Corsan confirma ressarcimento aos clientes prejudicados e revela os planos para Venâncio Aires

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O superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), José Roberto Epstein, confirmou na noite de segunda-feira, 18, que os clientes que foram prejudicados com a falta de água no fim do mês passado, em Venâncio Aires, serão ressarcidos por meio de desconto nas faturas vindouras. De acordo com ele, os descontos serão percebidos nos próximos ciclos de leitura da companhia.
Epstein participou da sessão da Câmara de Vereadores, acompanhado pelo gerente da unidade da estatal na Capital Nacional do Chimarrão, Ilmor Dörr. O superintendente informou que não há a necessidade de requisição do abatimento, pois a Corsan já foi notificada pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) e o reembolso ocorrerá de forma automática.
O representante da estatal esclareceu que há uma resolução da Agergs que, determina que em casos excepcionais de desabastecimento – como o que aconteceu em Venâncio Aires -, a redução de valores é automaticamente estabelecida. Epstein salientou ainda que os cálculos serão específicos por economias (residências) e regiões da cidade, levando em consideração o tempo que os clientes ficaram sem a prestação do serviço. “Quanto mais tempo de desabastecimento, maior o desconto”, explicou ele. O superintendente adiantou que os maiores abatimentos devem ser percebidos pelos moradores da parte alta.

NÚMEROS
De acordo com o superintendente regional da Corsan, José Roberto Epstein, o índice de continuidade de abastecimento de água superior a 98,5% em Venâncio Aires. São aproximadamente 350 quilômetros de rede na Capital do Chimarrão.
Ele lembra que cerca de 500 imóveis pagam a fatura de esgoto atualmente e não se sabe para onde ele é lançado, porque não estão ligados à rede. Conforme Epsteins, “este é um número que pode duplicar ou triplicar se não conseguirmos conscientizar as pessoas”. Além disso, ele ressalta que estes recursos não vão para a Corsan nem para o Fundo de Gestão Compartilhada, mas para o Fundo de Disponibilidade do Governo do Estado. As respostas e o que a estatal planeja para Venâncio

• Causa do desabastecimento: “O desabastecimento registrado em Venâncio foi de grande porte. Afetou praticamente 95% do município. Nos dias 25 e 26 de junho, tivemos ocorrência na estação de bombeamento de água tratada junto à ETA, que é responsável pela distribuição de toda água produzida na nossa planta. Foi uma falha no sistema de drenagem, que acabou ocasionando uma inundação na casa de máquinas. Afetou os motores e tivemos que promover uma manutenção emergencial. Colocamos o sistema de backup, mas também houve falha, porque ele foi igualmente afetado. Tivemos apoio da nossa diretoria de operações e de outras superintendências regionais para que pudéssemos restabelecer o abastecimento. O impacto foi muito grande, pois alguns clientes chegaram a ficar 49 horas sem água. Os mais afetados foram os da região alta da cidade. Inclusive, participamos de audiência no Ministério Público, junto com a Administração e representantes da comunidade, para esclarecer os fatos. Foi uma ocorrência relevante.”

• Novo reservatório: “Já trabalhávamos para melhorar a prestação dos serviços em Venâncio Aires. Na terça-feira passada, a Corsan emitiu ordem de início de serviço para a construção de um novo reservatório, com investimento de R$ 4,2 milhões. Obra que tem prazo de 18 meses e vai atender, principalmente, a região alta da cidade. Será no terreno do antigo aeroporto, doado pelo Município e aprovado nesta Casa em 2017. Fica bem em frente ao Parcão. É um local estratégico, bem alto, onde vamos ter adutoras também. A obra já é uma realidade e o objetivo é que a gente consiga entregar na metade deste prazo. Além disso, já estamos com terceiro sistema de backup nos recalques e instalando um sistema de automação para monitoramento em tempo real do abastecimento de água. Estamos reforçando as estruturas para quem tenhamos, especialmente, um verão mais seguro, pois temos as experiências das estiagens de outros anos.”

• ETA 4.0: “É um processo totalmente inovador no sistema de saneamento e que traz qualidade em relação ao tratamento de água. É um convênio da Corsan com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) para desenvolvimento de tecnologias aplicadas na melhoria dos processos de tratamento de água. Teremos controle em tempo real da qualidade, redução de insumos e economia de energia, com automação integrada. Tivemos um projeto piloto em Tramandaí, onde se desenvolveu o produto homologado e o município de Venâncio Aires será um dos primeiros a receber. O primeiro da Região Central com certeza. A gente já vinha trabalhando, independente deste fato que aconteceu.”
• Poços artesianos: “Vamos implantar, nos próximos dias, um poço artesiano no Loteamento Sehnem, depois da Vila Táta à direita. Queremos produzir água nos extremos, que é onde demora mais a chegar. Está perfurado e tem rede de água, só falta a execução de infraestrutura. Ainda temos mais um poço no Loteamento Peiter, no bairro Santa Tecla. Também vamos instalar mais um poço artesiano, para que tenhamos uma condição melhor de abastecimento. Aproveitamos a reunião do Fundo de Gestão Compartilhada, na semana passada, para prospectar, junto à Administração Municipal, uma área na região mais elevada, ali na entrada da cidade, onde a gente tem mais ocorrência de desabastecimento quando acontece alguma falha. É o primeiro lugar que falta e o último que retorna. Sinalizamos uma área específica para o Município, que já nos informou que é uma área particular. Então, estamos em busca e temos que ver o que é possível em relação a tratativas, para que possamos instalar um reservatório ali naquela região.”

