Na hora da estreia: a experiência do primeiro emprego

Ansiedade, curiosidade, vontade de aprender, medo de errar. Se você já foi
estagiário, sabe do que estamos falando: os sentimentos se misturam nos
primeiros dias de trabalho. Em muitos casos, o nervosismo é tanto que chega
a atrapalhar. Você fica sem palavras, troca as informações e se sente
perdido.

Apesar de parecer um tanto difícil, a estreia no mundo do trabalho é uma
etapa necessária – e importante da vida – e pode ser uma oportunidade de
aprender muito. Por isso, nesta edição, compartilhamos exemplos de quem já
vive essa experiência e dicas de como se preparar para o primeiro dia. Boa
leitura!

Primeiras experiências de trabalho

Para Rayane de Oliveira, 16 anos, ter um emprego é sinônimo de
independência. A estudante do 2º ano da Escola Estadual de Ensino Médio
Cônego Albino Juchem trabalha à tarde no Supermercado Lenz, como Jovem
Aprendiz.

Essa é a primeira experiência de trabalho da adolescente, e ela lembra que
ficou muito nervosa quando começou. “Cheguei e todo mundo me olhava, me
senti estranha. Mas, logo me acostumei”, lembra.

Rayane atua empacotando as compras dos clientes, e claro, como a maioria das
pessoas, já fez algumas ‘pérolas’ no trabalho. “Quebrei ovos uma vez e
fiquei muito envergonhada. Depois disso, passei a ter mais cuidado nas
atividades”, conta.

Em meio aos desafios, neste um ano em que trabalha no Lenz, a menina teve
oportunidade de aprender e evoluir. “Lidar com o público não é fácil, então
consigo ter mais paciência. Também fiz muitas amizades ali”, comenta, feliz.

Rayane de Oliveira é jovem aprendiz no Supermercado Lenz (Foto: Eduarda Wenzel)

“Aprendi a ter mais responsabilidade depois que comecei a trabalhar.”

RAYANE DE OLIVEIRA 

Jovem Aprendiz


Nervosismo x expectativa

A Folha do Mate também oferece oportunidade para os estagiários. Na semana
passada, a estudante do curso técnico em Informática do Instituto Federal
Sul-rio-grandense (IFSul), Laura Beatriz Wermuth, 17 anos, começou a atuar
no setor de Tecnologia de Informação (TI) do jornal.

Assim como a maioria dos jovens, a guria também estava nervosa para o
primeiro dia. Ela conta que, no fim de semana antes de iniciar o estágio,
deu uma revisada em conteúdos que talvez precisasse usar no trabalho e
tentou relaxar. “Cheguei nervosa no primeiro dia, mas fui bem recebida e me
senti acolhida pelo colegas”, afirma.

Para para se autoajudar, Laura publicou no Twitter que estava nervosa, antes
de começar a trabalhar. “O Twitter é um meio de escape das situações. Ali me
sinto bem para desabafar minhas alegrias, medos e tristezas”, expõe. Posteriormente, ela recebeu alguns conselhos. “As pessoas me chamaram e falaram que ia dar tudo certo e que era normal se sentir assim.”

O estágio de Laura é obrigatório para a conclusão do curso. Neste período,
ela tem expectativas de aprender ainda mais sobre a área. “Quero desenvolver o trabalho em equipe e ser uma boa colega”, conclui.

Laura Beatriz Wermuth é estagiária do Jornal Folha do Mate (Foto: Eduarda Wenzel)

“É bom ter experiência de trabalhar, estudar na área e estar preparada para
o mercado de trabalho.”

LAURA WERMUTH 

Estagiária


A hora da entrevista

Conforme a profissional da área de recrutamento e seleção, Alessandra Luísa
Ludwig, antes da entrevista, é importante observar o comportamento da
empresa, como, por exemplo, se ela adota o uso do uniforme, se aceita
tatuagens e se é séria ou descontraída.

Ela coloca que, no momento da entrevista, a peça coringa é a formal. “Calça,
camisa ou blusa e sapato. Além de sempre estar bem higienizado”, indica.
Também ressalta que short, bermuda esportiva, camisa de time e chinelos não
são adequados para esse momento. “Não precisa ser uma roupa da moda, mas
precisa ser uma roupa limpa que passe seriedade”, orienta.

