Você sabe porque é feriado hoje? Sim, é Corpus Christi. Mas o que isso significa? é uma solenidade do Corpo e Sangue de Cristo que remonta ao século 12,
quando a Igreja Católica sentiu necessidade de realçar a presença real do Cristo no pão consagrado. Mas e você já parou para pensar e saber, onde e como é feito o ‘pãozinho’ que você recebe nas missas?
As hóstias distribuídas nas missas da Paróquia São Sebastião Mártir, vêm da cidade de Mococa, São Paulo. Há cada três meses são encomendadas 20 mil partículas (assim são chamadas os ‘pãezinhos’ antes da consagração), que vão para as 33 comunidades da paróquia. Elas vem em caixas de um mil cada, e ficam armazenadas em um armário na casa paroquial. A cada missa, o padre leva uma determinada quantidade em um pote numa maleta. Ao chegar na igreja, ainda na sacristia, são colocadas na âmbula ou cibório. Depois são consagradas na missa, durante a liturgia eucarística, e distribuídas aos fiéis.
Com o Concílio Vaticano II, no início dos anos 60, houveram mudanças, entre elas, a possibilidade da pessoa receber a comunhão na boca ou mesmo nas mãos. “Então se adotou essa medida, com a mão esquerda em cima e a direita embaixo. Porque é com a direita que se pega a hóstia e a leva à boca. Por questão prática. Se for uma pessoa canhota, coloca a direita em cima e a esquerda embaixo, mas se o fiel quiser receber na boca, também pode”, explica o padre Marcelo Carlesso, da Paróquia São Sebastião Mártir.
A distribuição é feita pelo padre e também por ministros, que auxiliam na tarefa. Se acaso algumas sobrarem, elas são guardadas no sacrário, dentro da âmbula. “Há algum tempo, um dos papéis do padre era contar quantas comunhões eram dadas em cada missa, culminando com um relatório no fim do ano, no qual também apareciam quantas confissões assistiram, quantas missas havia celebrado, quantos batizados, casamentos e óbitos”, relembra Carlesso.
O sacerdote conta que até meados da década de 60 as partículas eram feitas pelas irmãs religiosas, sendo uma das suas ocupações. “Em Venâncio, as irmãs do Hospital São Sebastião Mártir eram as responsáveis pela produção, que era toda manual. Geralmente cada cidade tinha alguém que fazia para sua cidade.” Na casa paroquial ainda existe uma pequena máquina que servia para o corte das mesmas. Feita de farinha de trigo e água, a massa era colocada numa forma, que era aquecida no forno e isso se transformava numa ‘prancha’ fina, das quais depois era feito o corte das partículas. Hoje grandes fábricas pelo país fazem a produção, industrializada, em larga escala. As partículas contêm relevos, mas segundo Carlesso, não há significados religiosos, mas somente para enfeitá-las. “Muitas vezes imagens relacionadas a Jesus Cristo, ao trigo, enfim, desenhos ligados a temas religiosos.”
DiferençaNão há diferença entre as hóstias grandes ou pequenas. A grande é para ser vista de longe, na elevação (durante a consagração), e ser partida durante a oração do Cordeiro para ser comungada juntamente com as pequenas, que é daquele tamanho para ser melhor ingerida pelos fiéis.
Significado religiosoQuando surgiu, no século 12 o costume de elevar a hóstia depois da consagração, disseminou-se uma controvertida piedade eucarística, chegando ao ponto das pessoas irem à igreja mais para verem a hóstia do que para participarem efetivamente da eucaristia. O padre Marcelo Carlesso conta que tudo surgiu ainda na quinta-feira santa, quando Jesus, que era judeu, e seus discípulos fizeram uma refeição para celebrar a Páscoa. “Conta a Bíblia que durante esta refeição, Jesus pegou um pedaço de pão, agradeceu a Deus e o repartiu, dizendo: este é o meu corpo que será entregue por vós. Pegou uma taça de vinho e disse: este é o meu sangue que será derramado por vós. E no dia seguinte, Jesus tornou esse gesto realidade, assumindo a cruz. E os cristãos levaram isso com muito carinho na história, por ter sido um gesto de amor e doação da vida dele por nós.”
No início do Cristianismo, os cristãos celebravam a eucaristia com uma partilha entre todos num local,acompanhado de uma oração. Mas com o passar do tempo, o passou-se de uma refeição para um momento mais preparado, com orações, ou seja, as atuais missas. “Costumamos dizer, vou comungar. O que é comum união, ou seja, a pessoa que vai para fila receber a eucaristia, está dizendo que está em comum união com Jesus Cristo, com seus ensinamentos e mandamentos. é um sentido muito profundo de pertence, de união, amor, de estar com Ele, é ligar Deus a nós”, explica.
“Não é só um pedaço de pão. Ali está o maior tesouro para nós cristãos. Acreditamos que ali está Jesus Cristo, que é o ponto máximo da Igreja Católica”
Marcelo CarlessoPadre da Paróquia São Sebastião Mártir