Dá para ver nos olhos dele a realização por ser Papai Noel e alegrar a vida das pessoas a cada fim de ano. A função de Bom Velhinho é desempenhada pelo morador de Mato Leitão, Claudiomiro Luís da Silva, 52 anos, o Claudio, há 15 anos. Tudo começou quando uma irmã do agricultor viu um anúncio no jornal, sobre uma empresa de Venâncio Aires que estava procurando por um Papai Noel.
Como ele cumpria dois requisitos muito importantes para o cargo – tinha uma barba grande e gostava de crianças – ela logo o aconselhou a se candidatar ao posto. O palpite deu certo. A inscrição foi feita pela manhã e à tarde ele já foi chamado para interpretar um dos personagens mais queridos do Natal. Desde então, o morador de Vila Santo Antônio participa de diversas atividades natalinas, em especial na Capital Nacional do Chimarrão e na Cidade das Orquídeas.
Ele lembra, que antes disso, já tinha vivido o espírito natalino como Papai Noel em uma brincadeira feita na adolescência. “Quando tinha 17 anos, eu e meu irmão fizemos uma máscara de papelão, colamos algodão e saímos aqui pela Vila Santo Antônio. A criançada vibrava, mas alguns também tinham medo”, recorda.
Para ele, que antes mesmo de completar 40 anos já era Papai Noel, interpretar esse personagem foi transformador. “O Papai Noel mudou da noite para o dia a minha vida. Só me trouxe coisas boas. O que me deixa mais feliz é quando eu agrado as pessoas”, relata. Ele ainda conta que ser o Bom Velhinho possibilita ser dois em um só. “Representa que eu sou outra pessoa. Parece que eu me transformo.”
“Eu entro no personagem do Papai Noel. Sempre foi assim, é uma sensação muito boa. Sou meio tímido, mas aí acaba a timidez e eu fico com todo o fôlego para gritar e brincar com as crianças, principalmente quando elas vêm me abraçar e eu sinto a pulsação do coraçãozinho delas. Meu Deus, isso não existe dinheiro que pague. Eu fico mais contente por fazer elas felizes.”
CLAUDIOMIRO DA SILVA – Papai Noel
No município, em especial na localidade onde vive com a família, ser o Bom Velhinho também se tornou uma marca. “Meu nome completo é difícil alguém saber. Qualquer referência é o Papai Noel.” Para Silva, ser esse personagem tão importante significa alegria, principalmente por fazer a felicidade dos outros. “Meu público não tem idade, vai desde o mais novo até o mais idoso”, acrescenta.
Neste ano, o Papai Noel de Mato Leitão está realizando a entrega de presentes para 800 crianças de até 11 anos, em casa. De trenó, o Bom Velhinho percorre roteiros pelas localidades do município para ir ao encontro das crianças. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes.
“O Papai Noel deixa para as crianças a mensagem de que elas sigam o caminho certo, o caminho de Deus. Quero um futuro limpo para elas, de amor, de carinho e de paz. Que elas saiam do mundo virtual e recaiam no mundo normal.”
CLAUDIOMIRO DA SILVA – Papai Noel
Curiosidades
- Desde jovem, Claudiomiro da Silva gosta de ter a barba grande. “Fazia ela no máximo três vezes por ano”, conta. Houve uma época, inclusive, que ele ficou cerca de três anos sem mexer nela. Por isso, sempre priorizou ter a barba natural como Papai Noel. “Acho que isso também aproxima as crianças de mim”, observa.
- Quando ele começou a ser Papai Noel, apesar da barba já estar grande, havia outra dificuldade: ela era castanha e não branca, como deveria ser a do Bom Velhinho. Para resolver isso, ele procurou diversos profissionais, mas nenhum quis clareá-la, com medo de lhe causar alguma alergia ou machucá-lo. “Nos primeiros dias usei barba postiça em cima da natural, mas as crianças percebiam”, recorda.
- Já preocupado com a situação, Silva resolveu, com a ajuda das filhas e da esposa, descolorir a barba em casa. Não foi um processo fácil, mas funcionou. Contudo, o Papai Noel revela que todos os anos ainda precisa usar um pouco de descolorante na barba e no cabelo. “Mas acho que esse foi o último ano.” Isso porque, a barba ainda nasce um pouco ruiva, mas já bem mais clara do que das outras vezes.
- O Papai Noel ainda conta que faz a barba uma vez ao ano, normalmente logo depois do Natal. Quando isso acontece, o estranhamento é geral entre quem o conhece.
Livro
Com a ajuda da família, Claudiomiro da Silva lançou uma vaquinha on-line com o objetivo de arrecadar valores para escrever e lançar um livro, no qual contará histórias de vida e experiências vividas como Papai Noel, no Natal. Quem tiver interesse em ajudar pode fazer a doação por meio da vaquinha ‘Ajudando o Papai Noel a escrever um livro’.
