Nos últimos dias, diversos profissionais que atuam na linha de frente contra a Covid-19 em Venâncio Aires têm observado mudanças no comportamento do vírus. Uma das que mais tem preocupado é a gravidade de casos em pacientes jovens e sem doenças crônicas. “Alguma coisa está mudando. Não parece ser o mesmo coronavírus”, considera o médico Guilherme Fürst Neto, diretor técnico do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
De acordo com ele, diferentemente do que acontecia até então, grande parte dos casos que têm chegado ao hospital é de pessoas jovens. Ele cita, inclusive, o caso de uma paciente de 41 anos, sem comorbidades, que precisou de UTI por estar com 80% do pulmão comprometido. “Aquela ideia de que apenas idosos são grupo de risco não existe mais. Acho que é alguma variante, alguma coisa está mudando”, acredita.
Na semana passada, a médica infectologista Sandra Knudsen e a enfermeira Carla Lili Müller, da Vigilância Epidemiológica, também citaram alterações que estão sendo percebidas. Além do aumento de casos graves em pacientes jovens, elas ressaltaram que se nota uma maior taxa de transmissibilidade do vírus e sintomas como dor abdominal e diarreia, além dos já conhecidos, como febre, tosse e dor no corpo.
Variante P1
No dia 12, o Rio Grande do Sul registrou o primeiro caso da variante P1 da Covid-19, na Serra. Essa cepa do vírus, identificada em Manaus, no início de janeiro, está associada a uma maior capacidade de transmissão do vírus.
Embora existam centenas de variantes do coronavírus já identificadas no mundo, a variante brasileira P1 tem mutações que tornam o coronavírus mais contagioso e também mais resistente a anticorpos da doença, o que pode aumentar o número de casos inclusive entre as pessoas que já se recuperaram da covid-19.
Casos de reinfecção são investigados
Três casos de reinfecção pelo coronavírus, em Venâncio Aires, estão sendo estudados. Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, em torno de 30 casos de reinfecção já chegaram ao conhecimento do setor. No entanto, para que eles sejam analisados e possa-se identificar se há alguma diferença no vírus, é necessário que, mas duas situações, o diagnóstico tenha ocorrido por teste PCR. “O PCR é o único teste que possibilita investigar a reinfecção. Temos esses três casos que foram identificados por PCR nas duas vezes. O Estado fará o sequenciamento genético e será possível saber se houver alguma alteração no vírus”, explica.