Covid em Venâncio: um panorama dos dois meses da doença

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Neste sábado, 13, completam-se dois meses desde que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado em Venâncio Aires. Ao longo do período, foram registrados 214 casos, dos quais 202 (94%) estão curados. O último dos sete óbitos pela doença ocorridos do município foi registrado há quase 20 dias – é o maior período sem nenhuma morte, desde que os primeiros casos de coronavírus foram registrados em Venâncio Aires.

A redução no número de pacientes internados, especialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), também tem se destacado, nas últimas semanas. Na noite de ontem, eram duas pessoas hospitalizadas, sendo uma no Setor Covid-19 e outra na UTI.

Na avaliação da médica infectologista Sandra Knudsen, até o momento, evolução da doença em Venâncio Aires não foi tão negativa quanto poderia ser, principalmente em relação à sobrecarga da estrutura de atendimento.

Sandra Knudsen é médica infectologista (Foto: Divulgação)

“Lamentamos muito os sete óbitos que aconteceram. Houve um momento de pico de casos e óbitos, e estávamos muito preocupados com a possibilidade de chegar ao momento que não se teria mais leitos de UTI, com ventiladores mecânicos, para atender esses pacientes. Isso, felizmente, não aconteceu. Até agora, temos conseguido atender todos os pacientes da melhor forma possível.”

Ela explica que novos casos continuam sendo diagnosticados, com internações de quadros moderados e mais graves, mas em um número menor.

Para a infectologista, um dos fatores que mais contribui para a evolução favorável dos pacientes é que, agora, já se conhece melhor a fisiopatologia da doença e está se priorizando o atendimento mais precoce, sem aguardar a existência de falta de ar para que o paciente seja hospitalizado.

“Para grupos de risco, se até o quinto dia do início dos sintomas a pessoa não estiver bem, ela precisa ser avaliada com exames e ver se está evoluindo para pneumonia. Da mesma forma, pessoas que não ficarem bem até o fim da primeira semana da doença precisam ser reavaliadas. Isso é algo fundamental, que tenho repetido muito. Precisamos monitorar de perto esses pacientes”, reforça a médica.

Prevenção precisa continuar

Sandra lembra que vários estudos têm sido realizados, em todo o mundo, mas até o momento nenhum mostrou eficácia comprovada de um medicamento “que realmente mude a evolução da doença”.

Por conta disso, ela enfatiza a necessidade de a população seguir com as medidas preventivas. O secretário de Saúde, Ramon Schwengber, reforça o posicionamento da médica. “Apesar de a situação atual estar relativamente controlada, não é o momento de baixar a guarda. Todo mundo precisa manter os cuidados, o distanciamento social, a conscientização, o uso da máscara. A volta às aulas é algo que terá que ser muito discutido. O vírus ainda está por aí, não é hora de relaxar.”

Ao avaliar os dois meses com casos de Covid, ele lamenta os sete óbitos ocorridos no município. “Morreram dois casais e isso foi muito ruim, pois afetou de forma muito brusca essas famílias. Tivemos famílias inteiras infectadas em um primeiro momento.”
De acordo com ele, o período mais crítico foi o do início, com o surgimento dos casos e o fechamento do comércio. “Foi uma decisão muito difícil, mas entendo que esse foi um período necessário para que conseguisse ter mais tempo para se organizar.”

Uso de máscara é obrigatório em Venâncio desde 27 de abril (Foto: Alvaro Pegoraro/Folha do Mate)

Óbitos em Venâncio

  • Dia 23 de abril. Homem de 67 anos, que foi o primeiro caso diagnosticado no município.
  • Dia 26 de abril. Homem de 68 anos, funcionário da Minuano.
  • Dia 29 de abril. Mulher, de 54 anos, esposa do homem que faleceu no dia 26.
  • Dia 8 de maio. Homem de 83 anos.
  • Dia 15 de maio. Mulher de 78 anos.
  • Dia 17 de maio. Mulher de 90 anos.
  • Dia 25 de maio. Mulher de 75 anos, esposa do homem que faleceu no dia 8.

Busca ativa de casos de Covid

Para o secretário da Saúde, Ramon Schwengber, a busca ativa de casos suspeitos de Covid, especialmente quando foram confirmados os primeiros casos ligados aos frigoríficos Minuano e BRF, de Lajeado, foi uma das medidas que evitaram uma proliferação ainda maior da doença em Venâncio.

“Fizemos uma busca ativa desses casos e conseguimos isolar logo essas pessoas e realizamos a compra dos primeiros 150 testes rápidos, que foi bastante difícil de conseguirmos. Hoje, vejo que isso foi de fundamental importância”, avalia.

Outras ações destacadas por ele são o aumento de 80% dos leitos da UTI, a estruturação do Centro de Atendimento Respiratório, no Pavilhão São Sebastião Mártir, e as consultas virtuais e por telefone. Além disso, ele ressalta a importância da obrigatoriedade do uso de máscara. “Vemos que as pessoas logo aderiram e, com isso, estamos conseguindo fazer uma contenção mecânica do vírus”, observa.



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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