O que a princípio era para ser mais um acidente de trânsito na área central de Venâncio, pode parar no Tribunal do Júri. Esta semana, o delegado Felipe Staub Cano concluiu e encaminhou ao Poder Judiciário um fato que aconteceu na madrugada do dia 1º de setembro de 2014. No despacho, o delegado indiciou um dos envolvidos por homicídio qualificado tentado, por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima.
O caso se arrastou por mais se seis anos, por conta das perícias e a busca por testemunhas. O acidente que envolveu Alexandre Sidnei de Borba, hoje com 40 anos, aconteceu por volta das 2h, na rua General Osório, no Centro. Ele conduzia uma moto Honda CBX Twister, que foi atingida na traseira por uma VW Parati. Após a queda, o automóvel teria dado marcha ré e passado novamente sobre o corpo do motociclista.
Ferido, Borba foi socorrido e permaneceu dez dias hospitalizado, inclusive na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele sofreu traumatismo craniano, fraturou duas costelas e teve perfuração de pulmão. “E ficou com sequelas”, observou o delegado Cano. O condutor da Parati fugiu do local, mas a placa da frente do carro se desprendeu e ajudou a Polícia Civil a encontrar o veículo e o seu condutor.
O delegado Cano e agentes do Setor de Investigações encontraram a Parati (que estava com a parte frontal amassada) e a apreenderam, para que fosse periciada. “Mas, naquela oportunidade, não havia ninguém no local onde o carro estava guardado”, explicou o titular da DP.
Investigações
Depois de apreender a Parati, os agentes encontraram a pessoa que a conduzia. O homem – que hoje tem 43 anos – declarou que ele, sua companheira e outras duas pessoas estavam no antigo Bailão do Beiçudo, no bairro Santa Tecla, e que ao sair do local, quase foi atropelado por uma motocicleta. Inclusive, disse em depoimento que identificou o condutor da moto. “E ele me disse que amassaria meu carro, colocaria fogo e depois me mataria”, declarou o suspeito.
Durante as investigações, os agentes descobriram que Borba e o homem de 43 anos discutiram e brigaram dentro do salão. O que aconteceu posteriormente era o que precisava ser esclarecido.
E tudo ficou claro com o depoimento de uma testemunha. Ela declarou que viu quando a moto passou na rua General Osório, trafegando em velocidade normal. Logo atrás veio a Parati, que segundo a testemunha, estava em alta velocidade.
Quando os veículos se aproximaram de um quebra-molas, a moto reduziu e foi atingida na traseira. “Então o carro passou sobre o corpo da vítima e, depois, segundo a testemunha, deu marcha ré e passou novamente sobre o motociclista”, revelou Cano.
Para o delegado, está claro que o condutor da Parati tinha a intenção de matar o motociclista. “No mínimo ele assumiu o risco de matar”, mencionou. Por isso, o homem de 43 anos foi indiciado e pode ir a júri popular. “Se o Ministério Público encaminhar a denúncia conforme o inquérito, o caso vai a júri”, revelou Cano.
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