Instalado em uma casa ampla, no centro da cidade, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) atende cerca de 180 pessoas por mês (antes da pandemia eram quase 250 por mês). Dotado de profissionais qualificados, como enfermeira, técnico em enfermagem, assistente social, psicóloga, psiquiatra e clínico geral, tem o respaldo do Ministério da Saúde para encaminhar atendimentos e tratamentos necessários. Esbarra somente em um quesito: a vontade do paciente de se submeter ao tratamento.
Apesar do elevado número de pacientes, atualmente apenas três pessoas estão ‘internadas’ em uma comunidade terapêutica. Segundo a coordenadora do Caps AD, enfermeira Patrícia Antoni, são pacientes que passaram pelo atendimento inicial, pela desintoxicação e pediram para seguir o tratamento. “A decisão de ir para uma comunidade terapêutica é exclusiva do paciente. Ele tem que dizer eu quero para solicitarmos seu encaminhamento”, explica Patrícia, ressaltando que não há pessoas aguardando novas vagas.
Ela salienta que as pessoas que são encaminhadas às comunidades terapêuticas, não têm custo algum. “E o custo do município é apenas com o profissional que o acompanha e com o veículo que o levará até lá”, acrescenta a enfermeira.
A referência regional de comunidade terapêutica para a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde fica localizada em Rio Pardo e caso não haja vaga neste local, os usuários são encaminhados para outros municípios. Como exemplo, Patrícia cita um morador de Venâncio que está na comunidade terapêutica de Parobé. “E permanecem em tratamento o tempo que for necessário”, frisa.
Além da Capital do Chimarrão, o Caps AD atende moradores de Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde. No entanto, salienta Patrícia, cada município é responsável por encaminhar as internações nas comunidades terapêuticas.
Reinserir na sociedade
O trabalho desenvolvido no Caps AD se baseia na busca por tirar o paciente da dependência – seja de álcool, outras drogas ilícitas ou de medicamentos – e devolvê-lo à sociedade. Patrícia destaca que a maioria das pessoas buscam atendimento por vontade própria, mas também são encaminhadas após atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), em unidades de saúde ou judicialmente.
De acordo com a coordenadora do Caps AD, pouco mais de 40% das pessoas que vão até ela são usuárias de bebidas alcoólicas, os denominados alcoolistas. “Se usam álcool e outra drogas, como maconha, cocaína ou crack, são considerados usuários de múltiplas drogas”. Patrícia também revela que há pessoas dependentes de medicamentos, mas segundo ela, a maioria não se considera doente e não procura ajuda.
Isso também acontece com muitos alcoolistas. São pessoas que ingerem bebidas alcoólicas regularmente, mas que ainda não causam problemas familiares, em seu ambiente de trabalho ou no meio onde vivem. “Esses não admitem a doença e não querem ajuda”, garante. O Caps AD atende somente maiores de 18 anos.
Passo a passo para o Caps Álcool e Drogas
Assim que chega no Caps AD, a pessoa é acolhida e recebe o atendimento social necessário. O segundo passo é a inserção dele no plano terapêutico, onde são feitas consultas psiquiátricas, psicológicas, escutas com Assistente Social, oficinas, entre outras coisas. Se o paciente precisar de desintoxicação, é encaminhado ao HSSM, por um período que varia de 20 a 30 dias. Finalizado esta etapa, a pessoa decide se dá fim ao tratamento ou se quer ir para uma comunidade terapêutica.
Em casos extremos, onde o dependente não aceita o tratamento, sua família pode fazer o primeiro contato com o Caps AD. “Mas a internação compulsória é nosso último recurso”, explica Patrícia, revelando que tem pessoas em tratamento no Caps AD dos 18 aos 80 anos.
Reunião
Reunião que será realizada nesta terça-feira, 16, definirá o futuro da instalação de um Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (CRDQ) no município. Na semana passada, o secretário de Habitação e Desenvolvimento Social, Mateus Deitos Rosa, garantiu que o espaço começa a funcionar ainda este ano. Para isso, destaca que há um fundo específico de aproximadamente R$ 70 mil. A intenção é de disponibilizar 15 vagas em um primeiro momento.
Um primeiro encontro já foi realizado, com membros do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Compod), mas nada foi decidido. Questionado, Mateus Rosa frisou que o CRDQ será instalado ainda este ano, com a aprovação ou não do Conselho. “Entendemos que é uma demanda de extrema urgência, pois as mazelas dos vícios do álcool e das drogas abatem pessoas, núcleos familiares e a sociedade e, portanto, reforço que o Centro será instalado ainda neste ano, com a aprovação do competente Conselho ou não”, garantiu.
Rosa observa que caso o Conselho reprove a ideia apresentada e entenda por não aplicar o fundo existente, o Centro funcionará com recursos próprios. “Esse é um compromisso com a comunidade de Venâncio Aires que não será mais adiado. Após a deliberação, em no máximo três meses ele estará funcionando”, reforçou.
Local definido
Apesar de não entrar em detalhes, o secretário garante que já há um local pre-estabelecido e que se encaixa perfeitamente nas suas intenções. “A questão dos profissionais que atuarão no Centro já está determinado, de acordo com a Lei e seus critérios”, menciona.
Rosa ressalta que no local serão atendidos pacientes que precisam de recuperação do vício de álcool e outras drogas e que busquem voluntariamente o serviço. O Fundo gerido pelo Conselho recebeu uma doação do técnico de futebol, Mano Menezes, no valor de aproximadamente R$ 70 mil, que será usado no funcionamento do Centro.
A presidente do Compod, Katia Diettrich, disse que só se pronunciará depois da reunião de hoje. A coordenadora do Caps AD, Patrícia Antoni, disse que enquanto não receber outra determinação, seguirá fazendo os atendimentos de acordo com a orientação do Ministério da Saúde.
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