O mundo é um lugar de discrepâncias. A China está envolta em problemas sérios com o coronavírus, que já matou quase 30 pessoas desde o último dezembro. As soluções passam por isolar a cidade de Wuhan, o epicentro da doença, onde vivem 11 milhões de pessoas. De quebra, pretendem construir em seis dias um hospital de 25 mil metros quadrados com mil leitos, para atender aos pacientes da enfermidade assustadora e ainda um tanto quanto misteriosa.
Aleatoriedade, tópico 2
Casos assim fazem refletir sobre o quão abençoados e amaldiçoados somos de estar no Brasil. Na terça-feira, dia 28, faz uma década que o Metallica esteve em Porto Alegre pela última vez. O show seria no estádio do Zequinha, que não foi liberado pelo Corpo de Bombeiros. Puseram então num tal Parque Condor, que nunca havia recebido nem voltaria a receber coisa alguma deste tipo. Era uma grande área com gramado ao lado do Pepsi On Stage, suficiente pra acomodar os quase 25 mil fãs, que buscavam encerrar o jejum de 11 anos sem ver James Hetfield e Lars Ulrich ao vivo em sua terra.
Memória que segue
Ainda durante a tarde prolongada de janeiro, uma garoa apareceu. Não mais do que dois milímetros de chuva acumulada. O gramado, pisoteado por toda aquela gente, se transformou em instantes num lamaçal. Não dava nem pra ficar na ponta do pé para enxergar por sobre a massa – e isso que a praga de ver o show pelo celular ainda não estava tão disseminada naquele tempo. O fantasma do Condor assombra os fãs outra vez: o Metallica volta à capital dia 21 de abril, na Arena do Grêmio. E conseguiram marcar um jogo dos tricolores pela Libertadores para exatamente o mesmo dia e local.
Viver é morrer
De algum modo, há coerência nisso tudo. O Brasil, que trata desta forma mesmo clientes de produtos pouco acessíveis à maioria, é o mesmo que atira pacientes em corredores de hospitais até que os títulos de To Live is to Die ou Fade to Black prevaleçam. Pense bem: se a consideração é pouca por quem consome produtos caros para a realidade financeira do país, será zero com quem não recolhe mais do que os impostos a que são obrigados, para sustentar estruturas pesadas e inúteis, comandadas por tipos que falam em marolinha, estoque de vento e, agora, em índios que são seres humanos como a gente. Perguntariam os donos originais da Terra de Vera Cruz com razão: a gente quem, cara pálida?
Três acordes
# A nova é que a atriz Regina Duarte, a mais forte candidata a substituir Roberto Alvim, aquele do discurso nazista, como secretária nacional de Cultura, também já pegou mais de um milhão em recursos pela Lei Rouanet – e bailou na prestação de contas.
# O problema está em R$ 319 mil captados para uma peça de teatro, realizada por produtora que está no nome da atriz. Os valores ainda não foram devolvidos pois Regina recorreu.
# Velhos tempos em que as discussões eram por motivos mais torpes, sobre quem é a melhor banda ou guitarrista, jogador ou time. Defesa de político, nos moldes que tem sido tão comum de ver, é sinal de retroação pura da sociedade.