*Por Juliana Bencke e Rosana Wessling
A estiagem que afetou praticamente todas as culturas agrícolas e as propriedades rurais Venâncio Aires, nos últimos cinco meses, causou um prejuízo de R$ 108.678.151,43. O laudo final das perdas decorrentes da seca, desde o dia 5 de dezembro do ano passado, foi apresentado pela Emater/RS-Ascar na terça-feira, 19.
O milho safrinha e a soja (safra e safrinha) foram as culturas mais afetadas, com uma perda de 62,5% e de 57,67% nas lavouras, respectivamente. Em termos financeiros, o tabaco foi o produto com maior prejuízo: mais de R$ 35,6 milhões.
Na última semana, Venâncio registrou precipitação pluviométrica acima dos 75 milímetros e há previsão de mais chuva, na região, a partir de hoje, o que leva ao fim do período de estiagem. De acordo com o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, a chuva da semana passada foi suficiente para normalizar a situação e dar condições para a agricultura, a partir de agora.
“Atualizamos o laudo técnico, com os valores médios de perda do milho e da soja, e incluímos a projeção de prejuízo na cana-de-açúcar e das hortaliças. Como choveu bem, a tendência agora é normalizar”, explica.
Produtor
Apesar disso, as dificuldades financeiras decorrente do período sem chuva ainda vão fazer parte da vida dos produtores rurais, ao longo dos próximos meses. A família Becker, de Linha Olavo Bilac, convive com os prejuízos em todos os setores. De acordo com o agricultor Plínio Becker e a esposa Leni Becker, as principais culturas afetadas foram o milho e a soja.
Um dos filhos do casal que é produtor de soja, André Becker, é um dos mais afetados na família. “O André plantou 33 mil hectares de milho e teve uma quebra de 35% de milho no cedo e 60% no safrinha”, explica Plínio.
De acordo com ele, a soja safrinha foi a mais afetada. De 45 sacos por hectare colhidos em safras normais, neste ano, a média foi de 15 sacos por hectare. “O prejuízo na soja ultrapassa os 70%. Nas últimas sacas, não tinha nem graça e ânimo para colher, dava 10 por hectare”, lamenta o produtor, ao explicar que a soja e o milho são plantados pelo filho, mas que o casal auxilia na produção.
“São prejuízos de R$ 90 mil reais só na soja, em uma safra. A gente nem pode pensar muito, porque, se não, a gente ‘pira’. Vamos ter que espremer para pagar as despesas”, acrescenta Leni.
O casal também sente os reflexos em outra ponta, já que, além das lidas nas lavouras, a família tem uma granja de suínos. “A estiagem afetou o estado e as lavouras de milho em geral. Agora a ração que a gente compra para tratar os porcos já subiu 15%. O ciclo de prejuízos para o produtor continua”, comenta Plínio Becker.
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