A tradição de presentear uma pessoa surgiu na religiosidade, pois ela é um dos elementos que ajuda a caracterizar a forma de estar no mundo dos grupos humanos. Professor de História da Universidade do Vale do Taquari (Univates), mestre em Patrimônio Cultural e doutorando em Ambiente e Desenvolvimento, Sérgio Nunes Lopes destaca que a sociedade ocidental tem entre os seus traços identitários as narrativas alusivas ao nascimento de Jesus Cristo. “Está na narrativa daqueles episódios a visita dos magos com presentes endereçados à criança. A teologia e seus exegetas estudam os símbolos de cada um dos presentes oferecidos”, observa.
O professor afirma que a cultura, por ser um conceito dinâmico, ressignifica o ato de presentear e o sentido dos objetos oferecidos como presente. “Atribui-se ao Natal a festa familiar, mas em muitos casos reduz-se o conceito de família àquilo que era a família de Nazaré. O ato de presentear mantém-se muito mais vinculado aos apelos comerciais do que aos eventuais significados estudados pela teologia”, completa.
No Natal de um ano atípico, as formas de presentear serão diferenciadas. Lopes observa que o ato de presentear vai depender da questão econômica vivida pelas família. “Em alguns estratos econômicos da sociedade, a troca de presentes será ainda menor por conta da perda do emprego. Aqueles que se mantiveram empregados ou têm uma situação financeira estabelecida podem concretizar a suposta inclinação de gastar mais neste período”, reflete.