Pra contar histórias: ‘Munida’ de sorrisos para encarar a vida

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Basta uma conversa rápida para perceber que Eva Sirlei da Fonseca, 58 anos, moradora do bairro Macedo, tem um coração enorme. De riso fácil, ela compartilha, com um brilho no olhar, as experiências que a tornam uma mulher forte. Uma mãe e avó que ama estar em família.

Quando abriu a porta de sua casa para receber a reportagem, ela havia acabado de chegar de uma aula de dança, da qual participa semanalmente no posto de saúde do bairro. Não bastasse isso, ela e o marido, Sidenio Garcia da Fonseca, 62 anos, cultivam o hábito do pedal.

Evinha, como é carinhosamente conhecida, é uma caixa de surpresas. A mãe de Marcelo e Paulo Roberto e avó de Tainá, Iago, Pedro e do neto do coração Matheus Henckes, trabalhou durante 12 anos como agente de saúde no Macedo. Mensalmente, eram cerca de 260 famílias visitadas. No entanto, precisou deixar o cargo em função da exigência do concurso.

“Ainda quero fazer esse concurso e voltar a atuar na área”, afirma. Foi cuidando de outras famílias como se fossem a sua que despertou um carinho especial de grande parte dos moradores das redondezas. Além disso, durante sete anos trabalhou no setor do Bolsa Família junto à Assistência Social do município.

O cachorro Yuri foi um presente da amiga Maria Rita Pinto Carvalho (Foto: Ana Carolina Becker/Folha do Mate)

INFÂNCIA

A vontade de ajudar o próximo não surgiu de uma hora para a outra, mas sim, foi cultivada desde a infância. Morou até os 12 anos no bairro Coronel Brito com os pais Senira e Abino Imming, cuidou do irmão enquanto os pais trabalhavam na fumageira. Foi alfabetizada na escola 11 de Maio e no Cônego Albino Juchem (CAJ). Enquanto contava à reportagem sobre sua infância, relembrava sobre um dos momentos, quando ainda estava no ensino fundamental. “Teve uma vez que cheguei com muito frio na escola, sendo que eu estava usando um casaquinho bem fino. Lembro que as professores colocaram em volta de mim aqueles jalecos brancos e me puseram sentada do lado do fogão a lenha para me aquecer”, pontua. Eva não esconde que a família passou dificuldades no início. “Eu usava chinelos para ir à escola”, exemplifica.

Dentre outros momentos que guarda com carinho da infância, é do dia em que recebeu permissão do pai para comprar algo de seu agrado na ‘venda’ do Celso Becker. “Eu estava com muita vontade de comer sagu”, relembra. Ela conta que na época se ia fazer compras com uma mala. “Voltei com um quilo de sagu dentro”, diz, entre risos.


“O meu bairro é uma extensão da minha casa.”

EVA SIRLEI DA FONSECA – Dona de casa


Eva casou em fevereiro de 1979. No entanto, a história de amor do casal começou de uma forma diferente das demais. A dona de casa lembra que estava atuando como cupido de Fonseca com uma amiga. “Começamos sendo amigos e vimos que o que sentíamos era muito mais”, destaca. Ela comenta que quando fez uma festa para marcar a chegada dos 15 anos, nos fundos de casa e ao ar livre, a família de Fonseca foi convidada. “Fiquei muito amiga das irmãs dele e, naquela época, era comum convidar a família para vir”, diz. A partir disso, o casal ficou junto e a visita à residência da família Imming se tornou mais comum. “Os namoros daquela época eram diferentes. Nós sentávamos na sala e a mãe ficava na cozinha, mas sempre de olho”, recorda, entre risos.

Quando casaram, Eva e Sidenio moraram com seus pais em duas peças durante quatro anos. Os dois filhos nasceram no local e, somente depois, quando o marido já estava efetivado, que compraram um terreno no bairro Macedo. “Quando quitamos o terreno, compramos uma casa usada de madeira”, diz. A casa estava localizada ao lado da atual residência do casal.

A vida mudou e melhorou ao longo dos anos. No entanto, Evinha não deixou sua vontade de ajudar o próximo de lado. Ela relembra que quando atuou como agente de saúde, em algumas ocasiões, visitava enfermos regularmente para dar medicamento. “Teve outra vez que tínhamos um vizinho que usava fraldas, mas não tinha condições de comprar. Eu pedi ajuda para algumas famílias com R$ 5 mensalmente e comprávamos para ele”, recorda.

A família Fonseca na primeira fileira da esquerda para direita: Pedro, Marcelo, Sidenio, Paulo Roberto e Yago. Da esquerda para a direita de pé: Tainá, Viviane, Eva e Lovete (Foto: Ana Carolina Becker/Folha do Mate)

OUTROS PASSOS

  1. Ainda com 14 anos, Eva começou a trabalhar na fumageira. Passou por empresas como a antiga Rio Grande Tabacaleira, Tabasa, Dymon e Alliance One.
  2. Conseguiu terminar o ensino fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no bairro Macedo. Estudou também no Colégio Aparecida, atual Bom Jesus Nossa Senhora Aparecida.
  3. Quando deixou o cargo de agente de saúde, os moradores fizeram um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas, mas não foi possível.
  4. Atualmente realiza campanhas de arrecadação de roupas e alimentos para serem repassadas às famílias com ajuda de pessoas conhecidas. A última família a receber foi de Vila Mariante.
  5. É tradição no período de férias escolares promover o ‘Churrasco dos Netos’.

Atividades de Eva
• Atua como ministra da igreja desde 1993
• É a atual presidente do Clube de Mães do bairro
• Integra a Associação de Moradores do bairro Macedo
• É integrante com direito a voto do Conselho Municipal de Saúde e Conselho Local de Saúde
• É uma das idealizadoras do grupo de famílias da Macedo

    

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