A estudante do 4º ano do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), Ana Júlia Barden, 18 anos, tem como rotina estudar diariamente para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A jovem que está com aulas remotas, lamenta que por conta da pandemia não conseguiu aproveitar mais para estudar, pois para ela, na sala de aula seria mais fácil se concentrar. “Nas aulas estudamos mais redações e os professores pedem mais esforço para vestibular. Em casa eu estudo uma hora por dia para o exame, mas não é a mesma coisa”, lamenta.
No último ano, Ana fez o Enem para treinar. Como as matérias de química e física são as que ela teve menor nota, por isso, estuda mais essas questões. “Queria ter me dedicado mais para redações, mas acabei deixando de lado. Agora com o curso do IFSul, eu estou escrevendo mais e pedindo para as professoras corrigirem”, conta.
Ela vai fazer o Enem no próximo mês, e desde o início das inscrições optou por fazer a prova presencial. “É menos cansativo fazer o Enem presencial, pois passar a tarde no computador lendo é muito ruim e mais fácil de errar”, pontua.
Ainda indecisa pelo curso que vai fazer, Ana pretende fazer o Enem em janeiro, mas deixar outros vestibulares para o meio do ano, assim projeta entrar na universidade no segundo semestre. “São áreas bem distintas que tenho como opções, Ciências Contábeis, Estética e Cosmética e Relações Internacionais”, expõe a menina que espera tirar uma bota nota no Enem para ingressar na faculdade.
CURSO
Ana participou do curso on-line de preparação para o Enem, oferecido pelo IFSul. A professora de Língua Portuguesa e doutora em Letras, Joseline Tatiana Both, foi coordenadora do curso. Ela explica que vários docentes ajudaram nos estudos das áreas que são aplicadas na prova -Linguagens, Humanas, Ciências da Natureza e Matemática. “Em outros anos os professores ofereciam aulas complementares em turnos opostos, mas como não podíamos fazer isso, dessa vez foram aulas virtuais”, explica Joseline.
Nas aulas, os alunos puderam conversar com os professores, trocar ideias entre colegas e também praticar os conhecimentos. “Foi um projeto para todos estudantes de 3º ano ou 4º ano. Era aberto ao público, com preferência para estudantes de escolas públicas.”
A professora enfatiza que em um ano tão atípico como este, as dificuldades e desigualdades foram ainda maiores por causa do acesso às aulas virtuais e conhecimento da tecnologia, por isso tentam oferecer mais momentos para os alunos se dedicarem aos estudos. “A instituição pública tem como pauta importante a inclusão, esse é um dos motivos pelo qual consideramos o curso de preparação para o Enem. Mas também pode ser entendido como uma ferramenta a mais para ler melhor, interpretar – habilidades necessárias não só no Enem. Enfim, é uma maneira de, ao menos, ajudar a minimizar prejuízos pedagógicos deste ano letivo”, finaliza.
“Fico ansiosa para o Enem, pois já fiz ano passado para treinar. Porém, mesmo com a pandemia, nunca pensei em deixar de fazer, porque é uma prova que possibilita ingressar em diversas universidades.”
ANA JÚLIA BARDEN
Estudante
Apoio escolar é fundamental
No Colégio Gaspar Silveira Martins, a preparação para o Enem começa no ensino médio e se intensifica no último ano. Conforme o diretor Tiago Becker, os estudantes fazem simulação da prova para se acostumarem com o estilo da prova, mas não existe uma preparação específica para a prova. “A prova é, no fundo, a expressão do resultado da aprendizagem ao longo de vários anos.”
Por conta da pandemia, ele comenta que neste ano os alunos tiveram que procurar mais formas de estudar e observou que na internet tem muito conteúdo bom. “As aulas remotas foram muito bem aproveitadas por esse grupo. Todavia, não podemos esquecer que a imprevisibilidade gerada pela pandemia gerou muita insegurança nos estudantes”, observa.
O retorno das aulas já aconteceu no colégio. Becker explica que o 3º ano estava no primeiro grupo para voltar à sala de aula, pois estavam finalizando a etapa da Educação Básica. “Existe não somente uma preocupação com Enem e vestibulares, mas também todo um sentimento de estar deixando a escola, porque é um local onde todos estiveram por mais de 12 anos, construíram relações, participaram de eventos, tiveram suas principais amizades”, destaca o diretor.
Dicas
Tiago Becker ressalta que não tem como estudar tudo o que vai cair no exame, mas é importante focar nas revisões. E no dia anterior da prova ele aconselha a descansar e ter uma boa alimentação. “O importante é não perder a concentração”, conclui.
249.137 mil
pessoas farão o exame no Rio Grande do Sul. Destes, 245.878 mil farão a prova de forma impressa e 3.259 mil da forma digital.
- O módulo digital do Enem será aplicado nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro.