Desde dezembro, o motorista do caminhão-pipa da Prefeitura de Venâncio Aires, Fabiano Moraes da Costa, 37 anos, percorre diariamente diferentes localidades do interior para levar aquilo que está em falta: a água. Com a falta de chuva, a chegada do caminhão na propriedade da família de Ueslei Spelier, 21 anos, é sinônimo de alívio. No poço, localizado ao lado da residência em Taquari Mirim, são depositados aproximadamente quatro mil litros de água.
A quantidade de água, deixada pela terceira vez em menos de quatro meses, na propriedade de sete hectares, garante um mês de abastecimento à família Spelier. No entanto, desde o início da estiagem algumas atividades diárias foram cortadas. Uma delas é irrigação da horta, que começa a mostrar os sinais da falta de chuva e castigo pelo sol forte.
No distrito de Vila Estância Nova, duas famílias foram abastecidas. Cada uma recebeu aproximadamente quatro mil litros de água. Na casa de Airton Spelier, 49 anos, a água que chega de caminhão “está sendo utilizada de forma econômica” para tomar banho, lavar roupas e dar aos porcos. “A gente usa, mas poupa, não dá para usar nem muito para lavar roupa”, afirma.
Distribuição
• A água que é levada para as famílias pelo caminhão-pipa é abastecida no Parque Municipal do Chimarrão. Conforme o motorista da Prefeitura, Fabiano Moraes da Costa, são feitos de três a cinco abastecimentos por dia. “Tudo varia de acordo com a localidade em que estão as famílias necessitadas”, pontua. O abastecimento completo do caminhão com capacidade para oito mil litros de água leva de 30 a 35 minutos.
LEIA MAIS: Emergência homologada pelo Estado
DADOS
- De acordo com dados informados pela Prefeitura Municipal de Venâncio Aires no Decreto de Emergência, foram 7,5 mil pessoas atingidas diretamente pelos efeitos da estiagem.
- Além da falta de água para consumo humano e animal, há referência para níveis críticos de açudes, sangas e do arroio Castelhano.
- Com a vegetação extremamente seca, pelo menos 40 queimadas foram atendidas até o envio do Decreto de Emergência ao Governo do Estado. Um documento do Corpo de Bombeiros, que confirma as ocorrências, foi anexado.
- Em relação a danos ambientais, o decreto sustenta que entre 10% e 20% da população de Venâncio Aires foi prejudicada com poluição ou contaminação da água. O mesmo percentual é informado no que se refere à diminuição ou exaurimento hídrico.
Castelhano
• Na tarde de quarta-feira, 5, a reportagem da Folha do Mate circulou por algumas localidades do interior e flagrou pontos do arroio Castelhano com nível muito baixo. Sob as pontes do Cerrito e do Passo da Cananéa, a água segue seu fluxo, mas é possível ver bancos de areia e muitas pedras que, normalmente, ficam submersos.
• Coordenador da Defesa Civil, Dário Martins salienta que o momento é de preocupação pelo fato de que produtores de arroz e soja precisam de água para irrigar as lavouras, o que deve contribuir ainda mais para a redução do nível do manancial. “Tivemos encontros com os produtores e pedimos que sejam conscientes”, afirmou.
“Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro de Venâncio Aires, que é o arroio Castelhano. Além da água para a população, ele é responsável pela irrigação das lavouras e mantém o equilíbrio da nossa fauna e mata ciliar.”
DÁRIO MARTINS – Coordenador da Defesa Civil
*Colaborou Carlos Dickow e Cláudio Weschenfelder