Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, os estados estudam o avanço da doença e projetam os próximos meses. No dia 20 de março, o Departamento de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (DEE) realizou um exercício de projeção dos casos e delimitou que o pico de transmissão seria de 31 de março a 7 de abril. Outra previsão era de que o ápice da doença seria entre o fim de abril e o início de maio. Já no início desta semana, o Ministério da Saúde divulgou que o pico de transmissões no estado deve ocorrer entre junho a julho, em razão do inverno e o registro de temperaturas muito baixas.
Para compreender melhor o avanço da epidemia no Rio Grande do Sul, o Governo do Estado realiza uma pesquisa para estimar o percentual da população gaúcha infectada pela Covid-19 e o ritmo das transmissões. O estudo, que na região vai contemplar Lajeado e Santa Cruz do Sul, é inédito e trabalha com amostragens epidemiológicas sequenciais.
A coleta de campo está prevista para sábado e domingo, simultaneamente, em todas as regiões do estado. Os testes vão permitir identificar a prevalência da doença por regiões, o contingente de pessoas atingidas, mas que não apresentam sintomas, e projetar incidência de casos mais graves e até o grau de letalidade da doença.
De acordo com informações divulgadas pelo Governo do Estado, quando forem disponibilizados os primeiros resultados, o estudo será uma das principais referências ao governo gaúcho na definição de estratégias de enfrentamento da pandemia. “Todas as nossas medidas que adotamos até o momento sempre tiveram a ciência como base. Agir diferente disso representa colocar a vida em risco. Essa pesquisa nos trará um cenário de prevalência da Covid-19 ainda sem similar e será fundamental para os próximos passos”, afirma o governador Eduardo Leite.

Os trabalhos são coordenados pelo reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal, e realizados por especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
METODOLOGIA
Ao todo, serão 18 mil testes realizados nas residências, em oito regiões do Rio Grande do Sul – 4,5 mil coletadas a cada uma das quatro pesquisas de campo previstas. Doutor em Epidemiologia, Hallal, explica que o perfil do trabalho permitirá conhecer os primeiros resultados sobre a prevalência da Covid-19 na população dois dias após a aplicação dos testes.
Diante da impossibilidade material de testar a população em geral (atualmente o diagnósticos são realizados apenas em casos de internação), o estudo de prevalência da doença é um mecanismo seguro para estimar o percentual de infectados a partir de testes em pessoas selecionadas.
Ao mesmo tempo, de acordo com o Governo do Estado, permitirá com maior grau de acerto estimar a taxa de letalidade da Covid-19. Esse resultado deve servir como base para as próximas decisões sobre o confinamento ou não, ao longo das próximas semanas.
OBJETIVOS DA PESQUISA
1 Estimar o percentual de pessoas infectadas no RS através de inquéritos epidemiológicos sequenciais.
2 Conhecer a evolução (velocidade) que o coronavírus se alastra.
3 Identificar o percentual da população que não manifesta sintomas da doença.
4 Auxiliar o Governo do Estado e demais setores na definição das estratégias de enfrentamento da pandemia de Covid-19.
REGIÕES
A partir de critérios do perfil populacional (IBGE), a pesquisa de campo será em oito regiões: Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul/Lajeado, Grande Porto Alegre.

“Se cada um fizer sua parte, vamos diminuir as chances de contágio”
O secretário municipal de Saúde, Ramon Schwengber, afirma que o fato de a Covid-19 ser uma doença nova é um desafio. “Não temos como prever. O que se tem até agora são projeções e a curva de contaminação no estado tem aumentado”, observa.
“O que sabemos, com certeza, é da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o distanciamento social, tem, sim, influência no número de casos. Por enquanto, temos uma situação muito tranquila em Venâncio, mas é possível que, com a redução das medidas de distanciamento, os casos devem aparecer de forma mais rápida”, analisa.
De acordo com ele, a possibilidade de a maioria dos casos ocorrerem no inverno, preocupa. Isso porque, todos os anos, mesmo sem o coronavírus, o hospital fica superlotado, por conta das doenças respiratórias. “O que precisamos lembrar é que, se cada um fizer a sua parte, adotar as medidas preventivas de distanciamento social, usar máscara e lavar sempre as mãos com água e sabão, vamos diminuir a chance de contágio”, alerta. “Mesmo sem nenhum caso confirmado, mas o município já montou uma estrutura para atender da melhor forma possível, quando tivermos pacientes com coronavírus em Venâncio”, ressalta.
*Com informações do Governo do Estado.