Reflexos econômicos: “hora de agir é agora”

-

Desde o início desta semana é possível perceber uma redução no movimento nas ruas de Venâncio Aires. A justificativa para isso é a ameaça do coronavírus e os reflexos que ele causa por onde passa. Mesmo que nenhum caso tenha sido testado positivo no município, os empresários já sentem as reações. Escolas paradas, comércio, restaurantes, academias, fábricas. Em todas as pontas, garante especialistas e economistas, há reflexos.

Empresário e vice-presidente do Comércio, da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Airton Bade, já percebe uma redução no movimento das lojas. “O comércio já está com problemas, já estamos enfrentando queda nas vendas em função da estiagem e agora o coronavírus vem para prejudicar ainda mais”, lamenta. De acordo com ele, a ideia agora não é que os estabelecimentos fechem, mas que forneçam itens de higienização para os funcionários e clientes. “Se fecharmos agora, daqui a dois meses vamos ter demissões em massa e os reflexos serão ainda maiores”, observa. Bade acredita que essa é mais uma crise que precisa ser enfrentada. “Enfrentada de que maneira? Da melhor forma possível”.

A Caciva informou que não possui nenhum posicionamento sobre fechamento de lojas, mas está instruindo que todos os empresários cumpram as determinações do Setor Epidemiológico.

INDÚSTRIAS BUSCAM PREVENÇÃO

Entre as indústrias, a Brasfumo foi a primeira a orientar seus colaboradores a trabalharem de casa pelo período de 15 dias. A informação foi confirmada pela diretoria que garante a preocupação devido a propagação do Covid-19. “Como não iniciamos o processo ainda, achamos melhor resguardar nossos funcionários, bem como, auxiliar para que possam cuidar de seus filhos”, informou. Mesmo realizando as tarefas de casa, a empresa reforça: “A empresa não parou, temos o que fazer e faremos da melhor maneira possível e preservando nossos funcionários.”

Em contato com o SindiTabaco, o presidente Iro Schünke informou que “as empresas estão tomando todas as medidas recomendadas pelos órgãos competentes e estão acompanhando a evolução dos fatos”. Na tarde de ontem, a reportagem contatou indústrias do setor do tabaco, refrigeração e metalúrgico de Venâncio Aires que informaram que estão tomando medidas preventivas e seguem com as atividades.

CALAMIDADE

Na tarde de quarta-feira, 18, durante coletiva de imprensa, o ministro da Economia, Paulo Guedes anunciou um auxílio mensal de R$ 200 para profissionais autônomos durante a crise do coronavírus. A medida busca garantir renda àqueles trabalhadores que não têm rendimentos fixos e, em geral, também não contribuem para a previdência. O valor faz parte do pacote de R$ 15 bilhões voltado para “populações desassistidas”. Para que o recurso seja liberado, o Congresso precisa reconhecer o estado de calamidade pública do país.

O economista Carlos Giasson ressalta que a população vem tendo um comportamento irracional por consequência do medo do Covid-19. Para ele esse comportamento acaba refletindo em outras pessoas da sociedade. “Se a pessoa comprar mais mantimentos do que precisa o outro vai ficar sem”, enfatiza. Para o economista, a comunidade deve manter o mesmo ritmo de consumo.


“Temos que trabalhar e fazer a coisa girar, não podemos entrar em pânico.”

AIRTON BADE – Empresário e vice-presidente do Comércio da Caciva


RETARDO DA PROPAGAÇÃO

O governador Eduardo Leite ao falar sobre a importância de retardar a propagação do vírus no Rio Grande do Sul destacou: “A hora de agir é agora, mesmo que tenhamos ainda poucos casos confirmados. Somente as medidas determinadas pelo governo não serão suficientes. Precisamos que a iniciativa privada também se planeje para enfrentar esse período difícil”.
Leite se refere às alterações de rotina, como rodízio entre os funcionários e mudanças de jornadas, para evitar a lotação do transporte coletivo, além da implementação do teletrabalho, em funções que possam ser adaptadas ao regime.

Mesmo cientes das complicações econômicas da crise de coronavírus, as entidades se mostraram compreensivas. Além de destacarem a importância de uma análise de dados com cálculos estatísticos, também exaltaram a rapidez com que as atitudes estão sendo tomadas pelo governo. Embora tenham demonstrado preocupação com os negócios, os representantes de mostraram atentos à situação e expuseram planejamentos que estão sendo elaborados.


“Precisamos que a iniciativa privada também se planeje para enfrentar esse período difícil.”

EDUARDO LEITE – Governador do RS


Fala, economista!

Para Giasson, os reflexos serão sentidos em todas as pontas. No entanto, ele acredita que toda essa queda originada devido ao Covid-19 deve estabilizar e a economia deve voltar a crescer. “Esse será o momento de recuperação daqueles empresários que perderam. Quando tudo passar, as pessoas vão voltar a comprar em lojas, ir a restaurantes e bares, abastecer o veículos e a fazer a tantas outras coisas”, garante.

Para ele, que atua como professor da Universidade do Vale do Taquari (Univates), o profissional que mais sofre no momento com essa pandemia é o liberal, mais do que as grandes empresas. “Sempre digo que os salários desses profissionais liberais devem ser mantidos de forma correta para que eles não fiquem sem dinheiro”, orienta.

GUIA DE BOAS PRÁTICAS

Negociar muito – sem caixa, a empresa não sobrevive. O lucro deve ficar em segundo plano, neste momento. Como não há certeza sobre a extensão do surto da doença, é necessário ser radical na administração de caixa. Se houver necessidade de crédito, é preciso agir rápido e solicitá-lo o quanto antes;

  1. Liberação para teletrabalho – avaliar a possibilidade de concessão de home office para os colaboradores
  2. Ventilação dos ambientes – caso o home office não seja possível, prezar pelo arejamento dos locais de trabalho
  3. Concessão de férias coletivas – assim é possível conter parte das despesas fixas e variáveis relacionadas à operação
  4. Reduzir custos – avaliar todas as despesas por ordem de relevância e eliminá-las;
  5. Potencializar o e-commerce e o delivery como estratégias de venda – diante das restrições ao livre trânsito e do receio de contaminação, cada vez mais as pessoas permanecerão em casa, e isso pode ajudar na composição das receitas.

*Fonte: Comitê de Crise do CDL de Porto Alegre

LEIA MAIS:

De olho na prevenção: coronavírus

O que você precisa saber sobre o Covid-19

Hospital São Sebastião Mártir restringe acesso por causa do Covid-19

Expoagro Afubra é cancelada em função do Covid-19

IFSul suspende atividades presenciais por três semanas a partir de segunda-feira

Prefeitura de Passo do Sobrado adia Festa do Búfalo

Atividades nas escolas da rede estadual serão suspensas a partir de quinta-feira

Univates suspende aulas nesta segunda-feira; a partir desta terça encontros serão virtualizados

Prefeitura suspende aulas em escolas municipais e concurso público

Venâncio Aires confirma três casos suspeitos de coronavírus

Onze casos de Covid-19 estão confirmados no Estado

São Paulo registra mais uma morte por coronavírus

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido