O Galera’s Bar, em Lajeado, sedia neste sábado, 22, o show Rock for Livia. As bandas Liverpool, Just Blues, Arcadia e convidados tocam a partir das 17h em prol da menina Lívia Teles, de apenas um ano de idade, diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME). O tratamento custa R$ 9 milhões e a dose do medicamento precisa ser aplicada até outubro de 2020. A corrente solidária, que já levantou R$ 1,5 milhão, tem motivado outras iniciativas musicais, como o Lívia Rock, em sua cidade natal, Teutônia, ainda em setembro. Música de bandas com guitarras distorcidas pode não fazer mais sucesso como outrora, mas este tipo de coisa mostra que tudo isso ainda tem razão de existir.
The memory remains
A atitude não é inédita. Em 2001, em torno de dez bandas venâncio-airenses juntaram-se para tocar no Débora Rock, no Édipo’s Bar, ponto concorrido da época que ficava em frente à escola Cônego Albino Juchem. Foi uma das tantas campanhas para ajudar no tratamento contra a leucemia de Débora Lermen, então com nove anos de idade. A casa ficou cheia do início ao fim da festa. A querida menina não resistiu à grave enfermidade e partiu no ano seguinte.
Ação local
No início do mês, o grupo nativo – eu disse nativo, não nativista – Confraria do Rock, capitaneado pelo empresário Júnior Assmann, realizou encontro com bandas em que arrecadou doações em prol do hospital. Foram 200 litros de leite e alguns quilos de alimentos não perecíveis para a casa de saúde. Importante ação local no segmento, visto que este sábado está sendo chamado de Dia D em favor da instituição, de modo a angariar cidadãos que autorizem contribuições de cinco reais mensais, através da conta de energia elétrica, para auxiliar a manutenção dos serviços hospitalares.
Pé atrás
Sobre este assunto, o que sinto entre a comunidade é um clima de desconfiança. O cidadão venâncio-airense parece bem ciente da importância do hospital e de auxiliá-lo. Encontra-se, no entanto, desconfiado de que seus esforços, através de trabalho ou doações, serão recompensados, perante o sem número de aplicações equivocadas do dinheiro que já lhe é tomado via cobrança de taxas e impostos. A escassez de atitudes com significância financeira, por boa parte dos protagonistas econômicos e sociais da paróquia, também incomoda. Que tal direcionar ao hospital o dinheiro das caixinhas das igrejas, em especial de quem pediu – e está por levar – a famigerada bíblia gigante de concreto? Ou, com a aprovação de fundo eleitoral em todo o país para as eleições de 2020, quem sabe alguma sigla doe o que receber, na íntegra, à manutenção do hospital?
Três acordes
# Um amigo enclausurado no distante reino do Sebastistão teme que se repita o ocorrido lá, onde o hospital também precisava de dinheiro. Que, em sua maioria, ia para bobagens e absurdos, vide pagar uma duquesa que, reinados antes, topou exercer as obrigações exigidas para tal titulação, mas com os regalos de uma mera condessa.
# A duquesa, uma conhecida ex-funcionária daquele império, processou o reino e levou. E em vez de ser defenestrada do vilarejo, foi convidada, num reinado seguinte, a voltar a ser o que era – agora com as devidas regalias. Era mui competente, diziam uns, mas quase nada sabia além do horário que seus súditos chegavam e saíam de seu ducado.
# Não façamos como no distante Sebastistão: mesmo se sangrarem nossas forças e esperanças, vamos nos manter de pé, inclusive – ou, sobretudo – para auxiliar ao hospital, a estar aberto e fortalecido para abrigar seus usuários e funcionários.