85 anos do HSSM: Lembranças de quando não havia plantão e a autorização para internar demorava até um dia

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O pediatra aposentado Flávio Seibt começou atuar no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) em 1974. Na época, encarou um sistema de saúde bem diferente do de hoje. Situações que dificultavam o atendimento médico eram comuns. Não existia Sistema Único de Saúde (SUS) e não havia agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Venâncio Aires, por isso, também não tinha plantão no hospital. “Quem estava internado ficava aos cuidados das freiras, que eram as enfermeiras e parteiras”, lembra.

Porém, para não deixar os doentes sem recursos médicos, os seis profissionais que atuavam no HSSM faziam consultas de casa. “Cada fim de semana, um ficava de sobreaviso. Quem estava doente e ia ao hospital, era encaminhado à casa de um médico, ali a pessoa era atendida e pagava a consulta particular. Se não tinha dinheiro era atendida igual, pois não podíamos deixar alguém sem consulta”, conta o médico aposentado.

Seibt lembra que, alguns anos depois, na década de 80, conseguiu-se, com o INSS de Santa Cruz do Sul, que respondia pelo município, uma taxa para os médicos atenderem em regime de plantão. “Os sindicatos também ajudavam com meia consulta para associados. Isso facilitou o início do plantão”, comenta.

Outra questão que era dificultada pela falta de agência do INSS em Venâncio era a autorização de internações, que levava um dia para ser aprovada. “O médico preenchia a guia, mandava para Santa Cruz e esperava, em média, 24 horas para saber se podia internar.”

Para o paciente não ficar sem assistência, quando o caso era grave, era internado mesmo sem autorização. “Era muito complicado, pois às vezes internávamos, mas no outro dia vinha a internação negada e nós ficávamos no prejuízo, pois não recebíamos o valor dessa internação”, recorda o médico, ao lembrar que, posteriormente, com a instalação de uma agência do INSS no município, o funcionamento foi qualificado.

Estrutura

Seibt lembra que, na época, nem se pensava em ter Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por isso, quando alguém precisava dos recursos, era encaminhado para outros hospitais. Houve casos que o município não tinha ambulância para o procedimento e os pacientes eram transportados em carros. “Também lembro de duas vezes que vieram helicópteros de transporte. Uma vez era para levar um paciente para Santa Maria e, outra vez, para Porto Alegre”, conta.

Nos primeiros anos que Seibt trabalhou no hospital, a área do Pronto Atendimento também não existia. Para ampliar o espaço, médicos encabeçaram uma campanha. O pediatra aposentado recorda que diversas ações buscaram motivar a comunidade a fazer doações e ajudar. “No final deu tudo certo, construímos e ajudamos na evolução do hospital, uma casa que é de todos.”

“A medicina evoluiu e o Hospital São Sebastião Mártir evoluiu junto. hoje temos uma grande referência de saúde na região.”

FLÁVIO SEIBT – Pediatra aposentado

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