Uma planta leguminosa, de rápido crescimento, tem sido utilizada para adubação verde nas propriedades rurais de Venâncio Aires. A técnica da crotalária, incentivada pela Emater, garante cobertura do solo para produção de matéria orgânica e para o controle natural das plantas daninhas. Mas o grande benefício é a excelência no controle dos nematóides do solo (pequenas larvas que atacam as plantas) e na fixação biológica de nitrogênio, reduzindo a necessidade de aplicação de fertilizantes nitrogenados.
Pelo segundo ano consecutivo, Edson Carlos da Rosa, 46 anos, de Linha Campo Grande, faz o uso da crotalária para recuperar e fortalecer o solo da propriedade. Com dois hectares e meio, a cada ano, um hectare recebe a plantação no final da colheita do tabaco. “Esse ano ela não está em um tamanho normal porque a seca castigou, mas o resultado, com certeza vai ser visível de novo.”
Isso porque, no ano passado, Rosa plantou a crotalária em um outro pedaço de terra, depois, o tabaco. “Percebi um aumento de 25% na produção. A planta se desenvolve melhor, depois que plantei a crotalária a qualidade do solo é outra coisa”, reforça.
Ao lado do filho, Luiz Henrique, 19 anos, e da esposa Lisane, 39 anos, Rosa está investindo em outras culturas na propriedade. “Em 2015 nossa família ‘perdeu o chão’. Um granizo forte atingiu nossas lavouras de tabaco e a gente ficou sem nada. E daí, o que fazer? Como conseguir renda se teu produto foi destruído na lavoura”, recorda o produtor.
A família, com auxílio de amigos e vizinhos, buscou informações na Emater, e foram incentivados a iniciar o cultivo de hortaliças. “E deu certo, é só olhar para nossa estufa, para os mais de três mil pés de verduras que a gente se sente renovado”, frisa.
Hoje, a família ainda cultiva o tabaco e o milho, mas inicia um novo processo. Nas terras que semearam a crotalária em dezembro, o entaipamento para receber dez mil pés de cebola, ocorreu na última semana. “Desde 2016 a gente é associado da Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova), e estamos produzindo hortaliças. Esse ano vamos diminuir no fumo e plantar cebola, além de ampliar a produção das verduras.”
A técnica da crotalária para recuperar o solo também é aprovada pelo vizinho Tiago Bald, 27 anos. Ele foi contratado pela família Rosa para realizar o serviço de entaipamento, fazer os camalhões na terra, pois a família não tem trator. Entretanto, a crotalária também é plantada nas terras de Bald. “É muita matéria orgânica que retorna para o solo que está fraco, sem vida. É o terceiro ano que planto e observo resultados significativos nas culturas.”
Emater explica que técnica recupera o solo
Muitos produtores realizam somente a extração de produtos nas terras e com adubos químicos não conseguem recuperar a qualidade do solo e os nutrientes que ali estavam. Para aumentar a produção e garantir uma qualidade no produto final, seja em qualquer cultura, a Emater incentiva técnicas para conservar o solo.
O técnico agrícola Alex Gregory explica que, atualmente, dentre as diversas opções para a recuperação ou conservação do solo, as mais utilizadas em Venâncio Aires são: plantio direto ou semidireto, plantas de cobertura, que é o caso da crotalária, e curvas de nível. “Todas trazem benefícios para o solo. Mas em cada situação a gente recomenda de acordo com o solo.”
Gregory reforça que no município, o solo, de forma geral está degradado, por isso, salienta a importância de fazer o uso de técnicas para recuperar o solo. Dentre as análises, ele explica que para ser considerado um solo bom, o índice na medição precisa ser de cinco. Em média, nas lavouras de tabaco, os técnicos encontram um nível de um e meio a dois. Um índice muito baixo conforme o profissional.
Sobre a crotalária, reforça a diferença do solo e o rendimento na próxima cultura. “Essas técnicas são antigas. Depois veio o adubo e as pessoas se esqueceram delas. Hoje a gente volta a incentivar a plantação de coberturas de solo como segunda safra.”
O ideal, conforme o técnico da Emater, para estruturar o solo num nível bom seria plantar a crotalária ou fazer o uso de outra técnica de três a cinco anos. “Mas em uma safra a gente já observa a diferença no solo e na cultura que vem na sequência do tombamento da planta.”
Dia Nacional da Conservação do Solo
Na quarta-feira, 15, é celebrado o Dia Nacional da Conservação do Solo. A data foi instituída em 13 de novembro de 1989, através da Lei n° 7.876. Seu propósito é trazer a reflexão a conservação dos solos e os usos deste recurso natural, em especial na agricultura.
A Emater/RS-Ascar é uma das instituições que integram o Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água, criado em 2015. O objetivo é estabelecer programas, diretrizes e instrumentos para a proteção e a conservação da qualidade do solo e da água.