Quem nunca ouviu falar daqueles fatos de Venâncio? Em geral, situações reais – ou nem tanto – observadas por um ponto de vista pitoresco. Afinal, bom humor nunca é demais. Quando alguém cita estes clássicos do folclore local, costuma começar com o rapaz do jornal que não escreve, ou o da rádio que não fala. Estendem-se ao dirigente do grupo de motoristas que é barbeiro, a um presidente de clube de motos que não possui motocicleta ou a um líder de taxistas que não dirige táxi. Um amigo disse já ter visto certa feita um rapaz, que nas antigas teria levado seu Fiat 147 pra passear num carnaval sem autorização, orientando o trânsito por aí. E olha que a gente nem começou a contar os fatos da política – ainda bem, pois perderíamos a exclusividade em certas bizarrices.
O roqueiro é careta
No meio musical, em certa ocasião, alguém cravou: o roqueiro da cidade é careta. Não se valia de um dos pilares do tripé sexo, drogas e rock’n’roll. Não me recordo do autor da sacada, mas o personagem em questão era o Thomás Lenz, que até estava junto no momento da pérola e riu da piada. Anedota boa para o imaginário do povoado, mas que fique claro: sabemos todos – eu, você e ele – que é o melhor a se fazer. Aí estão para confirmar os remanescentes de tempos românticos e insanos do rock, que se tornaram saudáveis apenas depois de infartos, overdoses, quase explosões do pâncreas e etc.
Chuck Norris invejaria…
A tal lista de fatos, quase uma versão local e às avessas da que enaltecia o astro Chuck Norris na internet, ganhou novos componentes nesta semana. Um deles é a vítima de tentativa de feminicídio que beija o namorado e autor dos tiros contra ela no tribunal – três semanas após a cidade se unir em comoção por crime de igual natureza, em que a mulher envolvida foi morta. O outro você bem sabe: é a bíblia dos que parecem querer ir para o inferno. Ao menos é a única explicação que me ocorre sobre a intenção dos responsáveis por materializar em concreto – e com dinheiro público – símbolo tão sacro para o cristianismo e com metas tão escusas, como arrebanhar votos e obter prestígio com os fiéis, com desculpas patéticas sobre turismo religioso e outras anomalias.
Quê de Lucille
Menos mal que nem tudo está perdido. Vide stories de ensaios da nova versão da banda de Thomás Lenz – o tal careta, que tocou na sexta-feira em Bombinhas/SC –, com um ou mais quês de, veja só, a grande Lucille Band. Dudu Peiter reparte-se entre guitarra, violino e bandolim. Alexandre de Bortoli e Cris Seibt seguem firmes na cozinha e as garotas Mari Junges e Bruna Moraes se dividem entre vocais de fundo e principais – tudo acrescido do teclado de Jeancarlo Leissman mais trompete e saxofone. A trupe, em tese menos classic rock e mais pop/rock/soul do que a Lucille, será testada pela primeira vez em festa privada neste mês – e não deve dar as caras em público muito depois disso.
Três acordes
# As, hã, excentricidades locais – que dariam boas músicas, não? – se sobrepujam até às boas histórias. Como a da centenária senhora Gersumina Fagundes, do bairro Gressler.
# Ela foi fotografada caminhando pelas ruas da cidade nesta semana enquanto guiava o filho Evaldo, 60 anos, que é deficiente visual. E se diz o esteio para que a mãe não caia.
# A bela história foi trazida pelo fotógrafo Milton Klafke em seu Facebook. Que a gente vire mais notícia além-território por isso, pela música ou o escambau – e menos, por exemplo, por uma nem tão folclórica religiosidade herege.