Profissão se mantém viva por três gerações

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Quando o assunto é mudança no visual, o barbeiro Cássios da Silva Soares, 45 anos, tira de letra. A habilidade nas mãos com os instrumentos de trabalho ele adquiriu quando observava o pai, Olívio Carvalho Soares, atendendo os clientes no estabelecimento da família, em Pantano Grande.

Desde os 13 anos, ele já cortava o cabelo dos meus colegas e a barba do meu pai. Foi assim que me tornei um barbeiro, e com muito orgulho”, afirma.

Inspirado no pai, que está há 54 anos atuando na profissão, ele e o irmão, Clai Soares, 49 anos, decidiram dar continuidade ao negócio e passaram a trabalhar juntos, em Pantano Grande. “Em 1987, não tinha máquina elétrica, só manual. O corte que se usava na época era o cogumelo. Lembro que ficava com os braços doloridos porque fazia força para manusear a máquina”, recorda.

Em 2015, o pantanense veio morar em Venâncio Aires com a esposa, Daniela Soares,45 anos, e abriu o seu próprio negócio. “Muitos sugeriram que eu divulgasse minha profissão como cabeleireiro, porque barbeiro era muito retrô. Mas, vindo de uma família de barbeiros, eu jamais faria isso”, afirma Soares, que já soma, 32 anos de profissão.

Desde a infância, Cássios estava ao lado do pai, Olívio, na barbearia da família, em Pantano Grande. (Foto: Arquivo pessoal)

Ele observa que, nos últimos anos, a profissão sofreu muitas mudanças. “Antes os clientes vinham para cortar o cabelo ou fazer a barba e já iam embora. Agora, o público masculino está mais vaidoso”, avalia. As barbearias estão investindo na estrutura dos salões, para deixar as pessoas mais descontraídas. “Os clientes vêm até a barbearia para tomar uma cerveja, jogar miniesnuque e conversar, enquanto fazem o cabelo”, afirma.

Mesmo que muitas mudanças tenham ocorrido desde a época do pai, Olívio, ele acredita que a essência sempre se mantêm, principalmente quanto aos cortes de cabelo. “O tradicional nunca sai de moda. Os antigos cortes de cabelo, por exemplo, sofreram mudança de nome e algumas variações, mas a base ainda permanece a mesma”, considera.

Um outro aspecto que ele considera importante é a evolução nos instrumentos de trabalho, que estão cada vez mais modernos, trazendo mais segurança e praticidade ao dia a dia do barbeiro.

Apesar das inovações na área, o barbeiro acredita que para se manter na profissão o segrego é sempre estar atualizado, procurando aprender. “Costumo fazer cursos e workshops para inovar nos meus serviços, sem fugir do tradicional. Acredito que, para ser um bom barbeiro, é preciso dominar a tesoura e a navalhete”, avalia. Ele observa que, nos últimos cinco anos, as barbearias foram remodeladas e voltaram com força total. “Tem lugar para todos que quiserem investir na área, mas quem não se manter atualizado vai ficar para trás”, observa o profissional, que teve que encarar vários desafios quando decidiu deixar a cidade de origem para empreender na Capital Nacional do Chimarrão.

GERAÇÕES

Júnior deixou a faculdade de Ciências da Computação para trabalhar ao lado do pai, Cássios. (Foto:Taiane Kussler/Folha do Mate)

As habilidades com a tesoura foram repassadas de geração para geração. Cássios Soares hoje transmite tudo o que aprendeu com o pai Olívio, ao filho Cássios da Silva Soares Júnior, 22 anos. “Sempre deixei ele escolher a profissão que pretendia seguir, mas confesso que quando Júnior contou a mãe que deixaria a faculdade de Ciências da Computação para trabalhar ao meu lado como barbeiro, aquilo me encheu o peito de tanta alegria”, conta.

Família de barbeiros

Ao todo, são sete barbeiros na família de Cássios. Além dele e do filho, que atuam em Venâncio Aires, em Pantano Grande, seu Olívio (o pai) trabalha ao lado do outro filho Clai, da nora e do casal de netos.

    

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