“Ensino pleno só ocorre na presença”, destaca delegado regional do Sinepe

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A obrigatoriedade da presença de estudantes nas escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul em 2021 está na pauta do Governo do Estado. O pedido partiu do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe) e é avaliado pelo Gabinete de Crise do Piratini.

A proposta do sindicato é que essa obrigação não seja diária, nem na totalidade. O modelo sugerido é o ensino híbrido, com as turmas divididas e cada grupo frequentando a escola durante semanas intercaladas. Esse formato já é adotado em muitos instituições, mas, como não é uma imposição, algumas famílias optam por manter os filhos em casa, com o aprendizado totalmente remoto.

“Essa proposta merece ser analisada, porque seria um ganho para o aluno e uma motivação para as famílias”, destacou o delegado regional do Sinepe, Nestor Raschen. Ainda, conforme ele, a ideia também está embasada no que a própria legislação brasileira diz, de que as crianças devem estar na escola entre os 4 e 17 anos.

O representante do Sinepe entende que os estudantes já passaram muito tempo fora da escola e que precisam do convívio. “O remoto funciona, mas o ensino pleno só ocorre na presença, no coletivo. O que não pode é essa geração ficar marcada por uma perda educacional.”

Segurança

Nestor Raschen ressaltou que os últimos meses de 2020 foram de organização da vida escolar e um ‘tempo de experiência’ em meio à pandemia. “Adquirimos experiência e com todos os cuidados sanitários pensando na saúde, é possível favorecer convívio. Claro que se acompanham todos os protocolos e atenção às bandeiras. E vamos torcer para que não haja piora nos números.”

Embora considere que o retorno presencial deve ser exigido, o Sinepe já havia ponderado que estudantes e professores que fazem parte dos grupos de risco seriam a exceção. “Nossa função é oferecer as melhores condições para o aluno estudar, com segurança e sem prejuízos na aprendizagem”, concluiu Raschen.

Secretaria de Estado

Se depender do secretário de Educação do Rio Grande do Sul, Faisal Karam, a presença dos alunos será exigida. Para ele, isso é fundamental para recuperar o conteúdo não aprendido em 2020. Ele destacou que o Brasil é o país onde as aulas presenciais foram suspensas por mais tempo e que o ensino 100% remoto, apesar de atenuar prejuízos, ainda assim traz problemas na aprendizagem.

Escolas particulares

Bom Jesus – O formato proposto pelo Sinepe já é adotado no Colégio Bom Jesus, uma das três instituições privadas de Venâncio Aires. Em 2020, a escola fez essa organização: 50% da capacidade em cada semana em paralelo com o ensino remoto.

Segundo a diretora, Inês Schwertner, esse é o modelo que deve ser adotado em 2021, a partir do dia 18 de fevereiro, quando os cerca de 360 alunos matriculados iniciam o ano letivo. “A maioria dos alunos se adaptou bem, mas como estamos em um momento crítico da pandemia, entendo que a decisão ainda deve ser da família”, avalia Inês.

Gaspar – O Colégio Gaspar Silveira Martins, o primeiro do município que retornou com todos os níveis em 2020, iniciará o ano letivo no dia 22 de fevereiro. O diretor Tiago Becker não antecipou mais informações, mas disse que o formato das aulas dos 650 alunos matriculados para 2021 pode ser alterado. “Tentaremos um formato diferente, que permita o máximo de presencialidade. Mas vamos esperar as novas determinações do Estado para definir.”

Ainda, conforme Becker, com o ensino híbrido no ano passado, nos momentos de atividades na escola, houve mais de 90% de presença dos estudantes.

Sobre a proposta do Sinepe, o diretor do Gaspar diz que é uma questão delicada de avaliar. “Sabemos da importância do aluno na escola, mas a pandemia segue e há grupos de risco que precisam ser respeitados. Acho que é muito mais uma questão de confiar na escola, que é um ambiente que respeita todas as medidas e hoje se pode dizer que é seguro.”

Oliveira – Das três instituições privadas de Venâncio, o Colégio Oliveira vai voltar com a totalidade dos alunos e aulas presenciais todos os dias. A possibilidade acontece porque estão previstos 200 estudantes em 2021, cerca da metade da capacidade máxima.

Além disso, segundo o diretor Jair Freitag, o colégio tem estrutura para oferecer esse formato. “Temos muito espaço físico, salas disponíveis, o que nos permite manter o distanciamento. Então isso não é uma preocupação.”

Ainda conforme Freitag, a maioria dos pais manifestou o desejo pela volta das aulas presenciais. Independente disso, o ensino híbrido será mantido para os estudantes que ficarem em casa por opção das famílias. As aulas no Oliveira começam dia 22 de fevereiro.

Rede estadual

Na escolas estaduais, as aulas em formato presencial voltam, em formado híbrido, em 8 de março para estudantes do 1º ao 5º ano (anos iniciais), 11 de março para 6º ao 9º ano (anos finais) e em 15 de março para Ensino Médio e Técnico.

Essas datas, segundo o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, foram pensadas para acompanhar o calendário da rede municipal, para que haja conformidade no transporte escolar.

Sobre a proposta do Sinepe, Moura diz que o assunto já era levantado por famílias e professores da rede estadual. “Desde o ano passado muitos questionavam se já não deveria ser assim.”

Na opinião do coordenador da 6ª CRE, de nada adiantaria as escolas se organizarem para o ensino presencial se continuar a opção de não ir. “Acho que agora já se tem conhecimento pedagógico e administrativo para lidar com o ensino e as questões pandêmicas. As escolas estão com uma estrutura melhor para fazer esse gerenciamento e atender na plenitude.”

Rede municipal

Na rede municipal de Venâncio, as Escolas de Educação Infantil (Emeis) iniciaram o ano letivo no dia 18 de janeiro, com turmas divididas, cada grupo uma semana na escola. Cabe às famílias decidir pela presença dos filhos. A previsão é de retorno das instituições de Ensino Fundamental no dia 1º de março.

Sobre a obrigatoriedade que está em análise pelo Piratini, o secretário de Educação, Émerson Henrique, não quis se manifestar ainda. “Por enquanto, são apenas reflexões sobre possibilidades.” Segundo ele, nesta quinta, 4, haverá uma reunião on-line com o Estado para discutir o assunto.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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