A evolução e os novos desafios de Gean Bohn

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Correndo e sorrindo, Gean Benno Bohn, hoje com 3 anos, estampou a capa da Folha do Mate no início de outubro de 2019. Na época, o jornal repercutiu a grande notícia para a família e amigos: um doador compatível para o transplante de medula óssea.

O procedimento, realizado em novembro, marcou o grande passo do menino, que já se tratava contra a leucemia desde agosto de 2018, quando tinha apenas um ano e quatro meses. Passados 10 meses do transplante, Gean já pode ser considerado curado, mas o desafios seguem. “De certa forma sim, ele está curado. Sabemos que a doença pode voltar algum dia, mas rezamos para que nunca mais volte”, relatou a mãe dele, Gabrielle Borba Gonçalves, 24 anos.

Ainda segundo ela, a medula começou a ‘funcionar sozinha’. “Apesar da imunidade e as plaquetas ainda variarem bastante, subindo e descendo, ele consegue se manter dentro do padrão esperado.”

Na prática, Gean não precisa mais receber um coquetel de remédios e a lista de medicamentos caiu consideravelmente. Atualmente, ele precisa de um imunossupressor para o fígado, algumas vitaminas, antibióticos para evitar infecções e um antibiótico para ajudar na proteção do estômago, devido a medicamentos mais fortes. Há alguns meses, ele precisava de remédios de hora em hora e a única folga acontecia durante as madrugadas.

Susto

Durante o período de acompanhamento pós transplante, ainda em março, houve um momento de grande apreensão. Suscetível devido à baixa imunidade, Gean teve febre e a infecção generalizou. Com isso, acabou internado na UTI pediátrica onde ficou oito dias. Depois, foram mais 46 dias no quarto. “Felizmente se recuperou bem, sem nenhuma sequela”, comemorou a mãe.

Consultas

Atualmente, Gean pode ficar em casa, em Centro Linha Brasil, interior de Venâncio Aires. Geralmente as consultas são semanais, dependendo sempre dos resultados dos exames de sangue, feitos a cada ida a Porto Alegre. O tratamento segue no Hospital Dia, que funciona junto ao Hospital de Clínicas, na capital.

Ao todo, foram 146 dias em Porto Alegre entre a internação do transplante até a alta definitiva para voltar a Venâncio.

Recomeço

  • Se por um lado o tratamento pós transplante evolui bem, dois fatores simples para muitos terão de ser começados praticamente do ‘zero’: a alimentação e a fala. “Acreditamos que ele sofreu um trauma devido às quimioterapias mudarem o paladar”, revelou Gabrielle Borba Gonçalves.
  • Com isso, a reintrodução alimentar precisa ser gradual, com alimentos esmagados, igual ao processo com bebês. Hoje, Gean já come caldo de feijão e legumes. Na mamadeira, toma a mesma fórmula da sonda, mas menos concentrada, assim como frutas, que são batidas. O iogurte, que ele tanto gostava antes do transplante, segue na dieta.
  • “Ele está com bastante energia e está a voltando a ser uma criança normal. Começou a crescer também, mas não está falando. Entende tudo, mas não fala. Cada criança tem seu desenvolvimento, mas teremos que fazer um acompanhamento com a fonoaudióloga para ajudar.”

Agradecimento

Desde o início, não houve custos maiores com medicação e todo o tratamento é pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas os tempos na capital resultaram em despesas e a família recebeu ajuda de amigos, que organizaram ações beneficentes. “Tivemos ajuda de muitas pessoas, antes e depois do transplante, e temos que agradecer muito a cada uma”, destacou Gabrielle.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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