Depois de fechar o Pronto Atendimento, na segunda-feira, 22, na última medida do plano de contingenciamento para atender pacientes graves com Covid-19, o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) trabalha em mais uma reestruturação para conseguir acomodar pacientes que dependem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A sala de recuperação do bloco cirúrgico deve ser utilizada para instalação de cinco leitos de UTI. A medida foi tratada, ontem, em reunião da casa de saúde com a Prefeitura. Para que isso se efetive, no entanto, o Município busca, junto à 13ª Coordenadoria Regional de Saúde e ao Governo do Estado, cinco respiradores de transporte e 15 bombas de infusão – aparelhos utilizados para injetar medicamentos e monitorar sinais vitais, como a pressão arterial. Mais médicos também precisarão ser contratados pelo hospital.
“O último estágio previsto no nosso plano era ocupar a Emergência, mas o número de pacientes graves não para de aumentar e não temos para onde transferir essas pessoas. Os hospitais da região estão fazendo a mesma coisa, todas as UTIs estão lotadas.”
GUILHERME FÜRST NETO – diretor técnico do HSSM
Desde o início da pandemia, no ano passado, profissionais têm alertado sobre o risco de o sistema de saúde não conseguir comportar a demanda. Na última semana, com a superlotação da Unidade de Terapia Intensiva, a direção do HSSM tem se desdobrado para encontrar formas de criar novos leitos e evitar que mortes ocorram pela falta de estrutura adequada. “Estamos nos preparando para uma piora dos casos. É uma medida que estamos fazendo especificamente para acomodar pacientes daqui, pois não temos mais onde buscar socorro. Todos os hospitais estão lotados”, enfatiza o diretor técnico.
Entenda como será a reestruturação
Além de dez leitos disponíveis na UTI normal, o hospital conta com oito leitos de UTI específicos para Covid-19 – todos ocupados. Desde segunda-feira, outros quatro leitos estão disponíveis na área da Emergência, de forma improvisada. No fim da tarde de ontem, dois deles estavam ocupados e novos pacientes seriam direcionados para o setor. “No total, já temos 20 pacientes em leitos de UTI e uns cinco pacientes aguardando. Quando abrirmos novos leitos, eles logo serão ocupados”, explica Fürst.
Ele esclarece que, apesar de estarem em um espaço improvisado, onde antes funcionavam as salas de consulta, aplicação de injeções e nebulização da Emergência, os leitos têm todos os equipamentos e monitoramento de UTI, assim como ocorrerá na sala de recuperação. “É uma improvisação, mas com tudo o que se oferece na UTI.”
O que se pretende, com a garantia dos respiradores e das bombas de infusão, é transferir os leitos para a sala de recuperação, consolidando a terceira UTI em uma sala mais adequada, que dispõe de tubulação de oxigênio para abastecer os leitos. Assim, serão 23 leitos disponíveis. Além disso, os quatro leitos montados no Pronto Atendimento devem seguir sendo usados, como uma espécie de semi-UTI. Além das internações em UTI, são em torno de 25 pacientes de Venâncio e dos municípios da microrregião em leitos clínicos.
Com a oferta de cinco novo leitos, na sala de recuperação, e os quatro na Emergência, o hospital vai dobrar a capacidade inicial dos leitos de UTI Covid (oito). Apesar das reestruturações, a casa de saúde não está recebendo mais recursos específicos para manter os novos leitos de UTI.
Plano de contingenciamento
- No início da pandemia, no ano passado, o Hospital São Sebastião Mártir organizou um plano de contingenciamento prevendo as ações de acordo com o avanço da pandemia.
- Em julho, por conta da superlotação com aumento de casos de síndrome gripal, o hospital colocou em prática a penúltima etapa do plano, quando foram suspensas cirurgias eletivas, fechados os leitos de saúde mental e de traumatologia, para realocar recursos humanos e medicamentos para setores essenciais, como UTI, emergência e clínica médica.
- Na época, o diretor técnico havia adiantado que, se a superlotação ocorresse em outro momento e não houvesse mais capacidade, a Emergência seria transformada em UTI.
- Depois de períodos de situação mais ‘tranquila’, o aumento de casos, nas últimas semanas, levou a uma superlotação do hospital, e o fechamento da Emergência ocorreu na segunda-feira, 22.
- No entanto, com a demanda crescente de novos pacientes graves de coronavírus, que necessitam de UTI, estão sendo tomadas medidas extremas para conseguir atendê-los.
- Embora ainda não se projete isso, a única alternativa seria inverter o fluxo e passar a enviar pacientes com menor gravidade para internar em estruturas como a da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), como já acontece em outros municípios.
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