Vale do Rio Pardo teme a bandeira vermelha

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Em coletiva de imprensa realizada em Santa Cruz do Sul, na tarde de dessa segunda-feira, 22, a responsável pela 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, Mariluci Reis, e os presidentes do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) e da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp), Cássio Nunes Soares e Paulo Butzge, respectivamente, convocaram a população regional para que se comprometa com a prevenção ao coronavírus.

As lideranças manifestaram preocupação com o avanço da Covid-19, que levou a região da bandeira amarela (risco baixo) para laranja (risco médio), conforme anúncio feito pelo governador do Estado, Eduardo Leite, no sábado, 20. A nova bandeira passa a valer nesta terça-feira, 23. Na prática, nada muda em relação ao decreto de calamidade pública que vigora em Venâncio Aires.

Contudo, há o temor de que a situação se agrave nas próximas semanas, o que levaria a região para a bandeira vermelha (risco alto), obrigando os prefeitos do Vale do Rio Pardo a medidas restritivas. “Precisamos do engajamento de todos. Estamos mantendo a comunidade informada e nos preocupa esta falsa sensação de que as coisas estão normais. Se passarmos para a bandeira vermelha, teremos terríveis consequências econômicas”, afirmou Butzge, que é prefeito de Candelária. De acordo com ele, “é a conduta das pessoas que vai determinar o nível de risco que corremos e as decisões a serem tomadas nos municípios”.

Soares, que é prefeito de Pantano Grande, classificou o enfrentamento à doença como uma “guerra diária”. Pediu especialmente aos jovens e desportistas – que segundo ele têm feito apelos reiterados por flexibilização – que entendam o momento de dificuldade severa vivido pelos municípios. “Não temos dúvidas de que há muitas pessoas entediadas, mas não podemos afrouxar agora. Precisamos evitar aglomerações e contato físico. Se não nos preservarmos agora, será ainda mais difícil vencer esta batalha”, comentou.

Soares lembrou a vocação da região para a cultura do tabaco e disse que a cadeia produtiva será duramente afetada caso as empresas tenham que voltar a operar com número reduzido de colaboradores.

“De nada adianta a preocupação e medidas dos gestores se a comunidade não aderir às orientações. Cada um tem que fazer a sua parte para que tenhamos resultados positivos no combate à Covid.”
CÁSSIO NUNES SOARES
Prefeito de Pantano Grande e presidente do Cisvale

Critérios

Mariluci afirmou que o aumento no número de hospitalizações nos últimos sete dias e a elevação do número de casos confirmados de coronavírus em leitos clínicos foram os dois critérios que levaram à classificação da região com a bandeira laranja. Conforme ela, é necessário trabalhar a prevenção, para reduzir a contaminação. “São os números e índices que vão determinar a bandeira da região. A nossa responsabilidade, portanto, é buscar a redução do número de casos e de internações. Para isso, seguem valendo as orientações de uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social. Se nós formos classificados com a bandeira vermelha, serão no mínimo duas semanas com restrições muito além das atuais”, alertou.

Além da passagem da bandeira amarela para a laranja, há outro tormento para as autoridades regionais. Segundo especialistas da saúde, os maiores números de casos de síndromes respiratórias, a cada ano, são registrados entre os últimos dias de junho e os primeiros dias de julho. A oscilação de temperatura pode potencializar os casos, baixando a imunidade e favorecendo a infecção.

“Estamos vigilantes e mantendo a população informada. Precisamos afastar esta zona de conforto que se instalou na região nas últimas semanas, pois as consequências podem ser terríveis.”
PAULO BUTZGE
Prefeito de Candelária e presidente da Amvarp

“As ações têm de ser coletivas”

Ao comentar sobre o alerta das autoridades em relação ao avanço da pandemia de coronavírus, o prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert disse ontem que “as ações precisam ser coletivas”, já que o Governo do Estado leva em consideração, para classificação por bandeiras, os números em contexto regional.

Prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert defende ações coletivas para sintonia da região no enfrentamento ao coronavírus (Foto: Arquivo FM)

Ele destacou que a hipótese de uma contestação da bandeira laranja chegou a ser levantada, mas a medida não foi adiante porque o infectologista Marcelo Carneiro, referência na área na região, informou que o diagnóstico do Governo do Estado é adequado à realidade do Vale do Rio Pardo.

Wickert comentou ainda que há poucos leitos de UTI disponíveis na região, o que contribui para a mudança de bandeira – no caso, da amarela para a laranja. “Estamos conseguindo controlar o vírus, mas se as pessoas não se conscientizarem de que os protocolos de higiene e distanciamento social precisam ser mantidos, podemos sair de um achatamento da curva para uma nova ascendência, o que seria muito ruim”, afirmou, acrescentando que “o Município tem feito de tudo para proteger a comunidade sem prejudicar a economia”. Para ele, “no fim de julho teremos noção de como nos saímos na luta contra a Covid”.

‘Veranico’ no inverno

O prefeito se preocupa com o fato de que, logo no começo do inverno, a temperatura tenha ficado mais elevada, o que na opinião dele contribui para que as pessoas tenham momentos de descuido em relação à pandemia. “Temos quase 100 dias de enfrentamento ao coronavírus e entendemos que as pessoas queiram visitar os pais e avós, por exemplo, mas isso deve resultar em aumento de casos nas próximas semanas. Com o passar do tempo, e ainda mais com este ‘veranico’, há uma tendência de rotina despreocupada, mas é preciso lembrar que a necessidade de cuidados continua, a doença ainda permanece”, afirmou.

Importante

• Pelo modelo de distanciamento controlado do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, conforme o grau de risco em saúde, cada região recebe uma bandeira nas cores amarela, laranja, vermelha ou preta. O monitoramento é semanal, e a divulgação das bandeiras ocorre aos sábados, com validade a partir da terça-feira seguinte. Os protocolos obrigatórios devem ser respeitados em todas as bandeiras. Além disso, cada setor econômico tem critérios específicos que variam de acordo com a bandeira.



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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