Mercados, lojas e estabelecimentos de serviços estão se adequando a vendas por tele-entrega, por conta da pandemia da Covid-19. No meio rural, os produtores também aderem à estratégia de venda e se adaptam às novas orientações para venda.
A extensionista da Emater/RS-Ascar, Djeimi Isabel Janisch, explica que a realização de encomendas por WhatsApp e a entrega com as sacolas prontas, na casa dos clientes, estão entre as práticas orientadas pela Emater para reduzir as chances de contaminação do coronavírus e proteger agricultores e consumidores.
O produtor de frutas, legumes e verduras Raul de Azeredo Coutinho Neto faz entregas de hortaliças há mais de 20 anos. No último mês, notou aumento na procura. “As pessoas estão evitando sair de casa e estão consumindo mais o serviço de tele-entrega”, comenta o agricultor.
Morador de Linha Herval, ele continua fazendo as entregas duas vezes na semana, porém agora, com mais cuidados durante o roteiro que abrange bairros da região central de Venâncio Aires. “Já faz três semanas que adotei diversos cuidados, uso álcool em gel várias vezes e também oriento os clientes a não chegarem muito perto”, explica.
Uma novidade para ele foi que, em mais de duas décadas entregando alimentos nas casas, nunca havia recebido por depósito bancário, mas por conta da pandemia, precisou oferecer o serviço. “Tenho uma cliente de anos e ela está em isolamento. Eu deixo a sacola na porta do apartamento e ela me deposita o valor.”
As encomendas também funcionam à distância. Coutinho manda a lista de produtos via mensagem de WhatsApp para os clientes e eles escolhem o que querem comprar. “Vendo o que o cliente quer, se ele quer só meio quilo, eu vendo isso. Tentamos sempre nos adequar e ofertar os produtos que ele prefere”, destaca.
Sobre o momento que vivemos, o produtor avalia que nunca viu uma crise tão forte, pois essa ela afetando todos os setores. “Todas secas foram difíceis, mas agora coincidiu com a pandemia e está ficando tudo mais difícil ainda”, lamenta. Ele também argumenta que está complicado para manter a boa produção. “Tem procura, mas não tem como aumentar a produção. Preciso de insumos e não tem lugar aberto para comprar.”
“É melhor comprar de produtores locais, porque sabemos que passou por menos mãos. Também temos que perceber que no nosso município não temos casos de coronavírus, já as mercadorias que vêm de outras cidades passaram por mais mãos e trazem mais riscos.”
DJEIMI ISABEL JANISCH
Engenheira agrônoma e extensionista da Emater
Feiras da Cooprova
A Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) retomou, nesta semana, as feiras no espaço nos fundos da Prefeitura. Conforme a secretária da entidade Carine Larsen, os produtores estão com alimentos que eram destinados para escolas e restaurantes, parados. “Devemos fazer esse estoque girar, porque as pessoas também precisam de alimentos.”
A feira deve acontecer nas terças e quartas-feiras pela manhã, com apenas um produtor administrando as vendas. Nas sextas-feiras à tarde e nos sábados de manhã, dias com maior movimento, serão quatro produtores cuidando do local.
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