Pra contar histórias: entre a farda e a pilcha

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Profissional de segurança pública, o brigadiano Valentim Galarsa Silveira, 55 anos, usa o tempo livre para se dedicar às poesias culturais. Atua há 32 anos como Policial Militar e há cerca de 8 anos como tradicionalista. Natural de Porto Alegre, reside em Venâncio Aires desde 2004. Galarsa é casado e tem três filhos, um homem e duas mulheres.
Atualmente, trabalha na ronda escolar, que passa pelos colégios do município prezando a segurança.

Quando não está em serviço, troca a farda pela pilcha, momento que, segundo ele, se sente em casa. Conhecido no meio tradicionalista como ‘Alô, você’, jeito que carinhosamente chama as pessoas, Galarsa é patrão do Grupo Folclórico Essência da Tradição. Além disso, também dança no grupo Veterano e declama. “Se falar que sou um dançarino, vou mentir, eu tento, mas meu hobby é a declamação, até tenho alguns troféus”, revela, entre risos.

Ele conta que entrou na vida tradicionalista quando as filhas se interessaram pela dança, criou um vínculo de amizade e começou a dançar e declamar. “A vida no tradicionalismo é saudável e muito gostosa.”

Já na carreira, conforme as lembranças do soldado Galarsa, quando entrou na formação para ser policial, o sistema era diferente. Fez o curso em Novo Hamburgo no 3° Batalhão da Polícia Militar e em oito meses estava pronto para trabalhar na rua. “Na época a cobrança era mais rigorosa, mas acredito que no intelecto a Brigada avançou, já no preparo físico deixou de ser tão puxado.”

No início da carreira continuou na cidade em que se formou. O primeiro setor que atuou foi no 4º turno, das 19h à 1h, na Feevale, ali ficou por três meses. Depois foi para a sala de rádio, onde recebia as ligações do 190. “Na sala de rádio eu achei minha função na Brigada, era agitado, mas eu gostava”, comenta. “Quando chegava alguém novo falávamos ‘bem-vindo à filial do inferno’, porque ali era uma loucura de movimento”, acrescenta.


“Sempre falo para meus parentes que Venâncio é a terra das oportunidades. Agora até que não está tão fácil de conseguir emprego, mas normalmente é. Me arrependo de não ter vindo antes para cá.”


LEMBRANÇAS

Entre tantas histórias, uma que marcou a carreira dele foi em 1990, na greve dos calçadistas, no Vale dos Sinos, quando estava no Batalhão de Choque. “Era frio e tinha no canto uma mulher bem humilde, de roupas curtas e chinelo de dedo. Fiquei com pena e, ao conversar com ela, fiquei sabendo que estava sem comer há um dia. Fiquei mexido, então dei duas barras de chocolates que tinha no cinto de guarnição. Os olhos dela brilhavam, ela queria me abraçar, mas não podia pois estava em serviço.”

Comparando as duas cidades que já atuou, ele comenta que, no início, Venâncio era bem calma, mas agora está mais violenta e agitada. Na ronda escolar, procura sempre alertar os estudantes. “Neste ano já tivemos ocorrências de drogas nas escolas. Sabemos que o esse mundo está visível para eles, porém alertamos sobre os perigos, e tentamos mostrar que não existe nada de luxo no crime”, ressalta.

Galarsa, conhecido também como ‘Alô, você’ e a esposa Giselda Furtado (Foto: Arquivo pessoal)

A primeira prisão não se esquece

A primeira prisão que Galarsa efetuou foi em Novo Hamburgo, quando trabalhava das 7h às 13h, no 2º turno. Ele lembra que era um sábado, passado do horário do meio-dia. “Tinha um homem roubando coisas miúdas e colocando na mochila, saiu do mercado e eu abordei ele. O furto se configurava, então fomos para a delegacia, cheguei às 13h e sai às 19h da DP”, recorda.

CASO INUSITADO 

Outra ocorrência que o soldado destaca foi em Venâncio Aires. A Brigada recebeu uma denúncia de abuso sexual de um animal. “Um cara tinha abusado de uma cadela. Os vizinhos estavam tentando pegar e bater nele quando chegamos. O homem confessou e foi encaminhado à delegacia. A cadela estava grávida, tinha dono e passou por cuidados depois.”

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