PMDB realiza pré-convenção, na próxima quinta-feira, 5, para definir o posicionamento no processo eleitoral de outubro. A convocação foi feita pelo presidente do partido, José Ademar Melchior – o Zecão. A tendência é que os peemedebistas apoiem e, definam o pré-candidato a vice-prefeito na chapa, à majoritária, liderada pelo trabalhista, Jarbas da Rosa. Diante da possibilidade, a vereadora Helena da Rosa (PMDB) encaminhou nesta sexta-feira, 29, uma carta ao presidente do partido retirando seu nome como pré-candidata e se afastando da comissão criada para dialogar com Jarbas.
Na carta, Helena afirma que se afasta da comissão criada para dialogar com o pré-candidato da “sigla com a qual a executiva do PMDB decidiu coligar para o pleito municipal de 2016”. Questionado se a decisão é definitiva, Zecão explica que a confirmação ocorre somente durante a pré-convenção. A vereadora também retira seu nome “como pré-candidata a cargos na majoritária no atual cenário político estabelecido por integrantes da Executiva do PMDB de Venâncio Aires”. A peemedebista disputará, novamente, uma das cadeiras do Legislativo, espaço pelo qual pretende dar continuidade ao trabalho que tem desenvolvido nos últimos anos. Com isso, Zecão é o único pré-candidato que tende a ser indicado para ocupar a vaga de vice na chapa liderada por Jarbas.
Confira no site a carta encaminhada pela vereadora Helena da Rosa na íntegra.
DescontentamentoHelena justifica, também, que a decisão é embasada nos “depoimentos de descontentamento” que vem recebendo, “especialmente de amigos filiados ao PMDB, de longa data, bem como de filiações mais recentes, e outras que justamente buscaram a sigla, por acreditar em projetos diferentes para o Município”. Tal possibilidade, segundo ela, foi “podada” pela falta de oportunidade de manifestação dentro do partido. Ela afirma que o PMDB, sigla com maior número de filiados e “de muita história na construção do Município”, deveria oferecer a possibilidade de que “todos os seus integrantes”, independente de compor a executiva municipal, pudessem “participar da escolha dos rumos da coligação”. Diante disso, ela destaca que enquanto vereadora e militante de “mais de 30 anos”, considera que as decisões foram “um tanto quanto impostas” pela presidência do partido, em relação à escolha do futuro da sigla nas eleições. Zecão diz que respeita o posicionamento de Helena e quer “contar com o apoio dela”. Porém, discorda que as decisões foram “impostas”. Ele reitera que a comissão e todas as articulações foram discutidas pelos filiados e, o partido “foi ouvido”. “Tanto é que a comissão foi formada por diversos filiados, não somente com aqueles que fazem parte da executiva.”
Candidatura própriaHelena defende que o partido tenha candidatura própria e, em reportagem publicada anteriormente na Folha do Mate, disse que o PMDB “não pode se submeter a ser vice” em outra chapa. A situação quase motivou a parlamentar a deixar a sigla, a partir da Janela Partidária, mas ela resolveu permanecer na legenda para defender sua posição. A tese da parlamentar também é defendida por outros filiados, mas não representam a maioria. Zecão, por sua vez, afirma que o partido vem de duas derrotas e mesmo sendo o mais expressivo em número de filiados não tem a força necessária para sair vitorioso do processo eleitoral com candidato próprio. Ele afirma que após as derrotas a legenda se ‘esvaziou’ e , que o ex-candidato que disputou a vaga de prefeito em Venâncio Aires, Nilson Lehmen, “abandonou o partido”. “Ele não veio mais para Venâncio, não participou mais das reuniões, não filiou ninguém e não preparou ninguém para as próximas eleições.”
“Chegou o momento do PMDB reconhecer as duas derrotas, dar um passo atrás, ir de vice para, quem sabe, na próxima eleição ter candidato à majoritáriaJosé Ademar MelchiorPresidente do PMDB
Por outro lado, Zecão afirma que ele, como presidente, tem realizado reuniões todos os meses e tenta manter ‘vivo’ o partido. Além disso, ele afirma que depois das derrotas que a sigla teve é “necessário reconhecer” e dar “um passo atrás” colocando apenas candidato a vice-prefeito. “Prego que devemos ir junto em uma majoritária para, na próxima, chegar ao poder.”Mesmo com a divisão, Zecão acredita que é possível manter a unidade interna e que irão conseguir trabalhar todos juntos. “Sou sempre aberto ao dialogo e o partido é acima de tudo. Nós somos filiados e ninguém é maior ou dono do partido.”
“Jamais abandonei o partido”, afirma Lehmen
O ex-candidato, Nilson Lehmen, disse estar “surpreso” com as acusações de Zecão. Ele afirma que “jamais abandonou o partido” e desde o último processo eleitoral fez diversos encaminhamentos de filiações. “O governador Sartori, os candidatos a deputado federal, estadual e senador tiveram comitê, no município, porque liderei o movimento e mobilizei o partido para que isso acontecesse. Não houve interferência do Zecão.” Lehmen destaca que não entende o motivo dos ataques pessoais praticados por Zecão. “Meu irmão, Jair Lehmen, tentou se filiar no PMDB e o presidente do partido não autorizou. é uma questão pessoal dele, comigo, que impede o crescimento e divide o partido.” Ele afirma que as acusações que “nada constrói” para a legenda. Também questiona se essa postura agrega forças e prepara o PMDB para “realmente vencer” as eleições. “Zecão apenas está fortalecendo a alta rejeição que já possui. Não sei se o próprio PDT vai aceitar o pré-candidato mais rejeitado no cenário eleitoral como vice.”
PESQUISASegundo Lehmen, uma pesquisa encomendada por Zecão, em outubro de 2015, que vazou e ainda não é de conhecimento do diretório municipal, mostra que o presidente do partido é líder em rejeição. “Na pesquisa eu ficava em primeiro lugar, na preferência, Helena em segundo e Zecão em terceiro. Ele lidera a rejeição.” Mesmo em primeiro lugar na pesquisa, Lehmen afirma que, no momento, não pretende disputar o processo eleitoral e defende que o PMDB tenha candidatura própria. “Acredito que o PMDB possui nomes suficientes para apresentar um projeto, mas essa construção deveria ter começado há muito tempo. Hoje, não teria tempo hábil para ter candidatura própria.” Segundo ele, o caminho de uma candidatura própria foi muito conturbado, principalmente, pela condução do partido.