Em conclusão, Alessandra lembra que muitas gírias fazem parte do cotidiano dos adolescentes, mas na hora da entrevista e no ambiente de trabalho, a conversa
formal deve prevalecer. “Ter uma postura madura na conversação é ideal. Se
não é acostumado, deve treinar em casa”, aconselha.

A profissional da área de recrutamento e seleção, Alessandra Luísa Ludwig dá dicas para ir bem na entrevista (Foto: Arquivo pessoal)

REDES SOCIAIS 

Atualmente, além do currículo a empresa avalia as redes sociais do
candidato. Por isso, segundo a profissional, é importante ser sincero na
entrevista, pois depois pelas redes socais o recrutador verifica a
personalidade. “A internet dá liberdade, mas é importante saber assumir ela
também, porque em algum momento o que postamos pode ser avaliado”, destaca
Alessandra.

Dicas para começar bem o estágio:

– Conheça a empresa e a história dela
– Evite atrasos
– Na entrevista, escute as pessoas e converse olhando nos olhos
– Mantenha a calma
– Evite usar gírias

Relatos pilhados

Cassiane

“Meu primeiro emprego foi numa farmácia na minha cidade natal, Cachoeira do
Sul. Era uma loja nova que pertencia a uma rede e logo que soube da abertura
me candidatei para as vagas. Eu tinha 16 anos e fui contratada como

Cassiane Rodrigues (Foto: Arquivo FM)

estagiária para trabalhar quatro horas por dia. O que ficou na memória é o
carinho e paciência que os colegas tiveram comigo nas primeiras semanas.

Aprendi muito tanto sobre medicamentos quanto finanças – já que meu cargo
era operadora de caixa – e, principalmente, como ser humano. Atendi idosos
desanimados com o alto custo para comprar os remédios de uso contínuo,
jovens preocupadas com o melhor xampu ou tintura de cabelo, mulheres
ansiosas na compra do teste de gravidez. Convivi com pessoas em diferentes
realidades e isso me fez crescer como pessoa e profissional.

Tem algumas pérolas, claro, como por exemplo, vender creme para rugas para um rapaz dar de presente de aniversário para uma criança de 6 anos. Ele não voltou muito contente
depois do ocorrido, mas tudo é aprendizado.”

Eduarda

Eduarda Wenzel (Foto: Arquivo FM)

“Meu primeiro emprego foi no Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies),
como secretária, aos 16 anos. Na época, estudava pela manhã e trabalhava à
tarde. Adquiri conhecimento em assuntos de educação e saúde, conheci muitas
pessoas, histórias legais e perdi a vergonha de falar no telefone. Além disso, até hoje
tenho um enorme carinho pelas minhas ex-colegas do Cies.

Há oito meses, sou estagiária do jornal, uma das minhas primeiras
experiências na área. Trabalho de dia e estudo à noite. É maravilhoso estar
atuando no ramo que gosto. A cada dia, evoluo como pessoa e profissional.

Além disso, no Jornal Folha do Mate, consigo colocar em prática o que aprendo em aula e adquirir mais conhecimentos, pois a metade do que sei sobre jornalismo aprendi no dia
a dia do jornal.”

Juliana

Juliana Bencke (Foto: Arquivo FM)

“Minha primeira experiência de trabalho foi como recepcionista no escritório
Contec Contabilidade. Aos 17 anos, caí de paraquedas no meio de muitos
termos sobre os quais pouco sabia ou que nunca tinha ouvido: guias, CNPJ,
ISSQN, ICMS, e por aí vai. O pavor do primeiro dia logo foi amenizado com a
acolhida dos colegas e dos clientes do escritório – muitos deles, amigos que
mantenho até hoje.

Aos poucos, me familiarizei com os termos e entrei no ritmo. Uma das coisas
engraçadas que lembro é que, como eu era responsável por fazer ligações e
atender aos telefonemas, no fim do dia, meu ouvido doía de tanto ficar ao
telefone.

Além disso, passar e receber fax (sim, eu ainda peguei o tempo do
fax!) e trocar o tonner da máquina de xerox (o que dava uma sujeira e tanto) estavam entre as minhas atribuições. Foi uma experiência muito enriquecedora
e um trabalho do qual guardo ótimas lembranças até hoje. E embora possa
parecer totalmente distante do jornalismo, o conhecimento na área contábil e
especialmente a relação com as pessoas, já me ajudaram em muitas matérias