Museu de Venâncio Aires: mais um aniversário com as mesmas necessidades

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Na quinta-feira, 26 de outubro, o Museu de Venâncio Aires completou 29 anos. Nesta sexta-feira, 27, a Rádio Terra FM transmitiu dois programas jornalísticos – Folha 105 – 1ª Edição e Terra em Uma Hora – direto do Edifício Storch, com a finalidade de marcar o aniversário do Museu e ainda estimular a comunidade no sentido de visitar o local, que guarda mais de 70 mil peças no acervo, contabilizados discos, CDs, jornais e outros itens, como os famosos vestidos pretos utilizados por noivas na Capital do Chimarrão.

Âncora do Folha 105 – 1ª Edição, a jornalista Letícia Wacholz, editora da Folha do Mate, bateu um papo com o presidente do Núcleo de Cultura de Venâncio Aires (Nucva), o médico Cristiano Pilz. E, como se esperava, ele compartilhou com a comunidade as dificuldades enfrentadas nos últimos tempos. Entre elas, revelou uma intimação do Ministério Público, onde foi prestar esclarecimentos sobre o estado de degradação do prédio do Museu. “Foi uma denúncia que chegou à Promotoria e tem esta responsabilidade civil”, afirmou.

De acordo com Pilz, a obra “urgente, urgentíssima” é o conserto das sacadas, pois recentemente um pedaço de reboco caiu e o MP entende que isso gera risco às pessoas que circulam nas proximidades do local. “As sacadas nós vamos arrumar na semana que vem”, declarou, ao ressaltar que este é um problema que pode ser resolvido sem tanta burocracia. Só que, para consertar telhado e fachada, por exemplo, são necessários projetos que dependem de aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). “O telhado precisa ser trocado. Faltam telhas e tem goteiras. Em razão do tombamento, há uma exigência para voltar ao modelo de telha anterior, que são telhas francesas de barro”, comentou o presidente.

Para todas melhorias que precisam ser feitas no Edifício Storch, Pilz estima que sejam necessários cerca de 500 mil dólares, o mesmo valor arrecadado para a compra do prédio, na década de 90. “O que tenho dito é que quase precisamos recomprar o Museu, porque o montante é semelhante ao da compra do edifício”, disse, em relação aos R$ 3 milhões, aproximadamente, que seriam a salvação do Museu. Acessibilidade, elevador e a construção de um novo espaço, projetado para o terreno que fica atrás do prédio, são algumas das necessidades. No caso do terreno, ainda há empecilhos, uma vez que os herdeiros do imóvel recorrem na Justiça contra o processo de desapropriação iniciado pela Administração Municipal.

SEGURANÇA

Apesar das intermináveis demandas, o Nucva tem, há algum tempo, uma segurança: a parceria que foi firmada com a Prefeitura garante aluguéis em dia e, dessa forma, dá suporte para a manutenção básica do Museu. Atualmente, as duas salas do Edifício Storch estão locadas para o Município, que implementou no espaço a Secretaria de Cultura e Esportes e o Centro de Atendimento ao Turista (CAT). “A parceria com a Prefeitura funciona bem. Antes tínhamos problemas porque não pagavam aluguel direito (antigos inquilinos). Aí era cobrança via judicial, o que complicava bastante. Agora, todos os meses o dinheiro entra na conta certinho, então não precisamos nos preocupar com isso”, observou Pilz.

Os recursos públicos asseguram os pagamentos de salários, água, energia e telefone, entre outros, mas não sobra nada para investimento. Com cada vez menos pessoas dispostas ao engajamento à causa, a saída é a busca por emendas parlamentares e captação de valores via Lei Rouanet. Para o ano que vem, Pilz acredita que será possível captar R$ 800 mil junto a pessoas físicas e jurídicas, por meio do Imposto de Renda. “A fachada do prédio tem que ser restaurada, mas vai requerer uma empresa especializada, porque é toda trabalhada. Hoje em dia não se acha mão de obra disponível que faça isso em qualquer lugar”, falou.

Frases marcantes

• Durante a entrevista, o presidente do Nucva, Cristiano Pilz, fez várias declarações fortes. As frases marcantes ressaltam a necessidade de ‘socorro’ ao Museu, sob pena de o patrimônio se perder. Confira algumas delas.

• “Não posso só chamar um pedreiro e consertar, rebocar. É preciso fazer um projeto. Vai para o Estado, tem que ser aprovado e, depois, executado. Na execução, tem que bater foto antes, durante e depois. Se alguém doar galões de tinta para pintar o Museu, eu não posso. Preciso de autorização. É uma burocracia imensa e que encarece muito o conserto”.

• “As leis vão mudando. Tem que ter elevador, banheiro masculino e feminino. Por conta do tombamento, o elevador não pode ser externo, como no Clube de Leituras. Temos que construir o túnel do elevador, na parte interna”.

• “O acervo precisa ser retirado do terceiro andar, porque entre o segundo e o terceiro andares não tem chapa, é de madeira. Tem toda uma questão de peso. Está ali há quase 100 anos. Precisa sair, para evitar desabamento e abrir espaço para exposição”.

“Nestes 29 anos, muitas pessoas passaram pelo Museu. Agora, chegou a nossa vez e precisamos mantê-lo vivo. É nosso dever conservar e preservar a história do município. Temos que movimentar o espaço, tornando-o cada mais presente na vida dos venâncio-airenses, pois muitos sequer o conhecem”.

CRISTIANO PILZ

Presidente do Nucva



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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