Iniciativa que alia sustentabilidade, consciência ambiental e educação, o programa Biodigestores nas Escolas, da Prefeitura de Venâncio Aires, tem se mostrado um grande parceiro do Executivo, da comunidade e dos educandários. Atualmente, a ferramenta está instalada e em funcionamento em 19 instituições da Capital do Chimarrão. Destas, nove são Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), nove em Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) e uma é Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF).
Segundo levantamento feito pela reportagem do Jornal Folha do Mate e Rádio Terra FM, diariamente as escolas, somadas, processam, pelo menos, 97 quilos de restos de alimentos, desde cascas de frutas até pedaços de carne, que recebem a destinação correta e beneficiam o meio ambiente. No mês, a pesagem ultrapassa a marca de duas toneladas. Para o cálculo, no entanto, foram considerados apenas 17 educandários. Isso porque a Emef Narciso Mariante de Campos não possui dados sobre a quantidade de resíduos colocada na ferramenta e, na EEEF Professor Pedro Beno Bohn, de Vila Arlindo, o biodigestor foi instalado recentemente, no dia 10 de julho.
Para o secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal, Gustavo Von Helden, o biodigestor também é um aliado das contas públicas da Prefeitura. “Esse trabalho, se utilizado na sua plenitude, pode gerar uma boa economia para o município que deixa de transportar esse resíduo para o aterro sanitário”, destaca.
Uma das escolas que veem a tecnologia como uma grande ajuda no dia a dia escolar é a Emei Pingo de Gente, que conta com 114 estudantes. A escola localizada no bairro Battisti alimenta o equipamento, instalado em 2020, desde o lanche da manhã, quando os estudantes têm frutas à disposição. Ao todo, são depositados diariamente 10 quilos de resíduos – capacidade máxima do biodigestor, que fica nos fundos da escola. “A gente só não pode colocar as que são cítricas, como abacaxi, bergamota e laranja. O resto vai tudo. Depois, no almoço, o que sobra das cascas de cebola, alho, o que fica do prato dos alunos”, contam as agentes escolares Júlia da Rosa e Patrícia Inês Müller Hickmann, funcionárias que se envolvem no manuseio diário do biodigestor. Elas contam que sempre devem pesar os alimentos antes de depositar no equipamento, justamente para se certificar de que o limite não será ultrapassado.
Produtos a partir dos biodigestores
A partir do processo anaeróbio de decomposição da matéria orgânica, o biodigestor gera dois produtos: biogás e biofertilizante. No caso do primeiro, a chama gerada não é tão forte quanto a de um gás de cozinha, mas, ainda assim, é útil para cozinhar verduras ou esquentar água. Com duas bocas, o fogareiro conectado ao biodigestor fica separado do fogão comum. “O mais importante é que o biogás está sempre disponível, então quando temos alguma dificuldade com o gás comum, ele nos socorre”, ressalta a diretora da Emei Pingo de Gente, Cristiane Pfafenselller.
Já o biofertilizante é produzido a partir do ‘chorume’ que fica dos restos de comida. O produto é utilizado especialmente na adubação de hortas da própria escola e também fica disponível para a comunidade em geral. A segunda situação é observada também na Emef Cidade Nova, no bairro homônimo. “Como a gente não pode ter horta, a gente coloca todo esse resíduo em garrafas e deixa para a vizinhança buscar. Alguns alunos levam para casa também. É bem útil”, afirma a diretora Rosemeri Beier. A escola tem 345 alunos e, assim como a Pingo de Gente, também ocupa a capacidade máxima diária do biodigestor.
Economia para os cofres públicos
Os contratos da Prefeitura para transbordo e destino final do lixo produzido em Venâncio Aires são proporcionais ao peso dos resíduos. No caso do transporte até o aterro sanitário de Minas do Leão, que fica a 124 quilômetros, são pagos R$ 82,53 por tonelada. Além disso, para o destino final no aterro sanitário, são R$ 146,03 a cada 1 mil quilos.
Desta forma, além do impacto ambiental positivo, considerando o levantamento da Folha do Mate de que mais de 2 toneladas de resíduos deixam de ir para o aterro sanitário, os biodigestores representam uma economia mensal de R$ 457,12 aos cofres públicos, pelo menos. No ano, o valor ultrapassa R$ 5,4 mil.
Tipos de biodigestores
- Em Venâncio Aires, são dois tipos de biodigestores presentes nas escolas: o Homebiogás 2.0 e o Homebiogás 7.0.
- O modelo 2.0 é menor. O volume do tanque de gás tem 700 litros, enquanto o de digestão suporta até 1,2 mil. Neste tipo, é possível depositar até 4 quilos de restos de alimento por dia. Segundo a Prefeitura, são quatro escolas com este equipamento. Ele gera 4 litros de biofertilizante e gás de 2 a 3 horas diariamente.
- Já a versão 7.0 tem tanque de gás de 2,5 mil litros e de digestão de 4,3 mil. São suportados até 10 quilos de resíduos diários. Ela produz de 4 a 6 horas por dia de cozimento e de 10 a 100 litros de biofertilizante.
Panorama
- Quantidade de sobras processada por dia: 97 quilos
- Por mês: 2 toneladas
- Por ano: 24 toneladas
- Cada escola processa, em média, 5,7 quilos por dia
- 19 escolas têm biodigestores em funcionamento, em Venâncio Aires: são nove Emeis, nove Emefs e uma escola da rede estadual de ensino.
Obs: Há ainda um biodigestor que não está em funcionamento, na Emef Otto Gustavo Daniel Brands, e outros dois que precisam ser reinstalados, na Emei Osmar Armindo Puthin e na Emef Bento Gonçalves.