“O abre e fecha vai quebrar a economia”, desabafa Giovane Wickert

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O prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, está disposto a buscar um “novo normal” no que se refere ao enfrentamento à pandemia de coronavírus. Ontem, durante participação no Terra em Meia Hora, programa jornalístico da rádio Terra FM 105.1, ele reafirmou a preocupação com as empresas do município, dizendo que “o abre e fecha vai quebrar a economia”. O prefeito entende que chegou o momento de “provar que temos mais gente imune ao vírus” e, mantendo os protocolos de higiene e prevenção, “entrar nos detalhes” para definir o quanto as restrições de circulação e funcionamento do comércio, especialmente, são decisivos para evitar o avanço da Covid-19 na Capital Nacional do Chimarrão e na região.

O chefe do Executivo argumenta que o pioneirismo de Venâncio Aires em uma série de ações sobre o coronavírus é fator determinante para que o município seja visto de forma diferente. “Passamos a usar máscaras antes de todo mundo, criamos canais de atendimento à população, implementamos o centro respiratório e, agora, vamos passar à testagem em massa dos cidadãos. Precisamos usar mais a inteligência do que a repressão, caso contrário teremos ali na frente problemas maiores, de fome e desemprego”, comentou.

Ainda sobre os testes – serão 15 mil inicialmente -, o prefeito reforçou que, se houver demanda, este número irá, pelo menos, dobrar, chegando a 30 mil. E foi além: “Se tivermos que comprar os 70 mil testes, para que toda população seja testada e tenhamos o diagnóstico fiel da doença, vamos fazer”. Wickert revelou ainda contato com o deputado federal Osmar Terra (MDB), médico e ex-ministro, que sustenta tese de que o isolamento social e o fechamento do comércio não mudariam o cenário da pandemia. “Ele quer intermediar recursos junto ao Governo Federal para que Venâncio Aires seja um modelo para o estado e para o país, pois a testagem em massa da população é o que recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde. O deputado defende um visual diferente do que o Estado aplica”, esclareceu.

Confirmações X bandeiras

Wickert destacou também que a testagem em massa não significa levar o município para a bandeira preta. “Muita gente pensa que pelo aumento de confirmações que certamente teremos com os 15 mil testes, seremos considerados de risco altíssimo de contaminação. Na verdade, os testes rápidos nos darão as pessoas curadas. Ou seja, vamos conseguir calcular o percentual de imunes em relação ao número de testados”, explicou. De acordo com o prefeito, estudos indicam que 60% da população teria condições de produzir “alguma imunidade” ao vírus, e que 40% seria o percentual de pessoas com pré-disposição à Covid-19.

O prefeito demonstrou preocupação com o adiamento constante de prazos como o da volta às aulas, por exemplo. Segundo ele, a partir do cenário de estabilização do coronavírus que neste momento, é preciso pensar na manutenção da máscara, do álcool gel e de outros cuidados de higiene, contudo é também necessário pensar e agir no sentido da retomada gradual ao “novo normal”. “As perguntas chegam todos os dias, e a dúvida sobre a volta às aulas é recorrente. Até quando vamos assim? Não podemos esperar três anos entocados em casa. Tivemos uma postura de prudência em um primeiro momento, mas agora é hora repensar a conduta, sempre buscando um equilíbrio entre economia e saúde”, reforçou ele.

Importante

  • A entrevista de Giovane Wickert foi concedida antes do anúncio do governador do Estado, Eduardo Leite, de que o Vale do Rio Pardo (região número 28 do Distanciamento Controlado e que tem Santa Cruz do Sul como referência) vai permanecer na bandeira laranja.
  • Na sexta-feira, 11, no mapa preliminar, a região foi classificada com a bandeira vermelha, que determina, entre outras restrições, funcionamento apenas do comércio essencial. Para manutenção do risco médio de infecção pelo coronavírus, a região teve recurso deferido pelo Estado.
  • Além do Vale do Rio Pardo, outras quatro regiões do Rio Grande do Sul também conseguiram reverter a bandeira vermelha: Santo Ângelo, Cruz Alta, Erechim e Santa Rosa. Também pela primeira vez, Leite afirmou que os dados da Covid-19 no estado mostram “uma tendência de estabilização a ser confirmada”.

“Não estou condenando a metodologia do governador, até porque ele está se esforçando. Comparado a outros estados, o Distanciamento Controlado é até destaque nacional. Mas, pensando em Venâncio Aires e no Vale do Rio Pardo, vejo espaço para alguma flexibilização a partir de novos protocolos.”

GIOVANE WICKERT – Prefeito de Venâncio Aires

Osmar Terra: “Bandeiras não têm lógica científica”

Deputado federal Osmar Terra sustenta que o pico da pandemia no país ocorreu no fim de abril e que a curva de infecção está na descendente (Foto: Divulgação)

Em entrevista à Folha do Mate, na tarde de ontem, o deputado federal Osmar Terra (MDB) afirmou que “as bandeiras do Estado não têm lógica científica e não passam de mera especulação”. Médico e com experiência em enfrentamento a pandemias, Terra elogiou a postura de Wickert e confirmou que pretende trabalhar na busca de recursos para que os venâncio-airenses que não apresentarem os anticorpos nos testes rápidos, sejam submetidos aos testes de PCR, que conseguem detectar em que estágio da doença estão.

“O que Venâncio Aires está fazendo agora, é o que eu defendo desde o começo. A população tem de saber que manter o comércio fechado em nada muda a situação do coronavírus. Já quebramos uma parte da nossa economia por conta do lockdown no começo da pandemia e as coisas só vão piorar se este pensamento for mantido”, afirmou. Segundo Terra, “o pico da pandemia no Brasil foi no fim de abril, a curva já está descendo e, no Rio Grande do Sul, se um novo surto ocorrer agora, será o frio o responsável”.

Circulação

Terra defende que o Rio Grande do Sul não foi tão atingido pela pandemia, na comparação com os outros estados, “porque houve menos circulação do vírus”. Sudeste, Norte e Nordeste foram os que mais sofreram com o coronavírus, conforme ele, que é médico. A atenção deve estar volta, segundo o deputado, para frigoríficos e asilos, locais onde há pessoas com imunidade mais baixa, seja pelas atividades em temperaturas mais baixas ou idade avançada. “Não vamos mais ter surto em razão do comércio, apenas o surto normal da época. E, se houver, será de queda rápida, como sempre ocorre com as pandemias”, conclui.

“Quando passar o medo que a televisão disseminou entre as pessoas, vamos olhar para trás e ver o tempo que perdemos trancados em casa. Temos que testar, isolar quem estiver infectado e cuidar das pessoas mais idosas e com outras comorbidades. Chega de caixão e cova rasa para assustar. Não vejo ninguém falando dos ciclos virais.”

OSMAR TERRA – Deputado federal e médico



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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