Moda tie-dye: do hippie dos anos 70 às tendências de 2020

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Com certeza, nas últimas semanas, você viu muitas peças coloridas na sua timeline das redes sociais, nas vitrines ou nas ruas. Em meio ao isolamento social, por conta da pandemia do coronavírus, a moda tie-dye voltou a ganhar espaço.

Voltou, por que, de fato, ela não é uma novidade, mas, sim, uma antiga técnica utilizada em várias culturas e em diversas épocas. A técnica fez sucesso, principalmente, durante o movimento hippie na década de 1970.

Ao mesmo tempo que destaca as cores alegres, o estilo traz a ideia do ‘faça você mesmo’ e é uma forma de dar cara nova às peças do guarda-roupas. Para quem não quer fazer ou não tem habilidades manuais, as opções para venda são muitas e vão desde as roupas até calçados e acessórios.

Upcycling e isolamento social impulsionam a tendência tie-dye

Seja em looks monocromáticos ou combinados às peças básicas (como o jeans), as roupas coloridas ganharam as vitrines nesta estação. O tie (amarrar) dye (tingir), termo vindo do inglês, indica “o processo para a produção do efeito”.

É por isso que as composições caíram no gosto do público, principalmente das pessoas autênticas e criativas, que gostam de customizar as próprias peças, uma característica marcante dos anos 1970, que surgiu junto ao movimento hippie. “Seu status, na época, era de um elemento que representava a liberdade, devido às cores e à aleatoriedade das estampas”, explica a designer de moda Camile Ullmann.

Ela lembra que o tie-dye já surgiu em diversos momentos e voltou ‘com tudo’ em 2020, principalmente por dois motivos: o isolamento social e o movimento do upcycling (reutilização criativa), que vem tomando força ao longo dos anos.

Quanto ao isolamento social, o tie-dye entrou em vigor para ressaltar o que a moda tem de melhor: a criatividade e a ousadia. “Devemos aproveitar o tempo de ansiedade e dúvidas para dar vida e cor. De forma simples, acessível (financeiramente e de faixa etária) e com o que temos em casa, é possível exibir um look com a nossa identidade, exclusivo e ainda, feito por nós mesmos”, indica.

Além de ser uma tendência que remete à liberdade de expressão por meio da roupa, o tie-dye também contribui para o reaproveitamento das peças, evitando, assim, o consumismo. “Customizar, reaproveitar, ‘reolhar’ o nosso guarda-roupas e enxergar novas possibilidades é um movimento necessário e libertador, característico do upcycling”, comenta Camile.

Segundo ela, o método, visto em camisetas, conjuntos, moletons, chapéus e calçados, funciona muito bem em looks descontraídos, confortáveis, feitos para o dia a dia de forma casual.

Camile Ullmann
Camile Ullmann (Foto: Arquivo pessoal)

“O tie-dye é uma tendência forte entre os jovens e para quem possui um estilo moderno, jovial e divertido. Ainda, ele pode conquistar um público que busca por peças hand made (feitas à mão) e que curte o upciclyng.”

CAMILE ULLMANN

Designer de moda

Origem do tie-dye

Há indícios de que o método foi criado no século VI, existindo no Japão, na China, na Índia, no Peru e no continente africano. Ganhou o nome de tie-dye nos Estados Unidos, quando se popularizou nos anos 70, junto ao movimento hippie.

Estilo

A designer de moda Camile Ullmann lembra, que, no universo da moda, há dois caminhos, que muitas vezes se encontram. “Há as tendências, que se baseiam no comportamento da sociedade, no seu estilo de vida e anseios (que mudam a cada estação), e o estilo pessoal, que é imutável, e que pode, ou não, se encaixar nas tendências de cada momento.”

O tie-dye pode ser visto em moletons, conjuntos, camisetas, calçados e acessórios
O tie-dye pode ser visto em moletons, conjuntos, camisetas, calçados e acessórios (Foto: Divulgação/Pinterest)

Tendência entre os adolescentes

Tie-dye, para Maria Eduarda Henckes, 13 anos, é uma forma de se expressar por meio da arte. Ela já fez duas camisetas coloridas, com tutoriais da internet. “Conheci essa tendência pelas redes sociais e ali tem diversas dicas para fazer, então comprei o material e me arrisquei”, conta.

Com tintas de tecido das cores verde, azul, roxa, rosa e amarela, ela escolheu um dia ensolarado para criar sua estampa. “Era um dia que eu estava desanimada, coloquei uma música e comecei a fazer. Foi muito bom, fiquei bem melhor”, destaca a adolescente, que define a atividade como relaxante.

“Me orgulhei da minha tie-dye, porque me propus a fazer algo diferente, fiz e deu certo.”

MARIA EDUARDA HENCKES – Estudante

Duda colocou a criatividade em prática e customizou a própria camiseta
Duda colocou a criatividade em prática e customizou a própria camiseta (Foto: Eduarda Wenzel/ Folha do Mate)

Por ser uma forma de terapia, Duda acredita que as camisetas customizadas e coloridas estão
sendo mais valorizadas durante a pandemia. “É um escape para os jovens saírem de mundo virtual, por um tempo.” Além disso, ela lembra que já era moda em outros anos. “Acho que agora tá sendo mais evidenciada por questões das redes sociais e do próprio isolamento social, porque, no momento do tédio, pensamos em coisas ruins e fazer a tie-dye ajuda a entreter a mente”, afirma.

Os amigos da guria já customizaram roupas, mas ainda não nessa tendência. “Pelo que converso com eles, pelas redes sociais, não fizeram ainda, mas alguns já compraram algo do estilo.”

Além de confeccionar a própria camiseta tie-dye, Duda fez uma para sua mãe, e a sua avó quer uma também. “Não tem idade para usar, só que os jovens se arriscam mais em fazer”, considera.

 

    

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