Quanta história cabe em um século? Mudanças, evoluções, nascimentos, despedidas, encontros, trabalho e muito aprendizado. Chegar aos 100 anos de idade é para poucos, e quando isso acontece é motivo de comemoração e muito orgulho. No bairro São Francisco Xavier, mora uma venâncio-airense centenária. Maria Dorília Ferreira, ou Dora, como é mais conhecida, completou 100 anos no último domingo, 8 de setembro.
O aniversário contou com comemoração especial com familiares e amigos na sede da Comunidade Católica São Francisco Xavier, incluindo os 11 netos, 20 bisnetos e a tataraneta. Dos quatro filhos, a mais velha, Romilda Ferreira Guedes, 74 anos, e a caçula, Renilda Ferreira Gil, 69 anos, comemoraram o aniversário da mãe. Romildo (Leno) e Donildo já são falecidos.
Comemoração dos 100 anos
Para tia Dora, a festa foi uma alegria só. “Foi ótimo. Tinha netos que não via há muito tempo.” Religiosa, ela também fez questão de comemorar os 100 anos na Igreja Internacional da Graça de Deus, no Centro de Venâncio Aires, onde congrega. No domingo pela manhã, levou duas tortas para distribuir no culto. “Sempre penso muito em Deus. Minha fé sempre vai comigo”, diz ela, que também gosta de assistir às celebrações religiosas pela televisão na casa onde mora com a filha Renilda.

A fé foi um ingrediente essencial na trajetória de Dora, que ficou viúva aos 31 anos. O marido, Carlos Vida Ferreira, que trabalhava em uma olaria, faleceu aos 38 anos. A filha mais moça, Renilda, nasceu no dia em que o pai foi enterrado. Sozinha, com quatro crianças pequenas e sem saber ler e escrever, Dora enfrentou muitas dificuldades e falta de recursos. O apoio de irmãs e vizinhos foi fundamental para que conseguisse seguir. “Ensinei meus filhos como meu pai me ensinou: a trabalhar, ter respeito, boa conduta. Sempre me obedeceram e foram boas pessoas para mim”, orgulha-se.
Depois que os filhos cresceram, por muito tempo atuou na indústria de tabaco, trabalhando até próximo dos 70 anos, para que pudesse se aposentar. A lida com as flores e a horta sempre foi um passatempo. Mas, por conta dos problemas de saúde decorrentes da idade, já não é mais possível. “Comprei uma enxada nova para trabalhar ‘em roda de casa’, mas o médico não deixou usar. Fiquei triste, mas não tem o que fazer. Agora aproveito para dormir e assistir ao culto na TV.”

100 anos de história
• Maria Dorília Ferreira é uma dos 17 filhos de Ana Luiza e João Pereira, que residiam em Linha Tangerinas. Ela é a única viva da família.
• Dora casou-se com Carlos Vidal Ferreira aos 20 anos. “Casei depois de moça velha”, diz, ao lembrar que naquela época já era uma idade avançada para sair de casa.
• Após o matrimônio, o casal residiu por um período em Linha 17 de Junho e depois mudou-se para o bairro São Francisco Xavier, onde mora há mais de sete décadas e acompanhou toda a evolução do local. “Quando chegamos era tudo mato por aqui”, lembra a moradora da rua Jovelino Pires.
• Ela se orgulha de, aos 60 anos, ter conseguido construir uma casa nova, de material. Agora, sonha em poder reformar a residência, onde reside com a filha Renilda.
