“é uma surpresa o nome, mas, por ser da América Latina, ao mesmo tempo não nos causou tanta surpresa”. A afirmação é do bispo diocesano Dom Canísio Klaus, ao falar sobre a eleição do cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio, como novo papa, sucessor de Bento XVI. Dom Canísio esteve no fim da tarde de ontem em Venâncio Aires, onde presidiu a missa de ´corpo presente` da mãe do padre Irineu Rabuske.
Dom Canísio colocou que Bergoglio não era um nome tão cogitado. E que todos eram sabedores, que isto era uma especulação fora do conclave, onde os fiéis do mundo inteiro rezaram para que os cardeais, lá dentro, tivessem a luz e a graça do Espírito Santo para que pudessem escolher àquele que seria o melhor, entre os 115, para conduzir a Igreja no momento atual. “Confio nesta missão do Espírito Santo que esteve muito presente e escolheu o novo papa, agora Francisco I, para conduzir a Igreja hoje. Estamos muito felizes, porque temos um papa e também, por ele ser latino-americano”, destacou. O bispo acentuou que Deus olhou para Bergoglio, pois a América Latina é um continente muito católico e que agora tem também seu representante. “Isto são vaidades nossas, mas a Igreja e o sumo pontífice não olham algo de forma individual, bairrista ou nacionalista. Porém, o Espírito Santo olha o que é melhor para a Igreja no mundo atual. Estamos bem servidos com o novo Papa”.
O padre e professor de Teologia da PUC érico Hammes, confirma que a eleição de Bergoglio causou surpresa, porque que ele não aparecia entre os maiores favoritos para sucederem Bento XVI. Conforme Hammes, ele aparecia de forma muito discreta pois havia o nome dos cardeais Scola, da Itália, e de Scherer, do Brasil, como favoritos e as especulações giravam em torno destes dois nomes. “Tenho a impressão que no final ninguém mais esperava por ele”, avalia. O padre acentua que de certo modo, a escolha foi uma surpresa, mas que ela vai na continuidade da escolha entre os papas João Paulo II e Bento XVI, quando se esperava que fosse escolhido o cardeal Martini, que era uma das alternativas que se apresentavam e que Bergoglio, naquele tempo, já estava junto com Martini para ser escolhido. “Creio que a esperança que brota desta escolha corresponde às expectativas que se tinha no mundo e, do ponto de vista na fé, podemos dizer que é um sopro do Espírito Santo que se faz presente hoje na Igreja”.
Hammes coloca que Bergoglio era muito conhecido na Argentina, e que nos últimos meses esteve em contato com colegas argentinos que fazem um trabalho de pastoral urbana na cidade de Buenos Aires. E, uma das grandes alegrias deles era poderem trabalhar com todo o apoio do cardeal daquela cidade. “Para mim, isto sinalizava uma alternativa real para o que se poderia apresentar em termos de Papa. Neste ponto de vista me alegro por termos um papa com esta condição e qualidade, pois ele tem uma boa experiência pastoral e sem medo de imersão com o povo”, analisa. Hammes comenta que o fato de vir de uma tradição jesuíta é outro aspecto muito positivo porque significa uma compromisso com o evangelho e com o mundo.