Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateRoubos a pedestre têm sido a grande preocupação da Polícia Civil de Venâncio Aires

Roubos a pedestre têm sido a grande preocupação da Polícia Civil de Venâncio Aires

Cada vez, com mais frequência, é possível ouvir as pessoas falarem a respeito do quanto sentem-se inseguras nas ruas, até em função da criminalidade e do grande número de roubos e assaltos que ocorrem em todo os lugares do país veiculados pelos meios de comunicação. Quase que um sentimento constante na vida das pessoas, a insegurança também toma conta dos venâncio-airenses, conforme o que foi verificado pela reportagem.

De acordo com o inspetor da Polícia Civil de Venâncio Aires, Paulo Ullmann, em julho, ocorreram três roubos a pedestre no município e estes têm se tornado um grande motivo de preocupação. Segundo ele, costumam ser frequentes roubos de celulares, bem como, de bolsas. Além disso, 99% deles são praticados por usuários de drogas, principalmente de crack.

O inspetor ressalta que a comunidade deve ficar em alerta, mas que Venâncio ainda é um município muito calmo se comparado a outras regiões mais próximas. Na opinião dele, é um conjunto de fatores que ocasionam os frequentes roubos nas ruas, por exemplo. Entre eles, está o policiamento com pouco efetivo, sistema penitenciário lotado, leis que beneficiam os criminosos e, principalmente, a impunidade. “é a impunidade que leva, muitas vezes, a crimes violentos e fatos extremos”, comenta.

Para o inspetor de polícia, os bandidos devem ser tratados com mais rigor. “Tem bandidos que fazem o que não devem para chamar atenção mesmo”, complementa.

Como dicas de cuidados que devem ser necessários ao sair de casa, Ullmann sugere que as pessoas jamais levem todos os documentos consigo e, tampouco, objetos de valor em uma bolsa, por exemplo. Portar apenas a carteira de habilitação é suficiente, pois ela já contém o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Registro Geral (RG).

O inspetor também explica que se torna muito perigoso estacionar o carro, ficar com o vidro aberto e mexer no celular, porque atrai a atenção dos criminosos. Em caso de algum assalto, Ullmann aconselha que a pessoa não reaja, demonstre calma, não faça movimentos bruscos e entregue os bens que eles quiserem, pois estes não são tão importantes como a vida.

A capitão Scheila Letícia Ziemann Gaira, da Terceira Companhia da Brigada Militar de Venâncio, ressalta que, com frequência, as viaturas circulam pela cidade em horários bancários e comerciais para aumentar a segurança no município. Segundo ela, a Brigada também está preocupada com o interior e, em função disso, já existe a Patrulha Comunitária do Interior (PCI).

Assim como o inspetor da polícia, a capitão também comenta que Venâncio tem um número baixo de roubos, furtos e criminalidade em relação aos outros municípios. Deste modo, as pessoas até têm motivos para sentirem-se inseguras, mas este sentimento não tem necessidade de ser tão grande e chegar a ponto de prejudicar a vida e o rendimento no dia a dia. Para ela, as pessoas necessitam ter o mínimo de cuidado e atenção nas ruas, para que, assim, seja possível afastar os delinquentes.

Sentimento naturalPara a psicóloga Letícia Nedwed, a insegurança é um sentimento natural em diferentes aspectos na vida das pessoas, porém, a violência é um dos fenômenos que mais tem preocupado a população nos últimos tempos. “A violência não é algo natural, mas sim, o resultado do desequilíbrio das relações humanas”, opina. Segundo ela, cada ação concreta de agressão ou violência permite ritualizar uma ameaça, o que justifica a reprodução do medo e a adoção de medidas de segurança.

Letícia explica que faz parte da vida as pessoas estarem em sinal de alerta, pois este é um mecanismo de defesa. Contudo, elas não podem deixar que este medo tome conta e influencie as próprias vidas de forma negativa. “é necessário conhecer os riscos que enfrentamos, mas que esses pensamentos não impeçam de termos momentos de lazer e vida social”, complementa.

De acordo com ela, é preciso estar informado a respeito dos lugares que se frequenta, sobre pessoas com as quais se convive, bem como, estar atento ao que ocorre ao redor. “Caso o medo tome conta da vida da pessoa, é necessário procurar ajuda de um profissional da saúde”, aconselha.

A profissional ressalta que a insegurança nem sempre faz parte de uma experiência concreta de violência. O sentimento corresponde às crenças de que tudo pode acontecer, que se deve esperar tudo e que não se pode ter certeza de nada no que diz respeito ao próximo. Para ela, este tipo de pensamento torna as pessoas mais receosas em se relacionar com o próximo, mas isso não gera perda de valores pessoais quando o indivíduo, considerado ‘saudável’, tem um entendimento maior de si mesmo. “Não podemos deixar de acreditar nos seres humanos e em uma vida mais repleta de pessoas com sentimentos bons e que agreguem, em nossa bagagem de vida, princípios, valores e amor ao próximo”, explica.

 

Consequência da insegurança

Segundo a psicóloga Letícia Nedwed, a insegurança nas ruas ou em qualquer lugar pode ter dois efeitos na vida pessoal e profissional das pessoas. O sentimento poderá paralisá-las, o que as impedirá de seguir em frente. Como consequência, isso faz as pessoas tornarem-se vítimas dos próprios medos e as prejudica tanto na vida pessoal, como profissional.

Quando a insegurança é encarada com maior consciência, poderá ter o efeito contrário, como, por exemplo, tende a tornar os indivíduos mais atentos a possíveis riscos e mais críticos em relação às questões sociais e de relacionamento. Com tudo isso, é possível impulsionar novas formas de pensar e agir.