Um dos primeiros contatos de Renan Mathias Xavier da Luz, 6 meses, foi com a vizinha Lúcia de Fátima da Silva, 55 anos. Era dia 16 de junho, quando o bebê decidiu vir ao mundo. Ele não deu muitos sinais e acabou nascendo no banheiro em casa, em Linha Cerro dos Bois, de forma natural. A vizinha ajudou mãe e filho até o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegar e levá-los ao hospital.
Isabela Cristina Xavier, 31 anos, tinha marcado o chá de fraldas para aquele domingo. Pela manhã, foi à missa e, ao voltar caminhando, sentiu algo diferente. “Na missa, a catequista ainda disse ‘imagina se nasce hoje?’, mas eu levei na brincadeira. Voltamos da missa e senti que a barriga tinha endurecido, mas achei que fosse normal. No meio do caminho, comecei a sentir vontade de fazer xixi, cheguei em casa e fui correndo para o banheiro, daí percebi que ele estava encaixado para nascer”, lembra a mãe.
No momento das contrações, a única coisa que pensou foi em ligar o chuveiro e ficar de cócoras. “Eu tinha trancado a porta, entrei no chuveiro e minha filha, a sogra, vizinha e comadre estavam querendo entrar, então depois da primeira contração, abri a porta.”
Para Isabela, tudo passou muito rápido. Ela conta que as mulheres estavam nervosas, porém sua vizinha estava ali calma e tentando acalmar as outras pessoas. “Eu estava acocada e falei que precisava de um banco, aí a Lúcia foi na casa dela e buscou um bem baixinho que me ajudou.”
Em menos de 15 minutos, o bebê já tinha nascido. “Ele começou a chorar, então minha vizinha veio e colocou no meu colo, porque precisava ser com cuidado, o nosso cordão estava ligado. Ela até perguntou no telefone para o Samu se podia cortar o cordão, mas eles pediram para esperar a chegada de equipamentos esterilizados”, explica. Enquanto Renan estava no colo da mãe, Lúcia acariciava o recém-nascido. “Lembro que ela passava a mão nele, dizia que era lindo, e ficou me ajudando ali”, recorda.
Durante as cólicas, Isabela pegou uma toalha que estava no banheiro e colocou no chão para o nascimento do pequeno. Depois percebeu que estava cheia de sangue e que era do filho do meio, o Ramon. “Comentei com a Lúcia, ‘meu Deus, a tolha do Ramon ficou toda suja, como vou limpar isso?’, ela disse ‘fica tranquila que eu dou um jeito’. Quando cheguei em casa do hospital, a toalha estava limpinha e cheirosa”, comenta feliz.
Para Lúcia, ajudar a família neste momento foi um prazer. Ela estava estendendo roupa, quando ouviu os gritos na casa de Isabela. “Larguei tudo e fui correndo lá.”
A vizinha lembra que auxiliou a mãe durante os instantes de agitação e deixou o banheiro limpo depois. “Eu também estava nervosa, mas me contive para não demostrar para ela e tentar acalmar as outras”, conta ela, que faz questão de ver Renan com frequência. “Eu adoro esse menino, ele é uma criança linda e risonha, sempre venho dar uns ‘amassos’ nele.”
O pai, Elisidoro Batista da Luz, 35 anos, havia ido para Rio Pardo, junto com dois primos, para visitar um tio. “Ele voltou em 25 minutos de lá, os primos que estavam com ele ficaram apavorados”, conta a mulher. O pai ficou nervoso, mas quando chegou em casa o bebê já estava nos braços de Isabela. “No hospital, eu ainda estava tremendo de susto”, afirma Luz.