A professora Bianca Campos da Silva, 25 anos, tem uma ajudante na tarefa de ensinar, envolver as famílias nas atividades escolares e despertar a curiosidade dos alunos da pré-escola B: a lagarta Selpudinha.
A personagem acompanha os 19 estudantes da turma nas brincadeiras e no aprendizado, todas as manhãs. Mas, mais do que isso, faz com que o trabalho ultrapasse a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Benno Breunig e chegue na casa de cada criança. “Acredito que a educação é um trabalho conjunto entre escola e famílias. Por isso, procuro sempre envolver as famílias nas atividades relacionadas às pesquisas”, afirma a educadora, finalista do prêmio ‘Adiante, professor’, na categoria Educação Infantil – 4 e 5 anos.
O envolvimento é tanto que os alunos criaram um borboletário em sala de aula. Uma caixa de plástico, acomodada no fundo da sala, é a ‘casa’ de diversas lagartas, alimentadas por folhas de couve trazidas pelos alunos.
“Os alunos precisam se sentir parte do processo. O trabalho com projetos é uma grande ferramenta pois, quando situações instigadoras são propostas, despertam a curiosidade e encantam os alunos. Assim, todos se sentem instigados a aprender.”
BIANCA CAMPOS DA SILVA – Professora
Quando a turma recebeu a visita de integrantes da comissão avaliadora do prêmio ‘Adiante, professor’, no início de julho, algumas lagartas já começavam a fazer o casulo. Agora, já devem ter se transformado em borboletas e voado pela janela da sala de aula. Como adiantaram os pequenos alunos, prevendo os resultados do projeto de pesquisa, ia ter “um monte de borboletas voando por aí”.
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PESQUISA
O projeto que faz brilhar os olhinhos dos pequenos estudantes começou no início do ano, quando a passou a atuar na escola do bairro São Francisco Xavier. Um ovo de tecido foi para a casa de cada aluno e esses passeios resultaram em um livro com relatos de cada família.
As crianças, que ainda não sabem ler e escrever, também foram para o laboratório de informática e, com a ajuda da professora, descobriram que de um ovo podem nascer diversos animais. O que mais chamou atenção foi a possibilidade de nascerem lagartas. E foi justamente uma lagarta que nasceu do ‘ovo de estimação’ da turma do pré.
Desde então, todos os ‘conteúdos’ têm alguma relação com a Selpudinha. “Eles ainda não sabem ler, mas já reconhecem o L de lagarta. Por meio dessa personagem, temos uma forma lúdica de trabalhar as letras, os números, músicas, desenhos, poemas”, cita a professora Bianca.
Para ela, o trabalho com projetos desperta a curiosidade e possibilita uma interação com as famílias. “Um aluno trouxe uma lagarta de verdade para a escola e agora os colegas têm a tarefa de trazer couve para alimentá-las”, comenta.
PERFIL
Já na infância, em meio às brincadeiras de ‘escolinha’, Bianca Campos da Silva pensava em ser professora. Natural de Mato Leitão, cursou Magistério, em regime de internato, no Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã, em Estrela.
Em 2014, passou no concurso para monitora, em Mato Leitão, onde trabalhou por 4 anos. Em 2018, se formou em Pedagogia pela Universidade do Vale do Taquari (Univates) e obteve nomeação como professora de Anos Iniciais e Educação Infantil na rede municipal de Venâncio Aires.
Neste ano, concluiu a pós-graduação em Supervisão Escolar. Além de ser professora do pré B da Emef Benno Breunig, leciona na Emef Otto Gustavo Daniel Brands, com a turma de 2º ano do Ensino Fundamental.
Para a diretora da Escola Benno Breunig, Carine Isabel Reis, apesar de ser o primeiro ano que a professora Bianca atua na escola, ela logo se identificou, se inseriu na instituição e cativou os alunos. “Para trabalhar com pré tem que ser alguém que se identifica muito com a pedagogia. E ela tem muito isso. No pré, tem alunos que vieram de Emei ou que nunca estiveram na escola. É um grande desafio. Gostamos muito da Bianca na nossa escola.”
SÉRIE DE MATÉRIAS
Desde quarta-feira, 7, a Folha do Mate divulga as matérias sobre os finalistas do prêmio ‘Adiante, professor’. Nessa quinta-feira, 8, foi a vez da professora Laureci Teresinha Rodrigues. Amanhã, será apresentada a a professora Luiza de Fátima Lazzaretti. A publicação das matérias segue até dia 22, véspera da cerimônia de premiação.
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