Semana Santa: tempos de quaresma e quarentena

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Todos os anos, uma semana antes da Páscoa, os cristãos celebram o Domingo de Ramos. A data abre a Semana Santa, considerada a semana mais importante para os cristãos. Este domingo, 5, também marca a reta final da quaresma, que é o período de 40 dias que antecede a Páscoa.

Em virtude do período de isolamento social como medida de prevenção ao coronavírus, as igrejas não poderão reunir seus fiéis em missas e cultos, mas as comunidades convidam que, mesmo assim, cada um tenha momentos de oração e reflexão sobre a vida, afinal, o principal significado da Páscoa, que será comemorado no domingo que vem, dia 12, é o renascimento.

Diante deste cenário que reflete, inclusive, na realizações de celebrações, a Folha do Mate convidou o pároco da Paróquia São Sebastião Mártir, o padre Rodrigo Hillesheim, e a pastora da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Venâncio Aires, Rosângela Hessel, a fazerem uma reflexão sobre esse período, que é de quaresma e também de isolamento.

A VIDA
Padre Rodrigo observa que a Igreja Católica sempre recomendou que o período de 40 dias, que antecede a Páscoa, seja de recolhimento, oração e profunda reflexão sobre a própria vida, sobre as próprias atitudes, isso porque, o tempo da quaresma tem como objetivo preparar a Páscoa. “Em função da pandemia causada pelo coronavírus me parece que quase tudo cessou a fim de realmente mergulharmos nesta proposta”, destaca.

Ele destaca que, mesmo diante deste período diferente e conturbado, “o que não podemos deixar de lado é participar, rezar junto e estar em comunhão com toda a Igreja do mundo inteiro”.

Ao refletir sobre a Páscoa, que significa passagem, padre Rodrigo observa que diante da atual crise epidemiológica que estamos atravessando e que, consequentemente, nos levará a uma crise econômica, “precisamos, mais do que nunca, passar da morte para a vida.”

Em geral, lembra o padre, não nos preocupamos em celebrar a Páscoa orientada para a busca de uma vida nova, apenas nos preocupamos com o consumo e com o social. “Neste momento de isolamento social, importante para proteger a vida do outro, aproveitemos para buscar o verdadeiro sentido da Páscoa: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso salvador”, reflete.


“A data da Páscoa não pode ser transferida e deve ser celebrada com intenso júbilo a cada ano, independente do momento que estamos atravessando. Se aproveitarmos bem, pode ser, para cada um a melhor Páscoa já vivida.”

RDRIGO HILLESHEIM – Padre


ESPERANÇA
Segundo a pastora Rosângela, estamos vivemos um momento de isolamento social, no qual não podemos nos visitar, estender a mão para um cumprimento ou mesmo um abraço, um colo para aconchego. “Tudo isso, por amor ao nosso próximo. Parece contraditório, mas é a realidade. Estamos cuidando da vida, nosso bem maior. A vida que brota no tempo da quaresma e, de forma muito especial, no Domingo de Páscoa”, cita ela.

Sobre a Páscoa, a pastora observa que para algumas pessoas esta será uma Páscoa triste, com poucos motivos para se alegrar, pois, diante do cenário, há pouca esperança, há desemprego e falta de oportunidades. “Não podemos negar que a desesperança pulsa forte no coração de muitas pessoas. Mas não podemos esquecer do convidado especial da Páscoa, que é Jesus Cristo. Ele rompe barreiras […]Deixa-o entrar na sua casa”, convida.

Ela acredita que após esses período de tensões, medo e dúvidas, viveremos dias melhores e seremos pessoas melhores. “Nosso olhar será diferente, nossos braços se estenderão melhor para o outro. Nosso coração será mais sensível às dores do outro. Nossa vida terá um novo sentido”, reflete.


“Na chegada de mais uma Páscoa, que Deus, em Jesus Cristo, nos inspire a não ficarmos apenas nos chocolates, no “coelhinho”, mas a pensarmos no real significado deste tempo […]. Que isso nos inspire a estendermos nossa mão em solidariedade.”

ROSÂNGELA HESSEL – Pastora


Igreja São Sebastião Mártir 

A Paróquia São Sebastião Mártir irá transmitir todas as missas e celebrações da Semana Santa e nas plataformas digitais “irá orientar como celebrar bem e vivenciar cada momento”, observa o padre. A comunidade poderá acompanhar as transmissões via rádio e Facebook da Paróquia, em tempo real, que ocorrerá diretamente da igreja matriz São Sebastião Mártir. “Na presidência e condução das celebrações serão respeitadas as orientações das autoridades civis e sanitárias”, observa o padre Rodrigo. Neste domingo, a Missa de Ramos acontece às 8h30min.

Como neste domingo os fiéis não poderão ir até a igreja, a Paróquia católica pede um gesto concreto: que as pessoas coloquem no portão ou na porta de casa, em lugar bem visível, alguns ramos. “Marcar a casa é uma característica do povo de Deus. Acompanhando a missa de casa, ouvindo atentamente a Palavra de Deus e fazendo nossa comunhão espiritual estaremos celebrando bem o Domingo de Ramos”, convida.

Por que Domingo de Ramos?
Padre Rodrigo explica que essa celebração é marcada pela simbologia do Ramos verdes que significam a adesão a Cristo, isto é, ao longo da semana que inicia “o fiel se compromete a caminhar com Cristo passando pela cruz, para chegar a manhã da Ressurreição. Os ramos nas mãos representa nossa atitude de fé no Filho de Deus.”


Luteranos
Na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a pastora Rosângela Hessel comenta que uma semana com diversas atividades estavam previstas para a comunidade, como Culto Domingo de Ramos, O Apagar das Treze Velas, Celebrações da Sexta-feira Santa – Culto Tenebrae, Culto da Páscoa com a participação da Orquestra, entre outras celebrações nas demais comunidades da Paróquia. “Conforme decretos do Estado e Município, além da Carta Pastoral da IECLB, estamos com todas as atividades e cultos suspensos por tempo indeterminado”, destaca.

Como forma de manter as atividades, estão sendo badalados os sinos das comunidades, todos os domingos, às 9h. “Momento em que cada pessoa, família pode fazer a sua oração, cantar, ler um texto bíblico. Além de acompanhar no site Portal Luteranos, mensagens e celebrações”, indica.



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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