Quanta justiça divino-gramatical que Brasil se escreva com B. O B do batuque, do bumbo, da bola e do Big Brother. Da batida do baixo e da bateria que fazem a base, mas isso não é barulho o bastante para boa parte dos brasileiros. Há os bons, mas também há babacas, biltres e beócios. De Bolsonaro e de discípulos dos bolcheviques, originários de Bruxelas, na Bélgica. É da bancada da bala – é com B grande ou B pequeno?, perguntaria o Chaves, um baluarte do bom e velho hábito de ver TV. Um país resumido numa letra. São bares, bebidas, belezas, beldades, bandidos, bancos, balbúrdia, bunda. Ah, a bunda. Tão importante que mereceria um B maiúsculo no bom português.

A bunda é uma instituição nacional. É onipresente. Começa a maior festa do país e ela gira em torno do quê? Da bunda, é claro. Samba, suor, silicone, jogo do bicho, uso político e afins são meros coadjuvantes. A bunda é quem prevalece. Fica à mostra, balança, todos veem e todos mostram, sem medo nem culpa. É um bálsamo. Até o tambor faz bum bum. Há espaço para bundões e bundinhas, belezuras e barangas. Bunda, bunda, bunda. Por tudo e para todos. No Brasil, um sujeito de pouca atitude é o que? Um bundão, óbvio. E quando alguém não gosta de algo, costuma mandar o outro enfiar aquilo onde mesmo? Nem preciso falar.

Já parou para pensar na indústria da bunda? São bundas malhadas em academias para ficarem belas, retocadas com cosméticos contra sinais do tempo, reboladas em salão para danças sensuais. São concursos de Miss Bumbum, revistas masculinas, programas de TV que mostram Panicats e afins e cantoras que viveriam sem a voz, mas não sem a bunda. Invoco um diálogo do querido Chaves outra vez, talvez em homenagem aos 91 anos do genial Chespirito, comemorados ontem: tire da Anitta a cara e a bunda bonita que tem e sim, restará não mais do que a Bruxa do 71. Pabllo Vittar não tem uma bunda no mesmo nível, mas a exibe assim mesmo. Crianças e adolescentes já têm bunda, só não deveriam mostrá-las como em certos clipes por aí. Precocidade que só um país com pais (d)e tamanha fixação pela bunda poderia promover.

A bunda é abundante no cotidiano do brasileiro. Ela causa admiração, inveja, tesão, repúdio e todo o leque imaginável e possível de sensações extremas. Brasileiro adora recriminar quem usa a bunda para transar, mas esquece de quantas vezes usou a bunda para tomar suas próprias decisões. Como votar, por exemplo. Os eleitores usam a bunda para escolher os políticos, que devolvem na mesma moeda e a usam sem dó na hora de governar. Olho por olho, dente por dente, bunda por bunda. Duvida? Fique na Praça da Bandeira hoje à noite. Olhe para o lado da Tiradentes e verá o monumento à bíblia. Vire-se para a Osvaldo Aranha e enxergará o monumento à bunda. O povo, outra vez aceitou tudo. Somos uns bundas moles.

O B, o Brasil e a bunda andam irmanados. Somos bondosos e bobos. Bestas e brutos. Benevolentes e brucutus. Adoramos dizer: basta! Mas nunca é o bastante. Burrice? Talvez. Mas não é só. A água que o brasileiro bebe não é nada benta. Está mais para branquinha – amarela se vier do Castelhano. Burlamos tudo, mas reclamamos nos bares da bandidagem.

Bem assim somos nós, cidadãos: de bem e bitolados nas bundas. Engolimos bazófias, bravatas, besteiras, bufos e bobagens. E deixamos tudo virar um bagaço. Bela b…