• Ressarcimento: “Os penalizados serão ressarcidos. E isso vem discriminado na conta. Nunca tivemos um fato desta característica em Venâncio Aires e sabemos que a nossa prestação de serviço de longa data não será desqualificada. Admitimos a falha e entendemos a cobrança, mas precisamos registrar que este tipo de situação nunca tivemos aqui. A Agergs tem resolução que estabelece padrões de períodos de interrupção, que são acima de 12 horas. Já fomos notificados e informamos que temos duas janelas de clientes que vão ser ressarcidos. O cálculo é proporcional ao tempo de desabastecimento. É automático, não precisa ir até a Corsan. Os hidrômetros são georreferenciados e setorizados, portanto é algo que acontece naturalmente. Nosso manancial é rico em manganês, que é um material que precisamos usar hidrantes e outros meios para fazer os expurgos quando há uma ocorrência de grande porte, como foi o caso.”

• Vila Mariante: “Estamos instalando mais um centro de reservação na localidade. Tivemos problemas no fim de semana, com serviços executados que causaram rompimento de rede. Quarta-feira (ontem) inicia a obra de construção da base junto à ETA de Mariante, naquele espaço junto ao posto de saúde, que é da Corsan. Vai ser implantado um reservatório de 100 metros cúbicos. Para que se tenha uma noção, o reservatório elevado que existe hoje lá é de 50 metros cúbicos, e também temos um semienterrado de 30 metros cúbicos. O problema de Mariante, basicamente, é reservação. Com mais este reservatório, se não acontecer nada de anormal, nos próximos 50 anos não vamos mais ter problema de água.”
• Esgotamento e conserto de ruas: “Nossa última reunião com a Administração Municipal de Venâncio Aires foi realizada há cerca de 60 dias e temos um planejamento de trabalho para recuperar as ruas que não ficaram a contento em um primeiro momento. São 40 quilômetros de infraestrutura já implementados. Em março, foi assinado termo aditivo em que foram firmados investimentos e plano de água e esgotamento. O compromisso é de até o ano de 2033 fazer a universalização do sistema de esgotamento sanitário (90%) e do abastecimento de água (99%). Dentro do cronograma estão bem claros os compromissos que a gente tem. No momento, estamos recebendo estas obras para iniciar a operação. Devemos incluir próximo de quatro mil residências, que é um número bem expressivo, pois vamos chegar entre 25% a 30% de cobertura com o separador absoluto e destinação correta de esgoto. Também iniciamos uma campanha de notificação aos clientes, para incentivo desta ligação intradomiciliar.”

• Ar na tubulação: “Existem situações, sim, que podem acontecer. Precisamos salientar que em junho tivemos o menor consumo de água em Venâncio Aires nos últimos 12 meses, e isso pode ter algum reflexo. O consumo baixou, em média, 7,8 metros cúbicos por residência. Pode ter algum impacto em algum cliente que esteja em um ponto mais elevado, em um final de rede ou que tenha caixa d’água. Mas não é uma regra que tenha um impacto geral. O que a gente recomenda é que, qualquer cliente que avalie que a conta saiu fora da sua média neste período, pode fazer administrativamente o contato com a Corsan. São situações bem específicas e que serão avaliadas, pois acontecem muito em função da localização do imóvel. Qualquer cliente que teve problema de queima de equipamento elétrico relacionada pode buscar o escritório para ser ressarcido dos danos. A informação à Corsan é muito importante. A gente até ‘pesca’ os casos nas redes sociais.”

• Nova fonte: “Esta é a principal discussão que devemos ter em Venâncio Aires nos próximos anos. Ver o que é mais em conta, se fazer barragens ou puxar água. Em contrato ficou estabelecido que até 2025 temos que ter maior infraestrutura de abastecimento, obedecidos os condicionantes ambientais. No caso de um lago, o estudo leva um ano. O certo é que a partir de 2023 começam os estudos para ampliar a capacidade e a segurança hídrica do município. Independente de qual solução for, haverá um investimento expressivo. Vamos apresentar as alternativas ao Município. É uma questão que precisa ser construída. O lago é uma das alternativas estudadas, mas temos que avaliar as questões técnicas e econômicas.”



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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