Lembranças da Semana Santa: “não podia ouvir música e subir em árvores”

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Muitos jovens não sabem o que é a quaresma, o porquê de comer peixe na Sexta-feira Santa ou o que é comemorado no dia da Páscoa. Já os mais velhos costumam relatar que tinham hábitos muito diferentes dos atuais e lembram com carinho de épocas em que o verdadeiro sentido da data era mais valorizado.

A professora aposentada Nelsy Lavall, 80 anos, é uma delas. Ela acredita que em meio ao isolamento social, por conta da pandemia de coronavírus, neste ano, as pessoas irão refletir mais sobre o verdadeiro significado da Páscoa e até hábitos poderão ser resgatados.

Quando adolescente, ela recorda que a quaresma começava cedo e era muito respeitada. Depois do Carnaval, ela e os oito irmãos tinham que ficar em casa, sem ir para bailes, “porque eram dias religiosos.” Um período marcado por resguardo e orações. “Todos tinham muito cuidado nesses 40 dias”, observa.

Conforme ela, a Semana Santa também era calma, na quinta-feira o almoço em sua casa já era diferente e haviam mais alimentos verdes. “Já na sexta-feira tinha peixe, que era pescado e não comprado, sopa de vinho, ananás, bolos e outras coisas que não tinha normalmente”, relembra.

Diferente do que vivemos atualmente, a sexta-feira era tranquila, porque além de não comer carne, as pessoas se comportavam diferente. “Não podia escutar música, falar alto, correr, subir nas árvores e nem brigar com os irmãos”, ressalta.

A aposentada relata que ‘coelhinho’ já circulava muito na imaginação das crianças, mas era um pouco diferente. Meses antes da data, eles começavam a guardar cascas de ovos, para pintar. Quando chegava perto, eles usavam papel crepom para colorir e faziam cri cri de amendoim para preencher, assim tinham um presente pronto. “Cada um tinha um ninho, simples, mas tinha”, conta.

Era uma data muito organizada e esperada por Nelsy. “Alguns padrinhos davam ninhos muito legais. Eu e meus irmãos esperávamos ansiosos por esse dia.” Também lembra que algumas pessoas faziam os ovos diferentes. “Já vi presentes de ovos cozidos, mas enfeitados por fora.”

Ela salienta que a data tinha um sentido de mais união e com os poucos recursos festejavam a ressurreição de Jesus Cristo. “Todos ajudam a ‘fazer’ a Páscoa. Hoje é muito comercializado. Por exemplo, não lembro de ganhar chocolate, só de ganhar ovo de açúcar, mas ficava muito contente.”

DOMINGO DE RAMOS

O Domingo de Ramos – início da Semana Santa- sempre foi importante para a família de Nelsy. Ela lembra que desde a infância esse dia começava com a ida ao culto. Porém como neste ano não teve a celebração, ela teve que celebrar em casa. “Eu coloquei uns ramos verdes na porta para glorificar essa data importante.”


“Espero que com esse resguardo as pessoas reflitam sobre o verdadeiro sentido da Páscoa, que é a ressurreição, é comemorar a vida.”

NELSY LAVALL – Aposentada


SAIBA MAIS

• A quaresma compreende os 40 dias que antecedem a Páscoa. Neste período cristãos intensificam as orações, para relembrar os dias passados por Jesus no deserto.

• Na sexta-feira cristãos aderem à abstinência de carne vermelha ou de frango em respeito ao sacrifício de Cristo.

• A Páscoa é a data da ressurreição de Jesus Cristo, por isso se comemora a vida.

    

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