Há cerca de um mês, as propagandas dos supermercados começaram a dar espaço para produtos natalinos, como panetones, espumantes, aves, frutas cristalizadas e caixas de bombons. Para a data, os estabelecimentos se prepararam alguns meses antes, com estoque e variedades em marcas.
Para a proprietária do Supermercado Tutt’ Itália, Simoni Daniela Teixeira, o mês é de aumento nas vendas e também de muito trabalho no estabelecimento. Ela explica que ao longo do ano não oferece tanta diversidade em marcas de espumantes, panetones e aves, mas para Natal aumenta a exposição destes produtos. “Diminuo o espaço nas prateleiras para outros itens, que não são tão procurados nesta época, e aumento o estoque dos produtos natalinos. Um exemplo é o vinho, que tem um expositor cheio no inverno e pouco espumante, e no verão é o contrário”, explica.
Com expectativa de uma semana movimentada, Simoni comenta que percebe aumento nas vendas de todos itens que compõe a ceia de Natal. Mesmo que a carne tenha o maior impacto no bolso, segundo ela, “este é o produto mais comprado nessas últimas semanas. Está tendo uma grande procura pelo açougue”, expõe.
Ela destaca que a procura pelos doces da padaria também aumentaram. “Tem muitos pedidos de tortas e rocamboles, por isso nos organizamos com encomendas adiantadas e vamos fazer algumas unidades para ter na véspera”, observa. Segundo ela, as pessoas costumam deixar para última hora, por isso a expectativa é de muitas vendas na véspera do Natal, no dia 24.
Melhor época para o ramo
Na rede de Supermercados Lenz, o comprador Roderlei Lenz afirma que dezembro é o melhor mês do ano para as vendas. Mesmo que alguns itens tenham sofrido aumento de preço, comparado ao ano passado, os clientes continuam consumindo, pois são datas especiais. “Temos expectativa de um acréscimo de 10% nas vendas em relação ao ano passado”, projeta.
Sobre os preços, ele observa que os panetones tiveram acréscimo de cerca de 8% , mas também já percebe aumento de 5% nas vendas, até o momento. Embora haja um acréscimo de 10% no preço das espumantes, a procura pelo produto cresceu, em média, 30%. As aves e perus, segundo ele, tiveram um aumento de 15% no valor, e as vendas estão semelhantes ao ano passado. Em resumo, praticamente todos produtos tiveram reajustes.
Aumento no ‘bolso’
Na tarde de ontem, 21, as aposentadas Lorena Machado da Silva, 67 anos, e Nadia Ferreira, 64 anos, anteciparam as compras para a ceia natalina. Juntas, compraram pães, chocolates e ameixas secas, mas pretendem voltar mais perto do Natal para finalizar as compras. “Neste ano vamos comprar menos coisas, pois estaremos entre menos pessoas e os itens estão caros”, cita Nadia.
Lorena olhou os preços dos itens que precisa, mas lamenta que tudo está caro. “Cinquenta reais não dá mais para comprar nada no mercado e parece que nesta época os preços aumentam”, lamenta. Ela também considera que os perus estão com valor elevado e por isso neste ano optará por chester. “Em outros anos já fizemos peru na ceia, mas atualmente é melhor optar pelo mais barato”, conclui.
Arroz é o item que mais aumentou da ceia de Natal
A pesquisa realizada nos últimos 12 meses pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas mostra que entre os itens da ceia de Natal, como pernil de porco, aves, batata-inglesa, cebola, ovos, azeite, sucos de fruta e refrigerantes, e outros mais consumidos nesta época, o que mais aumentou em comparação ao Natal do ano passado foi o arroz, que teve aumento de 62%, seguido do pernil, que subiu 30,55% e do lombo suíno que aumentou 20,14%.
A instituição afirma que além da alta no dólar, que resulta no aumento dos produtos em geral, a falta do produto no mercado interno também refletiu no aumento de valor, pela lei da oferta e procura.
Confira os itens apurados pela FGV-IBRE
Item porcentagem de aumento comprado a mesma época de 2019
Arroz 62,08%
Batata-inglesa 10,67%
Cebola -15,70%
Frutas 14,99%
Bolo pronto 3,53%
Frango inteiro 14,51%
Ovos 14,21%
Lombo suíno 20,14%
Pernil suíno 30,55%
Bacalhau 10,00%
Azeite 9,72%
Azeitona em conserva 13,29%
Refrigerantes e água mineral 3,73%
Sucos de fruta 3,37%
Refresco de fruta em pó -0,12%
Vinho 3,94%
Agas
A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) confirmou que neste ano não fará a pesquisa de preço referente aos produtos da ceia de Natal, pois o momento atual que o mercado financeiro vive, não é o ideal. Mesmo sem um levantamento específico, a entidade informa que as aves e carnes suínas sofreram acréscimo de cerca de 20%, mas o restante segue semelhante ao ano passado, ou com pequenos aumentos.