Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é que sejam colhidos quase 135 milhões de toneladas de soja na safra 2020-2021, o que representa um aumento de 7,7% em relação à safra 2019-2020, que foi de quase 125 milhões de toneladas.
Na Universidade do Vale do Taquari – Univates uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) é realizada com o objetivo de selecionar proteínas específicas de um ácaro considerado praga para as plantações de soja. A ideia, com isso, é identificar novos compostos com atividade acaricida, de preferência compostos naturais, que sejam seletivos e ajam apenas no ácaro praga, e não no seu hospedeiro, ou seja, sem prejudicar a planta de soja. Assim, o acaricida agiria nas proteínas, inibindo sua ação e, consequentemente, provocando a morte do ácaro.
O professor Luis Fernando Saraiva Macedo Timmers explica que selecionar as proteínas é possível por meio da bioinformática, uma área da ciência que usa técnicas computacionais para o estudo de dados biológicos. Isso permite que uma vasta quantidade de dados seja analisada de forma rápida e confiável, e ainda com custo muito menor. “Com a bioinformática podemos comparar os genomas de diferentes organismos, no nosso caso, de ácaro, humano, soja e abelha, e selecionar as proteínas que são específicas do ácaro. Posteriormente, procuramos por compostos capazes de inibir essas proteínas, o que teria um efeito acaricida”, relata.
Segundo o professor Raul Antonio Sperotto, “até o momento, em torno de 10 proteínas específicas do ácaro já foram identificadas, e atualmente está sendo testada a capacidade de inibição de alguns compostos naturais”. O professor acrescenta que da mesma forma que não prejudicaria a planta da soja, o acaricida não prejudicaria o homem, que consome o grão, e as abelhas, que são um importante indicador de controle ambiental.
Integrantes da pesquisa
Além dos professores Luis Fernando Saraiva Macedo Timmers e Raul Sperotto, participam da pesquisa a bolsista de iniciação científica Camila Rockenbach da Silva, aluna do curso de Ciências Biológicas, que trabalha no processo de expressão e purificação de uma das proteínas em estudo; e a mestranda Kettlin Ruffatto, do PPGBiotec, que realiza os estudos de interação das proteínas com os compostos mais promissores. A pesquisa também conta com a colaboração do pesquisador Maksymilian Chruszcz, do Departamento de Química e Bioquímica da University of South Carolina, EUA.