho e sei que é recíproco. Vai ser muito emocionante entregar o certificado de conclusão para ele”.
Feliz na carreira que escolheu, a professora ressalta que sempre quis trabalhar com educação e nunca se arrependeu da escolha. “Trabalhei em escolas maravilhosas, com ótimos colegas e tenho muitas lembranças. Afinal, deixei história e levei história de cada comunidade que trabalhei e de cada aluno que tive o privilégio de fazer parte da sua vida estudantil”, diz.
Para as pessoas que sonham em atuar nessa área ela lembra que é um desafio, mas que vale a pena. “Tem que ter muita dedicação, estudo, comprometimento e hoje muita resiliência para enfrentar os obstáculos diários da educação.”
“Para o Dia do Professor desejo muita luz e sabedoria a todos os docentes. Que nossa profissão seja mais valorizada e reconhecida pela importância ímpar que tem, no aspecto cognitivo e na remuneração justa e íntegra. Que os professores continuem acreditando em uma educação verdadeira e, que tenham um final de 2019 com luz e sucesso.”
Seguindo os passos da mãe
Adriana é mãe de duas meninas, Victória Kroth, 22 anos e Isadora Kroth, 15 anos. A filha mais velha decidiu seguir os passos das mulheres da família, ser professora. “Sempre achei que ela iria para a área das exatas. Ela pensava em cursar engenharia ou arquitetura” conta.
A menina estudava no último ano do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), e ainda não sabia qual graduação iria fazer. Foi em uma noite, quando a família estava tomando café que ela contou que também queria ser docente. “Ela disse: decidi o que vou cursar, quero fazer pedagogia. Eu estava de pé, me agachei e levantei muito rápido. Passou um filme na minha cabeça, sobre a profissão. Mas eu disse: minha filha, a educação precisa de pessoas determinadas e responsáveis assim como você. Vá em frente e seja feliz na sua escolha, tem todo nosso apoio”, lembra, orgulhosa.
Hoje, Victória está cursando Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Neste semestre, está está fazendo a chamada ‘mobilidade Acadêmica’ na UFBA, em Salvador. Já Isadora, a filha caçula, que ainda está no Ensino Fundamental (9º ano) ainda demonstra dúvidas. Segundo a mãe, ela se identifica com a área médica. “O que realmente me importa é ver ambas felizes, independente da escolha profissional.”